Capitulo I

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Olho o vestido e faço careta.

O vestido é vinho. Justo e decotado demais.

"Desse jeito serei a periguete trintona da festa." – Penso.

- Não julgue pela capa senhora, experimente. Nem tudo que vemos fora do corpo é dispensável. Dê uma chance. – Falou a vendedora da loja, observando minha cara de reprova ao segurar o vestido.

Resolvo experimentar e agradeço a Deus por ganhar bem. Só com um salário desses, é que consegui colocar meus 400 ml de silicone nos seios.

Tiro minha roupa e o sutiã e coloco o vestido com decote em V, que vai até quase o umbigo.

Depois que o arrumo no corpo, percebo que o vestido é esplêndido.

Ele fez uma cintura que nem eu sabia que tinha.

Ouço a vendedora bater no provador onde estou. Ansiosa.

- E ai? Mostre-me como ficou.

Saiu da cabine e quando ela, e as demais mulheres, que estavam na loja me olham; noto os olhares de aprovação.

- Eu disse que não me engano. Você tem um corpo lindo e esse vestido só realça isso. – Diz a vendedora otimista.

Olho-me com certa admiração e digo a mim mesma. "É hoje que arrumo um namorado."

Saí do shopping confiante de que a noite prometia.

Olho no relógio e me assusto.

Meu Deus! Já são duas da tarde e ainda preciso ir ao salão.

Resolvo mudar a cor dos cabelos, dar um up no visual.

Entro no salão do qual sou cliente, há algum tempo. Um salão caro, até por ficar no bairro Jardins, mas definitivamente vale a pena à fortuna que deixo por lá, toda vez que entro.

- Mel minha linda! O que vai ser hoje? – Pergunta meu cabeleireiro.

- Tiffany, - cumprimento-o, - quero renovar o visual. O que acha de uma nova cor nos cabelos?

- Já era hora não é Mel? No que pensou?

- Que cor combina com minha pele? Sou branca demais.

- Vermelho vibrante, "super combina". – Responde ele, usando seu vocabulário habitual.

- Vermelho?! – A princípio me espanto.

Tenho medo só de me imaginar como uma beterraba ambulante. Só falta alguém me olhar na rua, pensando que estou menstruando pela cabeça. É o fim!

- Mel confie em mim! Vou deixá-la ainda mais bela. – Responde-me todo confiante.

- Está bem Tiffi. – Respondi um tanto resignada. - Faça o seu melhor.

Entrego-me confiante.

Ela me vira de costas para o espelho, e sem que eu consiga respirar, sua tesoura começa a trabalhar.

Fez um corte mais curto na nuca e um bico na frente.

Não acredito que a deixei cortar minhas longas madeixas virgens.

Depois veio a tinta. Nem quis olhar para não me apavorar ainda mais.

Uma hora e meia, depois de tudo e de uma escova, ele me vira e eu fico atônita.

- Não é possível? - Digo não me reconhecendo ao olhar no espelho.

Parece que há alguém do outro lado do espelho me imitando.

Meu Chefe ObsessivoOnde histórias criam vida. Descubra agora