Jimin

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Seokjin

Tive que sair do quarto. Os médicos precisavam administrar medicações e realizar uma possível manutenção nos aparelhos. Sentei-me em uma das cadeiras no corredor, sentindo o peso da preocupação. Alguns minutos depois, Namjoon apareceu e se sentou ao meu lado.

— E aí... — Ele colocou a mão sobre minhas coxas, tentando me confortar. — Como ele está?

— Não sei... — suspirei, sentindo o nó na garganta. — Ele está entubado e muito debilitado.

— Meu Deus... — Namjoon também suspirou, claramente afetado pela notícia. — Ei, estou aqui, tá? Vai ficar tudo bem. — Ele encostou a cabeça no meu ombro, transmitindo conforto.

Ficamos assim por um tempo, em silêncio, com Namjoon sussurrando palavras de apoio. A dor que eu sentia era imensa, mas, de alguma forma, sua presença a tornava mais suportável.

Logo os médicos autorizaram minha entrada e, dessa vez, Namjoon também pôde entrar comigo. Agora éramos oficialmente os responsáveis por Jimin.

Ao entrar no quarto e ver o estado em que ele estava, senti vontade de chorar. Não era uma cena deplorável, mas ainda assim, profundamente triste. Jimin, que Namjoon havia visto há três dias, forte e sorridente, não era o mesmo que agora estava imóvel na maca hospitalar.

Eu tentei conter o choro. Permaneci ao lado do meu irmão, sem querer sair nem para almoçar ou beber algo. Às vezes, uma lágrima escorria, e em outros momentos, eu sorria, relembrando de todos os momentos que vivemos juntos. Agora estávamos ali, presos àquela realidade cruel, em um hospital.

Namjoon percebeu que eu precisava de um tempo sozinho com Jimin e decidiu ir visitar Jungkook. Ele havia se afeiçoado ao garoto.

Ele bateu na porta do quarto de Jungkook e entrou. Jungkook estava sentado, olhando pela janela, perdido em pensamentos.

— E aí, Jungkook, como você está? — perguntou Namjoon, interrompendo o silêncio.

— Bem... — Jungkook respondeu com um sorriso fraco. — Talvez um pouco pensativo e preocupado. E você?

— Estou bem, cara. Mas o que está te preocupando?

— Jimin... — Jungkook suspirou. — Ele parecia muito mal ontem, e hoje não voltou. Estou preocupado... Parecia uma criança perdida e desesperada.

— Não se preocupe tanto, ele vai melhorar — Namjoon tentou acalmá-lo.

— Você o viu hoje?

— Sim, e... ele está na UTI, entubado — Namjoon passou a mão pelos cabelos, um gesto que sempre fazia quando estava nervoso.

— Posso ir vê-lo? — Jungkook perguntou, com um brilho de esperança.

— Claro, eu te levo. Quer dizer, se os médicos autorizarem.

(...)

Jungkook estava sozinho com Jimin no quarto. O silêncio era quase sufocante, quebrado apenas pelos "beeps" ritmados da máquina que monitorava os lentos batimentos cardíacos de Jimin.

— Seja forte, Jimin. Você é bonito e amado por tantas pessoas. Não desista de viver... — Jungkook segurou as mãos de Jimin, sentindo os fios e fitas que o conectavam às máquinas. — Eu sei que é difícil, mas... eu estou aqui. Eu sei que você nem me conhece direito, mas o Namjoon está aqui também, ele é um cara legal. Seu irmão sempre esteve ao seu lado. Você vai conseguir sair dessa.

Ele fez carinho na mão de Jimin, que estava fria e imóvel.

— Não sei se você pode me ouvir, mas espero que sim. Estou torcendo por você. Você se tornou uma inspiração para mim, mesmo que meu problema nem se compare ao seu.

Ver Jimin naquele estado fez Jungkook refletir sobre sua própria vida. Ele ainda não conseguia andar, mas não estava em risco de vida. Sentiu-se ingrato por, de certa forma, estar saudável enquanto Jimin lutava para sobreviver.

— Jimin, você precisa voltar. Aposto que seu sorriso é lindo. Jin disse que sente sua falta todos os dias... Eu posso imaginar como deve ser difícil não ver seu sorriso todas as manhãs.

Jungkook sorriu, olhando para o rosto sereno de Jimin.

— Mesmo com toda essa confusão dentro de você, você ainda tem essa expressão tranquila... Parece um anjo.

O horário de visitas estava terminando, e Jungkook sabia que precisava ir. Ele suspirou.

— Vou para a terapia agora. Quero começar a andar de novo. Amanhã eu volto para te contar como foi.

Ele se aproximou, deixando um beijo delicado na testa de Jimin.

— Tchau, Jimin. Fique bem. E, sério, você parece um bolinho com essas cobertas — Jungkook riu suavemente antes de sair do quarto.

Naquele momento, Jungkook percebeu o quão próximo se sentia de Jimin. Nem mesmo com sua psiquiatra ele conseguia encontrar tamanha paz interior. Havia algo sobre aquele garoto, mesmo naquele estado debilitado, que o fazia querer ser melhor.

Desde que seus olhos cruzaram com os de Jimin durante a crise respiratória, algo mudou em Jungkook. Ele saiu da sala de Taehyung mais decidido do que nunca a mudar o rumo de sua vida.

— Quero fazer as terapias, quando posso começar? — ele disse a Taehyung.

— O quê? — Taehyung o olhou surpreso. — Finalmente alguém está me ouvindo — brincou.

— Ah, para com isso. Nem foi pelos seus conselhos — respondeu Jungkook, corando um pouco.

— Ah, é? Então foi por quê? — Taehyung fez uma expressão curiosa.

— Você não precisa saber disso, hyung — respondeu Jungkook, desviando o olhar.

— Tá apaixonado, é? — Taehyung provocou, cutucando-o com uma caneta.

— O quê?! — Jungkook exclamou, tentando disfarçar. — Claro que não!

— Hum... — Taehyung o olhou desconfiado. — Estou de olho, viu? Não me esconda nada.

— Para de ser chato, não sou mais um adolescente! — Jungkook fingiu irritação.

— É sim, sempre será pra mim, pirralho — provocou Taehyung.

— Ahg! — Jungkook suspirou. — Mas e aí, quando começo?

— Deixe-me ver... — Taehyung abriu uma planilha no computador, clicou em algumas coisas e respondeu: — Amanhã tem uma sessão. Serve?

— Claro! — disse Jungkook, animado.

— Pronto, está marcado — disse Taehyung, digitando mais alguns detalhes. — Estou orgulhoso de você, dongsaeng.

— Obrigado por tudo, hyung. Um dia, vou retribuir tudo.

— Esquece isso. Agora volta pro seu quarto, já está tarde para pirralhos perambularem pelos corredores — disse Taehyung, provocando novamente.

— Vai se f—

— Olha a boca, pirralho! — Taehyung o alertou, rindo.

— Boa noite, hyung — disse Jungkook, sério, mas com um sorriso de canto, antes de sair.

Taehyung riu sozinho, voltando a assinar os papéis pendentes.

Em busca da cura - Três meses para viver.Onde histórias criam vida. Descubra agora