Capítulo 1 Moleque travesso

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A escola era um lugar tão estranho! A senhorita Jesse era muito bonita, papai também achou, pois não tirava os olhos dela. Essa é minha nova escola, quando eu e meu pai morávamos na casa de Miami, eu estudava numa escola muito legal, tinha um amigo chamado Will. Mas agora papai disse que iria ser melhor, estamos morando com o vovô Pietro que é muito legal e sempre posso ver meus primos. Principalmente o Pedro que tem a mesma idade que eu, filho da tia Mira e do tio Solano. Papai trabalha muito na empresa, por isso eu passo à tarde na casa do vovô brincando com o Sam e o Jonas, filhos do tio Marcos.

– Bom dia meus pequenos! Disse a senhorita Jesse. Ela estava com um vestido verde muito bonito e sapatos pretos. A tia Jesse tinha os cabelos da cor do mel e bem grandões, ela lembrava uma daquelas princesas que a minha prima Manu vive falando.

– Bom dia! Responderam todas as crianças juntas.

– Hoje temos um novo amiguinho, vamos dizer olá para o New! Eu fiquei morrendo de vergonha, acho que fiquei vermelho igual o vovô fala.

– Olá New! Disseram todos juntos. Logo a tia Jesse começou a aula, eu fiquei impressionado com a história do faraó. Eu adorava estudar. A aula passou tão depressa que eu nem vi, percebi que papai estava atrasado quando eu estava sozinho no pátio da escolinha.

– Seu pai se atrasou New? Tia Jesse fez um carinho na minha cabeça e me levou pra uma salinha perto do corredor e me deu um biscoito muito gostoso de chocolate e creme.

– Isso é gostoso! Disse sorrindo. Tia Jesse parecia um anjo... Ela era tão boazinha! Eu queria que ela fosse minha mamãe.

– Sua mãe não pode te buscar meu anjinho? Perguntou tia Jesse me dando mais um biscoito.

– Não, papai me disse que a mamãe ta no céu, que Jesus chamou ela para morar com ele quando eu tinha dois anos. Disse pra ela.

– Seu pai deve se virar para cuidar bem de você em? sabe dizer onde mora? Posso levar você para casa.

– Sei sim tia Jesse. Eu moro nas colinas onde tem aquelas uvas legais, moro com meu avô Pietro e meu pai. Digo pra ela apontando para as colinas que eram bem visíveis pela janela da escola.

– Eu sei onde é. Vamos então? Tia Jesse estendeu a mão pra mim e eu peguei. Ela parecia minha mãe.

– Você conhece meu avô? Perguntei enquanto andávamos pelo lugar onde ficam os carros legais...

– Sim, sou vizinha do seu Pietro e já brinquei com seu pai e seus tios quando era pequena. Acho que seu pai não deve lembrar... Disse ela já ligando o carro e colocando o meu cinto e o dela.

– Com sorte não pegaremos trânsito! Ela sorria muito. Acho que isso a tornava mais legal. Fomos a viagem inteira cantando Bob Marley, eu ri tanto das caretas que ela fazia que minhas bochechas e barriga ficaram doendo. Chegamos à casa do vovô e tia Jesse desceu junto comigo para falar com o vovô.

– Ora, ora! Faz tempo que eu não te vejo pequena Jesse! Disse meu avô alegre abraçando a tia Jesse. Que sorriu pra ele também.

– É, faz muito tempo mesmo, mas então, eu vim deixar esse menino lindo aqui, por que Doug se atrasou. Será que o senhor pode ligar pra ele e avisar?

– Posso claro, mas só se você aceitar almoçar conosco, sim? Meu avô era um velhinho cheio de tramas e aquele sorriso diabólico como diria minha tia Mira, era o sinal de que por ai viria armação. Resolvi ajudar meu vovô, a final, eu sou um bom menino.

–Por favor, tia Jesse! Fiz o meu biquinho de cachorro sem dono e meu avô riu. Já sabia que eu ia ajudar ele.

– Esta bem, se vocês insistem! Então é melhor ligar logo pro Doug, não acha Pietro? Disse tia Jesse sorrindo outra vez.

– Já pedi a dona Julieta que faça isso, agora entrem, o almoço já vai ser servido.

Nós três entramos em casa e eu fiquei fazendo caras e bocas brincando com a tia Jesse na sala enquanto o papai não chegava. Ela também sabia fazer caretas engraçadas. Logo o papai chegou e ficou olhando de mim para a tia Jesse que nesse momento me atacava com cosquinhas.

Doug

Atrasei-me outra vez, New com certeza ficaria chateado comigo, mas ele tinha que entender. Eu tinha que trabalhar muito para dar a ele tudo do bom e do melhor. Meu pai ligou assim que eu estava chegando à escola do New, mandou a mamma Julieta dizer que a professora dele já tinha trago o New para casa. Por um lado eu fiquei extremamente aliviado, mas por outro... Fiquei com vergonha, agora me lembrando da bela professora do New.

Dando meia volta dirigi para as colinas onde ficava o casarão, a essa hora o almoço já devia estar pronto. Quando cheguei em casa vi uma cena que me deixou surpreso. New e a tal professora estavam no sofá brincando de fazer caretas e logo depois ela o atacou fazendo cócegas em sua barriga. Ele parecia tão feliz. E ela parecia uma menina, mas nem tanto. O vestido verde agora estava um palmo acima dos joelhos e seu corpo era tentador. Os cabelos caiam em ondas ruivas pela cintura. De certa forma me senti mexido com ela não sei bem explicar, mas não quis mais pensar nisso, não tenho tempo para relacionamentos, principalmente sendo ela a professora do meu filho!

– Papaaii! New correu disparado em minha direção e eu o abracei forte o girando no ar. Ele ria em gargalhadas. Meu campeão, sempre sorrindo, meu motivo de levantar da cama todos os dias.

– Filho, desculpe pelo atraso... Comecei a tentar explicar, mas o pequeno logo me interrompeu.

– Ta tudo bem papai. A tia Jesse me trouxe pra casa e sabe o legal? Ela é nossa vizinha! Disse ele entusiasmado. Vizinha? Nós tínhamos uma vizinha com esse nome... Ela era bochechuda e eu vivia brigando com ela. Olhei mais uma vez para a mulher na minha frente, a bochecha grande tinha sumido, mas eu me lembrava bem dela, Jessica. Ela se mudou para um internato em Londres quando éramos adolescentes. Eu tinha uma queda por ela nessa época.

– Jéssica Bochechas? Ela me olhou com surpresa e logo depois sorriu. Sim, ela continuava toda meiga como sempre.

– Pensei que tinha me esquecido quatro olhos. Era incrível como ela ainda se lembrava desse apelido ridículo que Marcos colocou em mim quando éramos crianças. Com certeza era a Jesse bochechas ali.

– O que é quatro olhos tia Jesse? Perguntou um New curioso. Ele correu para ela e abraçou suas pernas, ele estava muito grudado nela. New com certeza estava aprontando uma eu bem conhecia o pestinha que tinha como filho.

– É o apelido que seu tio Marcos deu ao seu pai quando éramos crianças e ele usava óculos. Disse ela gentilmente fazendo carinho na cabeça do meu filho que só se grudou ainda mais nela.

– O almoço está pronto Jesse. Filho, que bom que você chegou, convidei a pequena Jesse para almoçar conosco hoje! Disse o velho Pietro. Ali tinha alguma coisa... Esse sorriso malicioso dele. Com certeza o velho estava aprontando alguma.

–Então, vamos? Disse seguindo eles até a sala de jantar, onde ficava a mesa. Jesse parecia estar se divertindo. Eu jamais poderia imaginar que ela tinha voltado. Durante todos esses anos eu não cheguei a pensar nela, mas agora, vendo-a ao lado de New lembro-me de quando a vi pela primeira vez, estávamos na oitava série. Naquela época, eu estava com quatorze anos. Romeo, meu irmão do meio namorava a irmã dela, Julian. Lembro-me muito bem de quando a vi pela primeira vez. Ela era bem mais baixa e usava óculos também. Viramos melhores amigos e ela se tornou minha primeira paixão.

– Doug terra chamando! Disse meu pai em tom zombeteiro, eu sorri e começamos a almoçar. New fazia muitas palhaçadas na mesa, contagiando a todos. Peguei-me pensando em Rosália. Ela estaria feliz por ver que o nosso menino estava crescendo. Não sabia o que estava acontecendo em relação a Jesse, mas tudo o que eu queria era dar o melhor de mim pro meu filho. Apenas isso.

Nunca é Tarde Para Ser FelizDonde viven las historias. Descúbrelo ahora