Ele está vindo na minha direção. Meu coração acelera e minhas pernas tremem. Ele tem grande efeito sobre mim e acabamos de nos conhecer.Como isso é possível? Não sei o que fazer, fico parada enquanto ele anda até mim, tenho a sensação de que se eu tentar andar vou cair. Nunca na vida me senti assim, garotos nunca chamaram minha atenção, mas ele... ele é diferente. Algo nele é diferente.Ele para a dois passos de mim e se vira para Becca.
-Oi gatinha.- ele diz piscando para ela e logo vira o olhar para mim, e finge não notar a presença de Matheus, pelo jeito ele é um galinha - vejo que você trouxe mais uma amiga.- ele fala de mim como se eu não estivesse ali.
-Ah, - ela para de suspirar que nem uma boba e recupera a postura de sempre- sim, é minha melhor amiga, Audrey. E esse é meu melhor amigo, Matheus.- ela diz tentando encaixar Theus na conversa.
- Eai, cara - Calisto é bem simpático com ele, apesar de segundos atrás estar ignorando a presença do mesmo no local.
-Eai. Festa bacana...- ele diz sem jeito com as mãos no bolso.
Calisto nos apresenta à algumas pessoas da festa que me dizem que estudam na nossa escola, eu nunca tinha visto aquelas pessoas na vida, e não me espanto por não conhecer aquela gente, sou praticamente invisível. Mas Becca parece conhecer todos eles, ela sempre foi a mais popular de nós três, mas nunca mudou seu jeito ou nos deixou de lado, nunca, e eu a amava exatamente por isso. Matheus fica sempre ao meu lado, pois sabe que eu também estou deslocada ali.
Logo o garoto de olhos azuis e intensos nos leva aonde alguns adolescentes brincam de jogo da garrafa (digo e repito: brincadeiras da sexta série), estão todos sentados no chão de um quarto com vários posteres na parede, livros e cds em uma estante, acho que é o quarto dele. Nunca estive no quarto de um garoto antes, tirando o do meu amigo de cabelos ruivos, mas não conta. Esse quarto cheira a desodorante e hortelã. Rebecca e Matheus se juntam à roda... o quê? Não acredito que eles vão participar disso.
- O que vocês tão fazendo?- digo ainda perplexa com a ideia.
-A gente vai jogar também, ué.- Matheus fala sem preocupação nenhuma.- Você não vem?
-lógico que não.- digo já emburrada, eu realmente não quero dar meu primeiro beijo em uma brincadeira besta com adolescentes bêbados.
Assim que termino de falar vejo que uma menina solta risinhos de mim com os amigos, Calisto também está rindo junto a eles. Mas que babaca. Agora ele vai ver!
-Quer saber? Acho que vou brincar, sim.- digo já me sentando e encarando a garota sonsa de cabelos loiros. Quem ela pensa que é?
-Você tem certeza?- becca me encara com olhar de preocupação, ela sabe que o máximo que já fiz na vida foi dar uns selinhos em um garoto sardento no oitavo ano.
-Claro que tenho.- digo tentando esconder meu nervosismo e fazendo pose de despreocupada.
A brincadeira começa e a garrafa para apontando para uma garota de cabelos vermelhos e um garoto de cabelos grandes, eles sorriem e se beijam na frente de todos sem vergonha nenhuma. O beijo durou uns 6 segundos, mas já rolou língua. A garrafa gira novamente e acaba entre Matheus e a loira que já não gosto muito. Os dois se aproximam e a ideia de ver meu amigo beijando não me agrada muito, ainda mais com essa garota. É claro que sei que Matheus já teve várias namoradas apesar do seu jeito introvertido, conheci algumas até, mas nunca o vi beijando nenhuma delas. Eles se beijam, ele passa a mão pela cintura dela e eu viro o olhar, acaba durando poucos segundos - para a minha alegria.
O tempo passa e várias pessoas já se beijaram. Até que a garota de cabelos vermelhos gira a garrafa novamente após beijar uma menina e a garrafa para entre... mim e Calisto. As meninas da roda soltam bufadas, estão descontentes por não ter sido elas a quem ele vai beijar. Minhas mãos começam a suar, ele está se aproximando com um sorriso malicioso no rosto. Eu não quero beijar esse garoto. Eu não quero gastar meu primeiro beijo com um galinha e em um jogo como esse. O que eu estava pensando? Parabéns, Audrey, por sempre fazer burradas e se autosabotar. Sem pensar muito eu levanto em disparada e saio correndo daquele lugar, a ultima coisa que vejo é o rosto confuso de Calisto. Paro quando já estou na sala. Olho para os lados e me pergunto como vou sair dali. Para meu alívio, vejo que meus amigos estão vindo atrás de mim. E para o meu espanto, o resto dos adolescentes da brincadeira também.
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CALIBER- Cidade Sombria
Teen FictionAudrey se vê confusa quando um garoto misterioso entra em sua vida. Ela sabe que há algo estranho nesse garoto, mas não sabe exatamente o quê. Algo nele a atraí de um jeito intenso, nunca na vida ela sentiu algo assim por alguém, era como se eles fo...