Jesse
O dia amanheceu chuvoso e a preguiça tentava me fazer ficar em casa. Eu amava ser professa, ensinar os pequenos era a minha alegria e apesar de quase dar ouvidos a minha preguiça interior resolvi levantar logo. Vasculhei em meu armário roupas coloridas e divertidas, essa era uma das minhas marcas registradas como professora. Escolhi um vestido marrom estampado com flores e adicionei um lenço e botas de couro. Voalá estou pronta para mais um dia!
As crianças estavam super agitadas, pulando e correndo pela sala de aula, todas menos uma, um certo garotinho de cabelos cacheados estava encolhido no canto de cabeça baixa.
- O que houve pequeno? Me aproximei de New tocando seus cabelos fazendo com que ele olhasse para mim com os olhinhos cheios de lagrimas.
- As outras crianças não me querem por perto porque eu não tenho mamãe. Disse o pequeno enquanto soluçava. Meu coração sangrava quando eu via uma criança sofrer, mas naquele momento ele se partiu e uma jesse revoltada assumiu o lugar da professora dócil.
- Como é que é? Quem disse isso? Perguntei séria para o menino e ele apontou o clube dos bolinhas, as crianças mais agitadas da sala – leia atentadas.
- Atenção turma! Todos pararam e prestaram atenção em mim. – Quero todos sentados em suas carteiras e prestando atenção na tia Jesse okay?
Vi as cabecinhas balançarem e todas as crianças já acomodadas em seus lugares me olhavam atentamente.
- Hoje aconteceu algo que me deixou muito triste. Vocês gostam que a tia fique triste?
- Não tia Jesse. Responderam todos ao mesmo tempo.
- Então porque vocês fizeram o coleguinha de vocês chorar? Alguns de vocês foram cruéis com o Newton, e eu gostaria de saber o porquê. Os observei seria, esperando alguém se manifestar quando Nicolai Bianquini levantou a mão. Assenti para que ele pudesse falar.
- Professora o Newton não tem mamãe, e a minha mamãe disse que toda criança que não tem mamãe é porque é muito ruim e o papai do céu castigou, por isso não queria que ele brincasse com a gente. Ele é do mal!
- Você acha que o Newton é um menino mau? Nicolai assentiu com a cabecinha loira e eu só ficava com pena do pequeno por ter uma pessoa tão horrível como mãe.
- Vocês sabem o que é uma pessoa ruim? Algumas crianças levantaram as mãos e pedi que cada uma delas falassem.
- é alguém que machuca as pessoas. Disse Julieta.
- é quando a pessoa não dividi o lanche com os coleguinhas. disse Oliver.
- é quando maltrata os animais. Disse Enrico.
- Vocês estão certos, uma pessoa ruim é tudo isso. E vocês acham que o newton é assim? Ele machucou alguém aqui? Não dividiu o lanche? Ele machucou nossa mascote? Todos negavam com as cabecinhas.
- As pessoas meus amores não escolhem os pais que tem. Nem todas as crianças do mundo tem pais, mas isso não é culpa delas. A mamãe do newton ficou muito doente e acabou virando uma estrelinha no céu. Tenho certeza que se ela pudesse escolher, ela jamais deixaria o filho. Nossas palavras tem o poder de machucar ou alegrar as pessoas. Magoa muito dizer a alguém que essa pessoa é a culpada por algo que ela não tem controle. Você entende Nicolai? Sei que você não é um menino ruim, apenas recebeu uma informação errada.
- Me desculpa professora. Disse o loirinho sentido.
- Não foi a mim que as suas palavras machucaram pequeno. Nicolai se virou para Newton, que limpava os olhinhos cheios de lágrimas.
- Me desculpa por dizer aquelas coisas, eu não queria te fazer chorar. Prometo que serei seu amigo para sempre.
- Eu te desculpo. Também vou ser seu amigo para sempre. Os dois se abraçaram e a sala toda bateu palmas. Fiquei emocionada, as crianças são seres puros, não há maldade em seu interior, mas infelizmente elas aprendem tudo com os adultos, principalmente as coisas ruins.
- Muito bem turma, hoje nós vamos aprender a somar! E assim a aula voou, quando percebi o sino já tinha tocado. As crianças correram para o pátio para esperar os pais, mas o pequeno Newton ainda continuava na sala.
- O que foi pequeno? Me surpreendi quando ele me abraçou com força.
- Você é um anjo tia Jesse. Promete que nunca vai me deixar também?
- Prometo meu pequeno, estarei sempre aqui por você. Coloquei meu mindinho junto ao seu para formalizar a promessa.
- Filhão, vamos? Doug nos olhava emocionado, sem jeito.
- Vamos papai. New correu para os braços do pai que ainda me encarava fixamente, percebi que ele disse "obrigado" gesticulando com os lábios. Eu não podia negar que o pequeno já tinha conquistado um espaço enorme em meu coração.
Fiquei ali observando os dois irem para o carro, Doug havia colocado New em seus ombros e suas risadas eu podia ouvir daqui. Em meu interior eu desejava ter uma família para chamar de minha, um homem bom e bom pai, imaginei que pudesse ter isso com Richard, uma pena que não nasci para ser feliz.
Mais tarde na minha casinha enquanto cuidava das roseiras pensava em minha vida. Realizei meu sonho de ser professora infantil, tinha uma casa própria com meu próprio jardim de rosas e estufa, uma irmã maravilhosa, meu cunhado e meu sobrinho, o meu grande amor. Eu parecia ter tudo e ao mesmo tempo ainda sentia falta de algo. Algo meu. Eu tinha o grande sonho de ser mãe, era algo que eu desejava muito, porém, conforme o tempo foi passando eu via esse sonho cada vez mais distante, já tinha uma idade boa para ter filhos saudavelmente, mas não tinha um companheiro de vida. Pensei também em fazer uma inseminação artificial e ser mãe solteira. Talvez eu fizesse isso mesmo. Homem hoje em dia dá muita dor na cabeça. é melhor viver sozinha mesmo.
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Oi gente, tudo bem com vocês? queria saber o que vocês estão achando da história até aqui?
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Nunca é Tarde Para Ser Feliz
Roman d'amourMeu nome é Doug Gregori, tenho 30 anos e vou contar minha história. Há cinco anos perdi minha esposa para a leucemia. Eu a amava e ainda a amo. Vejo seu fantasma todas as noites. Não consigo ser o pai que meu filho merece, as lembranças invadem me...