Um mês havia se passado e Gray ainda não sabia o que tinha acontecido. Depois do ocorrido no elevador, ele acordou em uma casa isolada, um pouco longe de Magnólia.
Não viu nenhum sinal de Lucy ou Samantha durante esse tempo. Deu longas caminhadas ao redor, atrás de pistas, mas não encontrou nada.
Naquele dia, estava decidido a voltar para Magnólia, talvez a guilda pudesse ajudá-lo. A esperança de encontrar Lucy bem ainda o dominava, negava-se a acreditar que ela pudesse ter sumido para sempre.
Pegou sua camisa, jogada no meio da casa, e saiu.
Por já ter andado um pouco ao redor, sabia em qual direção seguir para sair dali.
Passou por entre as árvores despreocupadamente, tomando cuidado para não tropeçar nas raízes. Enquanto olhava ao redor, viu uma casa, exatamente igual a que estava.
Estranho, pois quando andou por ali antes, não tinha visto nada. Por mais que quisesse passar direto, algo lhe dizia que deveria entrar ali.
Ignorando o "sinal de alerta" em sua cabeça, o moreno foi até a casa e bateu na porta uma, duas, três vezes. Ninguém respondeu, por isso não achou que teria problema entrar.
A porta trancada não o impediu, apenas pulou a janela ao lado direito da mesma, a qual ele sabia que dava para a cozinha, e entrou.
— Invadir casas é seu passatempo? — ouviu uma voz.
Quando olhou para a entrada, arregalou os olhos. Lucy o olhava determinada, com uma vassoura nas mãos, pronta para atacá-lo.
— Gray! — disse animada, largando o objeto e pulando nos braços do moreno, beijando-o.
— Lucy, você está bem? Aquele maldito machucou você? — perguntou, virando-a a procura de ferimentos.
— Ninguém fez nada comigo, apenas acordei aqui e não consegui sair — respondeu cabisbaixa.
— É só abrir a porta.
— Não consigo, além das janelas terem alguma barreira... Aliás, como entrou?
— Quando entrei não tinha barreira nenhuma.
— Como veio parar aqui? Achei que estivesse sozinha...
— Depois do que aconteceu eu...
— Espera — interrompeu-o. — Aconteceu algo que eu não sei?
— Você não se lembra? — perguntou surpreso.
— Do quê?
— Luzmia.
— Luz... mia... Tenho poucas memórias sobre. Achei que fosse um sonho.
— O que exatamente você lembra?
— Eu me lembro de ter ajudado um homem... Depois eu te ataquei e você me ajudou.
— Só?
— Sim... Tem mais?
— Tem, mas depois te explico. Vamos sair daqui primeiro.
— Nem precisam se esforçar, vou levá-los de volta para casa — Gray ouviu uma voz em sua cabeça e logo a reconheceu.
— Samantha!
— Eu mesma. Infelizmente, sua amada perdeu partes das memórias do ocorrido com a explosão, mas nada que vá influenciar na vida dela.
— Samantha, onde você está?
— Logo você saberá, meu jovem.
— Mas... — não teve tempo de continuar, em poucos segundos ele e Lucy apareceram na cozinha de sua própria casa.
— Ok... Isso foi obra as tal Samantha que você estava tentando conversar?
— Você não ouviu ela?
— Não...
— Eu tenho muito para te contar — riu.
— Certo, mas antes vou para casa ver se ela ainda existe. Depois vou passar na guilda, para avisar que estamos bem.
— Eu te busco na guilda então — sorriu, abrindo a porta para Lucy sair.
— Isso é um encontro?
— O que você acha?
— Acho que vou ter que me arrumar antes de ir para a guilda.
— Você nem precisa se arrumar, Lu — abraçou a loira, beijando sua testa.
— Bom saber — sorriu, retribuindo o abraço.
— Sete horas, pode ser?
— Perfeito. Agora deixa eu ir, senão vou ficar a tarde toda te irritando.
— Eu adoraria. Acho que vou ficar te segurando.
— Gray!
— Ok, então depois eu te seguro.
— Por mim está ótimo — sorriu animada, dando um selinho na bochecha do moreno e se afastando.
— Luzmia me ajudou no final das contas.
Voltando para a cozinha, Gray viu uma carta grudada na porta da geladeira. Não costumava prender coisas ali, por isso soube na hora que alguém tinha colocado a carta quando ele não estava.
Pegando o papel, desdobrou e viu o remetente. Ninguém mais, ninguém menos que Samantha. Ansioso, abriu e leu.
"Caro Gray.
Sei que tem muitas dúvidas e vou respondê-las. Luzmia foi destruída pela explosão, bem como Lérico foi preso em outra dimensão. Felizmente, não fomos atingidos, mas acabamos sendo mandados para lugares diferentes. Isso também aconteceu com os demais magos que ali estavam.
Admito que esperei que você e Lucy se encontrassem para mandá-los de volta para Magnólia, eu queria ver se ela se lembraria de tudo. Pude constatar com isso que nem todos se lembram dos mínimos detalhes.
Atualmente, estou reconstruindo Luzmia da minha maneira e, dessa vez, tudo será feito da forma certa, sem trapaças ou maldades.
Os portais não existem mais, então é quase impossível entrar aqui. Quase...
Serei para sempre muito agradecida pelo que você fez, eu nunca teria conseguido sozinha. Como forma de agradecimento, eu aprendi a manipular o tal veneno dos insetos e descobri que ele ainda está nos seus olhos.
Venham me visitar, seus olhos saberão como entrar em Luzmia. Assim que você ver a paisagem ficar preta e branca, siga em frente, pois esse é o caminho certo. Eu chamo essa sua nova habilidade de Olhar Preto e Branco.
Incrível, não? Use com sabedoria seus olhos e não revele a entrada para qualquer um. Estarei esperando por vocês no futuro.
Ass. Samantha."
— Hum! Preto e branco, né? — olhou ao redor, na esperança de já achar a entrada. — Talvez eu demore um pouco.
Gray não sabia nem por onde começaria a procurar, porém sabia que um dia encontraria a tal entrada e, diferente da última vez, não procuraria Lucy, mas sim, a levaria consigo, como sempre quis.
Sem mais observar, sem mais se esconder. Apenas os dois e um futuro desconhecido, o qual ele estava ansioso para descobrir e viver, ao lado da mulher que ama.
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Muito obrigada para todos os que leram, espero que tenham gostado :3
Costumo deixar finais mais abertos, para os leitores poderem imaginar o que vem depois. Acho isso muito legal.
Nos vemos por aí. Até a próxima!
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Olhar Preto e Branco
FanfictionDeclarar seu amor pela mulher que ama é algo difícil, Gray sentiu na pele essa dificuldade. Parecia que o mundo girava contra um possível relacionamento entre Lucy e ele, porém estava determinado e iria passar essa fase. Infelizmente, ele demorou de...