Prólogo

1.2K 92 18
                                    

— Calma, Jimin, vai dar tudo certo. Você trabalhou duro para chegar até aqui, lembra? — Seokjin apertou de leve os ombros do irmão, tentando acalmá-lo.

— Sim, foram dois anos de dedicação... Estou nervoso e muito feliz ao mesmo tempo — Jimin respondeu, com um sorriso tímido.

— Você merece cada momento. Sabe que estaremos sempre ao seu lado, apoiando em tudo — Seokjin sorriu, transmitindo confiança.

— Obrigado, Jin-hyung. De verdade, por tudo, por estar comigo nesses últimos cinco anos.

— Agora vai lá e arrasa naquele palco, garoto! — Seokjin deu seu melhor sorriso, visivelmente orgulhoso.

Seokjin não era apenas um irmão mais velho; ele era meio-irmão de Jimin. A mãe de Jimin, a senhora Park, havia se casado com o senhor Kim, dono de uma loja de roupas, quando Jimin tinha quatro anos. Seokjin, então com quase nove, abraçou o papel de irmão mais velho de imediato.

— E agora, chamamos ao palco Park Jimin, vencedor do prêmio "Aluno Destaque de Dança", classificado em primeiro lugar no ano de 2019! — anunciou o mestre de cerimônias.

Nos bastidores, Jimin sentiu uma forte tontura, acompanhada por uma pontada aguda na cabeça. Sabia que não podia recuar agora. Assim que ouviu seu nome, respirou fundo, tentando se recompor. Mas, ao subir o último degrau em direção ao palco, sua visão escureceu, suas pernas fraquejaram, e ele desabou no chão.

Seokjin, ao ver o irmão cair, entrou em pânico. Desesperado, empurrou a multidão ao redor, tentando chegar até Jimin.

— Jimin! — gritou, agachando-se ao lado dele. — Vamos, acorde! — Ele deu leves tapinhas no rosto pálido do irmão, que agora sangrava pelo nariz.

O caos tomou conta do ambiente. Pessoas ao redor se agitavam, ligando para ambulâncias, enquanto Seokjin segurava o corpo frágil de Jimin nos braços, cada vez mais desesperado com a palidez crescente do irmão. Um homem, chamado Namjoon, ofereceu um lenço a Seokjin para estancar o sangue.

A ambulância demorava, e a cor de Jimin ficava cada vez mais pálida, suas mãos, gélidas. Seokjin começou a chorar, o medo tomando conta dele. Jimin era tudo para ele; sua ligação com o irmão era profunda e cheia de afeto. A ideia de perdê-lo o aterrorizava.

— Posso levá-los ao hospital — disse Namjoon, vendo o desespero de Seokjin. — Vamos no meu carro.

Sem pensar duas vezes, Seokjin aceitou a oferta. Namjoon pegou Jimin no colo e, em meio à multidão, abriu caminho até o estacionamento, com Seokjin logo atrás.

Durante o trajeto, Seokjin sussurrava para o irmão desmaiado, na esperança de que ele o ouvisse.

— Jimin-ah, eu sei que você pode me escutar... Por favor, fique bem. Não me deixe. — Lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Me desculpe por ser tão protetor, eu te amo, Jimin-ah... — Ele encostou a testa na do irmão, acariciando seus cabelos loiros.

Chegando ao hospital, Jimin foi levado às pressas para a UTI. Namjoon ficou encarregado de cuidar da papelada da internação, enquanto Seokjin se afundava na cadeira da sala de espera, sua mente tomada por medo e incerteza.

Depois de algum tempo, um enfermeiro entregou a Seokjin um cartão de autorização para visitas e informou:

— Jimin ficará no quarto 435 do Bloco A, no sétimo andar.

— Obrigado por tudo até agora... Como é mesmo o seu nome? — Seokjin perguntou, finalmente notando o homem que o ajudara.

— Ah, desculpe, eu me chamo Kim Namjoon — disse ele, se curvando educadamente.

— Foi um prazer conhecê-lo, senhor Kim. Meu nome é Kim Seokjin, mas pode me chamar de Jin — respondeu, tentando esboçar um sorriso, ainda que fraco.

— Por favor, sem formalidades. Pode me chamar de Namjoon. Foi um prazer conhecê-lo também, Jin, embora as circunstâncias não sejam as melhores... — Namjoon suspirou.

— Você não precisa ficar, sabe? Jimin vai ficar internado e...

— Estou atrapalhando?

— Não, não é isso. É que passar a noite em um hospital é exaustivo. Você pode ir descansar.

— Não se preocupe com isso. Posso ficar o tempo que for preciso — Namjoon sorriu, sentando-se ao lado de Seokjin.

Enquanto aguardavam notícias, Namjoon tentou distrair Seokjin, conversando sobre assuntos diversos, embora o nervosismo de Jin fosse evidente a cada segundo.

Algum tempo depois, um médico de cerca de quarenta anos entrou na sala.

— Quem é o responsável por Park Jimin? — perguntou, segurando uma prancheta.

— Eu. — Seokjin levantou-se imediatamente, com Namjoon o acompanhando.

— Pode me acompanhar? — O médico pediu, e Seokjin assentiu, já sentindo o nervosismo tomar conta.

Ao se afastarem, o médico suspirou, o que só aumentou a apreensão de Seokjin.

— É sempre difícil dar esse tipo de notícia. Fizemos uma bateria de exames em Jimin, e os resultados indicam que ele está com uma doença grave...

— O que ele tem, doutor? — A voz de Seokjin quase não saiu.

— Ainda estamos analisando com mais precisão, mas acreditamos que seja um tipo raro de câncer. Precisamos de mais testes para determinar o estágio exato e o tipo, mas a situação é delicada. Precisaremos lutar pela cura — explicou o médico.

O mundo de Seokjin desmoronou naquele momento. Suas últimas palavras se perderam em meio ao pavor. Lágrimas brotaram em seus olhos, o medo de perder o irmão o sufocando.

Sem conseguir se controlar, Seokjin correu pelos corredores, os gritos de angústia ecoando dentro de si. Caiu de joelhos no chão, lágrimas quentes molhando seu rosto. Ele gritou, o desespero e a impotência tomando conta de seu ser.

Namjoon, vendo o estado de Seokjin, seguiu-o e o encontrou chorando, ajoelhado no chão frio do hospital. Aproximou-se devagar, agachando-se ao lado dele.

— Jin... — disse, passando a mão nas costas dele numa tentativa de consolo.

— O que eu faço, Namjoon? — Seokjin soluçou, abraçando-o sem pedir permissão, mas Namjoon o acolheu sem hesitar.

Em busca da cura - Três meses para viver.Onde histórias criam vida. Descubra agora