Fate

3 - Finifugal

finifugal
(adj.) odiar finais.
alguém que tenta evitar
ou prolongar os momentos finais de
uma história, um relacionamento
ou alguma outra coisa

No verão de 2014 tudo estava muito agitado. Para começar, eu havia me formado no Ensino Médio e estava indo para Nova Iorque no próximo semestre e isso significava colocar todas as minhas coisas em caixas e me despedir de Southport. Além disso, Dinah havia resolvido trazer duas de suas amigas (Jane e Chole) para passar as férias em nossa casa, de modo que esta agora parecia uma fraternidade com as festas que minha irmã insistia em dar para seus amigos do colegial.

Nós parecíamos estar bem, nas minhas metas para o próximo ano estava ser mais tolerante e paciente (principalmente com Dinah).

Meu progresso estava tão promissor que eu havia até resolvido me bronzear junto com Dinah e suas amigas aquele dia. O sol estava radiante e a praia, agitada e cheia de turistas e jovens aproveitando o verão. Eu estava de bruços sobre a canga sob o guarda-sol lendo o Grande Gatsby enquanto sentia minha pele aquecer. Dinah, ao meu lado estava deitada de costas, fazendo questão de ter seu corpo inteiro sob o sol para ter certeza de que sairia bronzeada (tal como suas amigas).

— Vai acabar virando um camarão — comentei sem tirar os olhos das páginas. Dinah sabia que eu me referia a ela e simplesmente bufou.

— Você também vai ficar desesperada por um pouco de cor quando se mudar para Nova Iorque. Depois de um tempo sua pele fica pálida como um cadáver — retrucou Dinah, mal humorada.

— Além disso — Chloe se envolveu na conversa —, a galera do norte vai morrer inveja de nossos bronzeados. Isso realmente chama a atenção dos rapazes.

Revirei os olhos. Aquela era a última das minhas preocupações.

— Então, Columbia hein? — Jane puxou assunto, virando-se de bruços para queimar suas costas. A olhei através dos óculos escuros. — Você cursando direito, Dinah ciências políticas na UPenn... — ela assobiou, impressionada. — As irmãs Mackenzie são mesmo de ouro!

Engoli à seco, lembrando da alegria da minha mãe quando minha carta de aceitação chegou pelo correio. Ela só faltou bater de porta em porta para avisar a todos que ela teria duas filhas formadas por universidades da Ivy League com bolsas de estudos integrais.  

Apesar de minha mãe amar Southport, ela tinha medo que eu acabasse me contentando com a vida na cidade pequena e não quisesse nunca sair dali para “me tornar alguém”. Algumas pessoas estavam fadadas à vida pacata de Southport, como Emily. Segundo a minha amiga, entretanto, ela ficaria ali apenas para tirar um ano sabático, mas era o que todos diziam. Quando davam por si, entretanto, já tinham um emprego ordinário, uma casa no subúrbio e três filhos para sustentar.

Outras, como Beatrice, haviam nascido para conquistar o mundo além daquela cidadezinha. Ela e o novo namorado, Brian, haviam passado na Berkeley e já embarcaram para a Califórnia logo depois da formatura.

Todos estavam seguindo com suas vidas e saber que aquela fase da minha vida havia acabado me enchia de melancolia.

Suspirei, fechando o livro e o colocando de lado. Apoiei o rosto nas mãos e encarei o mar super-azul à minha frente. Havia um grupo de amigos ali, os reconheci como alguns alunos da Southport High School. Nicole, Josh e outros dos grupos de populares no qual eu nunca me encaixara. Eram, em sua maioria, amigos de Landon.

Como se o destino pudesse ler meus pensamentos, uma silhueta familiar apareceu no meu campo de visão, fazendo meu coração tropeçar uma batida.

Eu não via Landon Floyd há muito tempo. Eu não sabia se ele havia pisado os pés em Southport desde que se mudara para a Austrália, e também não nos falamos mais depois disso. Ele estava mais bronzeado, disso eu tinha certeza. Além disso, também estava muito homem. Uma barba rala sobre seu maxilar marcado, músculos expostos por uma regata soltinha e bermuda. Alguns fios longos e castanhos escapavam pelo seu boné preto virado ao contrário, provando que ele nunca iria realmente cortá-los.