Vai ter de ser você, Jeon.

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— Como vocês perderam a virgindade? — Jimin perguntou, fazendo-me engasgar com o cookie de chocolate com gotas que eu estava comendo.
Taehyung começou a rir e eu tentei virar meu rosto para trás, para olhar o menor que estava deitado na cama.
— Hyung, que tipo de pergunta é essa? — perguntei, xingando baixinho ao perceber que o Tae tinha acabado de me matar no jogo.
Estávamos os dois no chão jogando Overwatch, Jimin estava deitado na cama lendo um manhwa, ora ou outra tirando alguma foto no Snow.
— Uma pergunta. A sério, como foi a primeira vez de vocês, assim... — O baixinho voltou-se para nós e começou a gesticular, dava para ver porque a sombra aparecia na tela da televisão. Taehyung desatou a rir novamente.
— O que você quer saber exatamente, Jiminnie? — Tae perguntou e eu matei-o com um Headshot, fazendo com que ele chutasse o meu pé.
— É que tem um garoto... Um garoto ao qual eu estou interessado, mas... Eu sou virgem. — Esperamos que ele dissesse mais alguma coisa e fez-se apenas silêncio em meu quarto.
— E então? — perguntei, como quem espera por mais alguma informação.
— E então o quê?
— E então, qual o problema de você ser virgem? O que você estar interessado no garoto tem a ver com o fato de você ser virgem? — questionei, pegando um cookie mais uma vez e levando à boca.
— Ah! Ele é dois anos mais velho do que eu sabe, com certeza não é mais virgem, eu tenho medo de que se resultar em algo, eu simplesmente... Estrague tudo. — Jogou-se na cama, encostando as costas na parede e dobrando as pernas, balançando ambas, como ele geralmente faz quando está exercitando-se para dançar.
— O que tem para estragar? Chim, você só vai precisar... — Taehyung começou e eu desatei a rir, dando pause no jogo sem querer.
— Eu sei o que eu preciso fazer, Kim Taehyung! — Park gritou, jogando o travesseiro na cabeça do mais velho. Viramos os dois para ele, pois parecia precisar conversar ou querer um pouquinho de nossa atenção.
— Eu não sei por que você está tão preocupado com isso de ser virgem, hyung. — Iniciei a conversa e Jimin aproximou seu rosto do meu tão rapidamente e de uma forma tão espontânea que eu pude sentir o cheiro de baunilha e frutas de seu perfume.
— Você é virgem, Jeon Jungkook? — Eu ri. Aquilo era vergonhoso, falando assim em voz alta.
Balancei a cabeça negativamente.
— Por isso você não entende a minha preocupação. — Afirmou, afastando-se e encostando as costas na parede novamente, levando as mãos aos cabelos, puxando e bagunçando eles rapidamente. Troquei olhares com Taehyung e ambos rimos baixinho.
— Então... — Ele começou a falar quando eu e Tae demos play novamente. — Dizem que é mais confortável quando você perde a virgindade com o seu melhor amigo.
Foi a vez de Tae tossir freneticamente, aproveitei para dar-lhe um headshot novamente, antes de digerir o que estava sendo discutido naquele momento.
— Desculpe? — O Kim indagou, olhando para Jimin.
— É, dizem que quando você perde a virgindade com seu melhor amigo, você se sente mais confiante com qualquer coisa, com outras pessoas e tudo o mais. Isso até faz sentido, pensem bem, se eu fizesse besteira com um de vocês, nós só íamos rir e pronto, eu não ia me sentir um inútil com uma bunda enorme e um rosto angelical. — Disse e eu comecei a rir. É engraçado porque, tirando a parte do inútil, o resto é exatamente como ele é.
— O que você supõe que façamos? Uma filinha e os dois te levem para cama? — Taeyung perguntou e meu riso morreu na garganta. Quer dizer, eles estavam mesmo cogitando a possibilidade de nós fazermos aquilo com o Jimin?
— Como se perde a virgindade duas vezes, Kim Taehyung? E outra coisa, você nunca trairia o Hoseok, pois não?
— Nunca na vida. — Tae disse afirmativamente, virando de frente e pegando seu controle, chutando meu pé de novo por ter percebido o headshot. Engoli em seco, e nem tinha sido pelo chute.
 Então, vai ter de ser você, Jeon. — Jimin passou seus braços ao redor do meu pescoço e deu-me um beijo calmo e que começava a ficar molhado no pescoço. Meu coração disparou de imediato e eu mordi meu lábio inferior com força, para que nada além daquilo acontecesse a mim mediante aquela situação.
— Wow, wow, wow! Isso vai ser agora? Se for agora vocês me avisam e eu saio. — Tae falou alto, dando pause no jogo e levantando-se em seguida. Jimin Soltou meu pescoço e começou a rir, empurrando o mais velho para o chão.
— Senta aí. — Falou e jogou-se no meu pescoço novamente, deixando sua cabeça apoiada em meu ombro, como se já estivesse tudo combinado e eu não tivesse palavra alguma a dizer contra.
Eu quis mesmo comentar algo como “Sobre o que você está falando, hyung?” ou “Claro que não! Me recuso a te levar para cama, Park Jimin” mas, como eu seria capaz de dizer isso? Em que dia ou mundo eu seria capaz de perder o privilégio de admirar Jimin naquele ângulo? Ou em qualquer ângulo, eu pouco me importava com isso, o evento de poder ter ele em meus braços já era dos mais espetaculares e dignos de fazer-me frenético e animado com a existência.
A verdade é que eu sou apaixonado por Park Jimin. Eu sou mesmo, desde o fatídico dia em que derrubei um copo de suco em sua roupa no meio do refeitório, isso porque sempre fui tímido o suficiente para ser um completo desastre perto de pessoas que não conheço. Sou um desastre falando, um desastre agindo... Um desastre. Achei que fosse o fim da minha vida social, a que eu nem tinha e ainda não tenho interesse em construir, mas ele apenas sorriu para mim, daquela forma doce e meiga que faz seus olhos sumirem, deixavam marcas sutis em seu belo rosto e enchia meu coração de calor. Ele sorriu daquele jeito que agora, apenas agora que eu tinha suas mãos ao redor de meu pescoço e uma confirmação pairando no ar sobre a sorte que eu ia ter em poder tê-lo, eu sentia que queria ver e fazer aparecer, para o resto da vida. Falando assim sobre escola e suco derramado, parece um clichê de filme adolescente, na verdade, eu sou apaixonado por Park há tanto tempo que como um ponto sem coordenadas, não sei quando começou, menos ainda onde vai terminar.
Contive um sorriso imenso que quis alojar-se em meu rosto, dando apenas um morto de canto que não retratava nem um por cento da minha felicidade em poder ter as mãos de Jimin sobre mim.
Eu sei que isso nunca vai resultar. Não tenho certeza sobre isso, mas cogito por ele ter dito que estava interessado em alguém, mas para o inferno com esse garoto! Eu tenho certeza de que ele não conhece Jimin metade do que conheço, não conhece suas manias, nem admira seu rosto como eu. Podia jurar que ele era só mais um garoto durão, que se fazia de marrento e desentendido que ganhava o coração de Jimin fácil fácil.
O problema do hyung sempre foi o lado que pensava terminantemente merecer ser pisado por alguém, ele achava que qualquer garoto que usava uma jaqueta de couro, daria para ele a melhor noite de sua vida, a noite que ele não teria com mais ninguém.
Até eu com uma jaqueta de couro, poderia dar a ele a melhor noite de sua vida, se eu quisesse.
Pensando sobre isso, caiu-me a ficha novamente de que eu realmente farei isso, quer dizer, eu vou mesmo para cama com meu melhor amigo.. Se eu tivesse dito isso para mim mesmo uns meses atrás, quando eu estava perdidamente apaixonado —Apesar de eu ainda estar—, riria de mim mesmo e diria que estava delirando, mas o amor é como um café parado numa caneca de porcelana: O pó decanta, mas o gosto continua forte e amargo.
É uma analogia ridícula. Eu costumo andar muito com o Seokjin hyung e acabei de perceber que deveria andar menos, pois estou carregando seus hábitos, mas o que posso fazer acerca desses modos horríveis que ele tem de fazer comédda, senão rir e reproduzir? Horríveis mesmo, fora de brincadeira.
Depois de mais algum tempo e mais algumas mortes, os dois foram embora juntos, visto que moram na mesma rua —duas quadras abaixo da minha—, dei uma desculpa qualquer falando que estava com sono e que por isso não levaria eles à porta. Mentira, eu apenas queria pensar um pouco antes de pegar no sono de verdade.
O que eu deveria fazer se aquilo fosse verdade?
Quer dizer, eu ainda estava cogitando o Jimin pular em minha frente e gritar “Surpresa! Oi Jeon babaca, era brincadeira, você nunca vai tocar nessa minha bundinha cheia e redonda”. 
Essa observação também é verdadeira, dia de Sexta tem aula de educação física do terceiro ano e eu matava aula as vezes, só para poder apreciar os movimentos de Park Jimin usando aquele short de lycra da atividade física. Tinham momentos em que ele se abaixava para pegar a bola e em seguida, minha mente só conseguia pensar “Que enterrada!”
Foco, Jeon Jungkook.
Questionava-me acerca do que deveria fazer, não apenas por ser a primeira vez dele, aquela não era unicamente a questão, era também porque... Droga, aquilo não vai significar para ele metade do que significará para mim. Soa melancólico e nada atrativo, mas a pior parte é saber que eu provavelmente tratarei o mais velho como se fosse de vidro, ele vai perceber, e eu vou estragar tudo. Droga.
— Aish! — exclamei alto, quase gritando, levando o travesseiro ao rosto e batendo nele inúmeras vezes com o objeto.
Fechei meus olhos depois de um tempo, tentando recobrar minha sanidade e pôr meus pensamentos em ordem, quer dizer, eu não posso surtar desse jeito, primeiro porque já tínhamos o fato: Eu e Jimin iríamos para cama, e tem o segundo fato: Não sou capaz de falar isso em voz alta, é doloroso demais, até para mim.
Sonhei com um campo coberto por flores amarelas, o sol brilhava tanto quanto, quando eu e o Taehyung estávamos sentados na mesa do refeitório e Jimin vinha daquele jeito, andando calmo e de repente dava alguns pulinhos, saltos ou algo assim, tirava-me um sorriso bobo e fazia com que meu dia inteiro se iluminasse. O sol estava brilhando em meu sonho, mas não brilhava nem metade do que ele brilhava, para mim.
No sonho eu carregava Jimin em meus braços e ele era muito leve, o que não deixava de ser verdade, girava-o no ar e dizia o quão importante para mim ele era, e quando ele começava a sorrir eu ficava tonto e caíamos, no meio das flores, meu corpo gelado sob o dele quente, aquecia minha existência e, a cada novo momento em que nossos olhos se cruzavam, eu descobria uma nova forma de apaixonar-me por ele.
Acordei pensando que era um sonho, fiquei triste por saber que era mesmo e tive de piscar ene vezes para o teto estrelado para admitir que sou um palerma. Eu havia acordado, pois de súbito, meu celular estava vibrando freneticamente debaixo do travesseiro, fiquei imaginando que o Tae queria alguma coisa, mas pela hora que parecia ser, ele deveria estar assistindo um filme qualquer com Hoseok no sofá, fingindo que não estava louco para Seok mostrar logo que não estava nem um pouco interessado no filme, e eles começarem a se beijar.
Aqueles dois não paravam nunca, pareciam uma máquina. Mas se eu tivesse Park Jimin no meu sofá, provavelmente faria o mesmo.
O que eu estou pensando?
Eu não são um pervertido, apesar de dizrem que dezoito anos é a idade perfeita para ter esse tipo de pensamento. Bom, talvez eu seja um pouco, mas em relação ao Jimin, não era como se eu só quisesse que ele dormisse comigo. Na verdade, eu queria dormir com ele sim, no sentido literal da coisa, dormir ao lado dele e acordar pela manhã com seus cabelos loiros espalhados pelo meu peito, seu sorriso escondendo os diminutos olhos, já quase totalmente inexistente pela aparência natural do pós sono. Eu queria a oportunidade de ter Jimin em meus braços como se ele fosse meu, e não como se eu desejasse seu corpo acima de tudo.
O corpo dele vinha como brinde.
Eu odeio os momentos em que não estou  com a mente ocupada e começo a pensar besteiras, primeiro por saber que são coisas que provavelmente nunca serão capazes de tornar-se realidade, e segundo porque eu fico sorrindo desse jeito idiota, como se eu tivesse cinco anos e um mágico tivesse acabado de tirar um coelho da cartola.
Nesse caso, eu sou o coelho, e a mágica é o que ele faz ao meu coração.
[Mochi 18:30] Nochu, vamos ao cinema?
[Mochi 18:31] Nós poderíamos fazer uma simulação de encontro, o que você acha?
[Mochi 18:31] Eu nunca tive um encontro, não sei como funciona. Estou com medo de estragar tudo.
[Mochi 18:32] Me ajude :(
[Mochi 18:35] Leve a sua câmera. Podemos gravar o nosso primeiro encontro <333
Toda a preguiça de a pouco desapareceu, sentia-me disposto como se pudesse correr uma maratona, descobrir um planeta novo ou desafiar o Taehyung para ganhá-lo em todos os jogos que nós dois competíamos tanto para sermos melhores do que o outro. Sentia-me aquecido, mesmo que aquele “primeiro encontro” não fosse nada, fosse apenas coisa da minha cabeça eu só... Queria ter a chance de poder apreciar Park Jimin, como ele realmente é.
NochuVocê paga?
Nochukekeke
[Enviado às 18:37]
Nochu: É brincadeira
NochuHyung, coloca uma roupa bonita porque eu sou um ótimo diretor, não quero que você estrague minhas filmagens.
[Enviado às 18:37]
[Mochi 18:37] Você quer apanhar?
Perguntou e eu comecei a rir. É sempre engraçado quando ele me ameaça ou faz qualquer coisa na intenção de ser grosseiro —o que acontecia com muita frequência— uma vez que eu vivo para encher o seu saco. Isso é, na verdade uma desculpa para não ficar longe dele.
Levantei-me e fui procurar o que vestir. Buscava alguma coisa que combinasse com ele, quer dizer, que me fizesse parecer bom o suficiente para estar ao seu lado. Porque convenhamos Park Jimin é um espetáculo, vive dizendo que sem maquiagem fica horrendo, que tinha dias em que ele acordava um bagaço, mas para mim, sua existência é um caso à parte, algum tipo de milagre, eleestá sempre bonito, não importa em qual ângulo.
As mãos pequenas arrumando os cabelos para trás o tempo inteiro, as roupas que, apertadas ou folgadas, sempre deixavam o seu corpo pequeno e esguio, ainda mais atrativo e impossível de não ser olhado. Tudo, excepcionalmente tudo nele é bonito, eu só queria usar qualquer coisa que fizesse as pessoas olharem e pensarem “Belo casal!”. Mesmo que não fôssemos um casal. Eu podia simplesmente sonhar.
Terminei colocando um moletom longo e verde musgo, com uma calça preta e um sapato da mesma cor, eu tenha uma atração particular por sapatos de cano alto e capuz, faziem quase parte de mim, provavelmente dava para reconhecer-me em qualquer lugar do mundo, por causa deles.
Chequei se minha câmera estava carregada e estava, levei bateria extra para caso não desse tempo de gravar tudo; de alguma forma eu queria que aquele dia fosse memorável, apesar de sentir que aquilo era como estar na Room, esperando sua vez para jogar, mesmo sabendo que você tem que ir para a escola em menos de uma hora. Sempre a esperança de poder jogar uma partida de vinte minutos antes de dar tudo errado. Esperança.
Acabei esquecendo de avisar a ele que estava saindo e de marcar onde íamos nos encontrar, quando olhei o relógio e percebi que já eram 19:45. Não tinha sequer certeza se o shopping ainda estava funcionando, quer dizer, deveria estar, mas não ia ter muito tempo para aproveitar. A quem eu estava tentando enganar? Como se eu estivesse interessado em olhar ao redor, eu só queria filmar cada segundo do momento em que eu, verdadeiramente fui parte da vida dele.
Parei na entrada do shopping e olhei ao redor, procurando ver se o encontrava em algum lugar, mas Park ainda não tinha chegado. Virei de costas para a rua e puxei minha câmera de dentro da minha bolsa, ela estava atravessada pelo meu corpo e a câmera estava dentro da bolsa especial. Liguei e comecei a olhar as últimas fotos que eu tinha tirado, sorri para a maioria delas, tinham sido tiradas pelo Tae no dia do meu aniversário, em que fizemos uma comemoração em casa, só nós três. Tinham diversas fotos de nós três fazendo palhaçadas inúteis e aquela foto incrível, do Jimin sorrindo com o rosto sujo de bolo.
Ah, ele é tão lindo que eu mal consigo respir...
Duas mãos pequenas e gordinhas surpreenderam-me, abraçando-me por trás e apertando minha cintura, daquele jeito confortável de sempre que fazia eu me sentir em casa. Eu não precisava sequer virar-me para conhecer quem era, só pela forma terna de me tocar.
Jimin tem um jeito único de tratar-me, jeito de irmão mais velho protetor, cuidadoso e carinhoso, tinha medo de que, por eu ser tímido, acabasse por sentir-me solitário,no entanto, era justamente por causa da timidez que sou tão ingênuo, ingênuo o suficiente para confundir amor de irmão com amor amor. Enquanto ele acariciava minha cabeça porque queria cuidar de mim, eu o abraçava porque queria que ele fosse meu.
— Oh! Hyung, eu não vi você chegar. — exclamei, fechando a lente da câmera e rapidamente virando-me para trás, para onde ele estava.
— Mas é claro, você estava de costas. Woah! Jungkook-ah! Você levou mesmo a sério essa coisa de encontro. — comentou boquiaberto, segurando minha mão e tentando fazer-me dar uma voltinha, empurrando minha mão em seguida, fazendo-me rir. Em qualquer outra ocasião eu jamais faria isso, mas ele estava pedindo. O que eu não faria por ele?!
— Hyung, eu estou quase de pijama. — O hyung riu.
— Isso mostra que você fica bonito até de pijamas. Eu, por outro lado, tive de ficar duas horas... — Perdi-me nas palavras depois do “pijamas”, porque ele entrelaçou seus dedos aos meus e começamos a andar. Na realidade, ele estava andando e estava me arrastando, pois eu não conseguia nem mesmo raciocinar.
O problema é que quando olho para ele ou estou com ele, pareço um bobo, mesmo. Distribuo sorrisos involuntários e não consigo manter meus olhos longe de seu corpo.. Taehyung já tinha visto daqueles lances, eu tento dizer que é outra coisa, mas em momentos menos oportunos, já disse a verdade e não há como escapar dela. Racionalmente falando, admiro Jimin porque ele é incrível, eu nunca tinha conhecido um ser humano que fosse tão incrível quanto ele. Sinto como se nunca fosse também. 
— Kookie?! — Jimin chamou-me, passando a mão direita em frente ao meu rosto, como se quisesse tirar-me de algum tipo de transe. Se pensar nele era um problema, então eu era o mais problemático do local.
— Sim?! Você estava dizendo que tinha gastado 1 hora em sua maquiagem. — Eu comecei a rir daquilo. Imaginar ele passando aquelas coisas de maquiagem... Era imensamente adorável. 
— Ah sim! Então, eu estava lá, na frente do espelho passando a maquiagem e tentando pensar no que vestir, em qual roupa te impressionaria, mas eu simplesmente não conseguia pensar em nada que fosse bom o suficiente para você me achar incrível. — Comentou, soava um pouco melancólico, mas se estivesse em minha mente, perceberia que não fazia o menor sentido, dado o tamanho do meu amor.. Olhei-o. Já estávamos passando em frente as lojas. O de cabelos loiros olhou-me rapidamente e começou a balançar as mãos em meu rosto.
— Não, não, não! Quer dizer, o que te impressionaria porque estamos num encontro falso e coisa e tal, estava apenas considerando tudo. — Tentou corrigir-se o mais rápido possível. Mesmo que aquilo parecesse egoísta, eu só queria que aquilo fosse verdade ou que, a pessoa para quem as palavras estavam sendo dirigidas, nunca tivesse existido.
— Para mim você está incrível. — Afirmei e puxei ele um pouco mais, uma vez que nossas mãos estavam juntas.
Olhei para trás e vi Jimin ficando com as bochechas vermelhas, devido a surpresa de minhas palavras. Se aquilo não era o motivo pelo qual eu rezava todos os dias, eu não sabia o que era.
— O que você quer fazer exatamente, hyung? Está tarde, as lojas vão fechar em breve e... — Ele deu um gritinho e um pulo, assustando-me brevemente, porém fazendo-me sorrir pela sua excitação em seguida.
— É verdade! Eu tinha me esquecido! Vamos Jeon, eu preciso escolher uma roupa legal para quando for sair com o garoto. — A voz animada e o rosto iluminado partiram meu coração, senti despencar um pouco, talvez alguns degraus. Começava a ficar real e aquilo era muito ruim.
Park puxou-me rapidamente pelas escadas rolantes e quando parou no degrau, quase caiu para trás, não conseguindo equilibrar-se onde estava com as mãos, segurei firme em sua cintura, enlaçando seu corpo ao meu e deixando seu rosto um pouco mais a baixo, com meus lábios na altura de sua testa. Sorri e beijei-a.
— Cuidado para não se machucar. — Falei e soltei-o, para que voltasse a sua posição anterior se quisesse.
Mas o incrível foi que ele não voltou para a escada de cima onde anteriormente estava, na verdade Jimim permaneceu em minha frente, no mesmo degrau que eu, suas costas tocando em meu peito levemente e eu automaticamente encaixei minha mão em sua cintura, acariciando sem que ele percebesse e que eu me desse conta. Ele não fez nada e eu não podia ter pedido nada melhor. Era como ter tudo o que eu sempre quis na palma da mão.
— Vamos! — Pegou minha mão animadamente, arrastando-nos para fora da escada rolante.
Nem percebi que não tinha filmado nosso momento na escada, fiquei um pouco triste quando aquela verdade atingiu-me, pois podia ter visto e revisto aquela cena pelo resto de minha vida, até minha mente se convencer de que era real, ou simplesmente fazer daquilo relíquia.
Parei na entrada da loja e peguei a câmera de dentro  bolsa, ligando-a, mexendo nas configurações e ajustando. Eu tinha começado um projeto recente para aprender a editar vídeos e coisas do gênero, talvez eu e o Tae fizéssemos um Canal no Youtube sobre jogos, gosto de testar essas coisas de edição, por isso queria que a gravação ficasse perfeita.
— Kookie, aqui! — Park dava pulinhos e balançava os braços, indicando que estava na área de roupas onde tinha uns espelhos na frente. Sorri e fui andando até ele, enquanto filmava.
— Hyung, diga “Kimchi”. — disse, olhando para ele, ora pela câmera e ora a olho nu.
— O que é isso? — perguntou-me, virando para o espelho e pegando um moletom cinza escuro, colocando na frente de seu corpo, começando a rir por sua imagem, e pela forma como a peça tinha ficado enorme.
Tudo ficava enorme nele, sua baixa estatura por vezes era adorável, tudo que não fosse feito sob medida, ficava sobrando, e isso ia de roupas até o toque de minhas mãos.
— Estou gravando o nosso primeiro encontro. Sorria para a câmera. — comentei e ele começou a dançar com a peça em mãos, girando em seguida para ver a blusa girar e eu fiquei rindo por trás da câmera.
— Ei, Cinderela. — exclamei e o mais velho virou-se para mim, aproximou-se da câmera e sorriu para ela, o mais perto que conseguiu.
— Eu pensei que você não fosse levar-me a sério. — comentou, caminhando pro departamento e procurando algo que pudesse experimentar.
— Mas você não disse que queria? Então, eu só fiz o que você pediu. — falei, enquanto ele corria em direção a uma roupa qualquer que tinha visto.
Meu maior questionamento era: “Como ele conseguia ser extremamente lindo.” Fora isso, nada mais importava.
Depois de começar a experimentar as roupas, Jimin decidiu enfim qual iria levar e eu acabei por não gravar essa parte, ele pediu-me opinião de qual roupa ficaria mais bonita, e em qual delas ele parecia mais bonito a ponto de não conseguirem tirar os olhos dele. Aquela foi uma pergunta realmente engraçada porque, em qualquer das roupas que ele experimentou, eu me sentia incapaz de tirar os olhos dele, era surreal. Se ele me perguntasse verdadeiramente em qual roupa o garoto se apaixonaria à primeira vista por ele, eu realmente não saberia dizer.
Depois que o mais velho comprou as roupas, fomos rapidamente em direção à praça de alimentação, eu não tinha comido nada quando acordei, isso para poder ir mais rapidamente vê-lo, mas aquilo tinha me custado uma barriga reclamando como louca da minha imprudência. Será que os sons que ouvimos da barriga quando estamos com fome, tem algo a ver com uma reclamação?
Ah, mas o que estou pensando? Estou começando a andar muito com o Taehyung.
Sentamos na mesa e Park pediu uma porção de coisas, o que me deixou extremamente feliz. O hyung come pouco, ele tem alguns problemas com o seu peso e se cobra muito em relação a isso, no caso, em relação a continuar magro ou algo assim, no entanto, se ele se visse como eu vejo-o, saberia que ele era esplêndido, não precisava perder nada, daquele jeito era mais do que o suficiente.
Quando ele começou a comer com gosto, senti-me satisfeito.
— O hyung está comendo bem. — comentei, focando a câmera em suas bochechas cheias como as de um esquilo, observando a careta estranha que ele fez ao olhar para a câmera.
— O hyung está muito faminto. Eu estou gostando muito. — disse em resposta, enquanto eu experimentava a comida com a mão esquerda, mas sem tirar a câmera de seu rosto para não perder nada dele.
— Eu também. Está muito bom! Ai! — Ele se impulsionou para frente e deu um tapa em minha cabeça, fazendo-me limpar a mão e massagear o local dolorido em seguida.
— Eu estava falando que estava gostando do encontro, garoto. É o melhor primeiro encontro que já tive, mesmo não tendo tido nenhum antes. Tenho certeza de que nenhum vai superar esse.
— Esse é o seu primeiro encontro, hyung? — perguntei, mesmo sabendo da resposta. Suas bochechas ficaram vermelhas e ele me chutou por debaixo da mesa.
— Sim, é o meu primeiro. E não ria disso! Não há nada de engraçado. — Tentou ser ríspido, mas seu rosto é adorável, não conseguiria nem em um milhão de anos. Abaixou a cabeça. Um grão de arroz ficou preso em sua bochecha e eu deixei a câmera rapidamente em cima da mesa, sem me importar muito com o ângulo da gravação, debrucei-me por cima, indo em sua direção e surpreendendo-o pela aproximação inesperada.
— Tem algo sujo, bem aqui... — disse, tirando o grão de arroz e depois parando, meu rosto bem próximo ao dele. Nossos narizes quase se tocavam, eu sentia sua respiração calma bater contra o meu rosto rosto, e tudo o que eu tinha vontade era de beijá-lo. De me afogar nele até a última gota.
Jimin passou mão em meus cabelos, do jeito terno de sempre, e eu acordei do transe, sentando-me novamente na cadeira à sua frente.
— Talvez eu seja incapaz de comer sem me sujar. — Ele disse rindo e eu sorri, voltando a me perder em devaneios enquanto a câmera fazia o ótimo trabalho de capturar as nuances de sua existência.
O problema real contido nas palavras de Park era que eu nunca iria saber se eram verdadeiras ou não, afinal, aquele dia estava fadado a ser baseado numa preparação para sua saída real com o outro garoto, eu estava ali meramente para ajudá-lo, como num ensaio para o dia da apresentação de verdade, qualquer coisa ali poderia ser falsa, e eu teria de aceitar. Mas, se eu pudesse pedir algo, pediria para que suas palavras sobre o primeiro encontro fossem reais. Eu queria ser o primeiro encontro dele, não só a primeira vez.
Depois que terminamos de comer, ainda ficamos um tempo sentados na mesa, ele olhando para todos os lados e eu olhando apenas para ele, não perdendo a oportunidade de gravar seu rosto sob todos os ângulos.
— Eu vou te bater. — Park disse depois de um tempo e eu dei zoom em seus olhos castanhos.
— Por que, hyung?
— Eu não estou fotogênico hoje. — respondeu e cobriu o rosto, fazendo-me esticar a mão e tentar tirar a sua de lá. Rimos juntos.
— Para mim, você é fotogênico todos os dias. Você é o mesmo Park Jimin bonito, de sempre. — Olhou em direção a câmera ao me ouvir e sorriu. Agradeci a todos os deuses do olimpo por ter conseguido capturar aquela imagem.
— Vamos, Romeu. — Ele disse, levantando-se e estendendo a mão para mim.
— Para onde vamos? — Ouvi um barulho de coisas se fechando e percebi que a praça estava quase vazia, as lojas estavam abaixando as portas de trava. O shopping estava fechado ao nosso redor e eu nem percebi.
— Para casa. Está ficando tarde. — Esperou que eu levantasse e começamos a andar para a porta de saída, que era muito próxima de onde estávamos sentados.
— Eu vou te levar em casa, hyung. Eu tenho que te proteger porque sou mais alto. — disse aquilo para provocá-lo quando chegamos à rua, e ele começou a andar rápido para me alcançar, fazendo-me correr pela rua mal iluminada e rir ao ar livre.
Continuamos a correr por um tempo e eu agradeci pela casa dele não ser demasiado longe, pelo menos aquela comida toda que tínhamos comido não ia me fazer chegar arrastando até lá. Não parei de filmar ele enquanto andávamos na rua, Jimin fez questão de andar um pouco mais a frente e fazer palhaçadas, das quais eu ri. Não sabia se ele sabia que estava sendo filmado, mas tinha graça do mesmo jeito.
Ele sempre fazia aquilo, quer dizer, fazer coisas bobas para me animar, fazer-me sorrir ou qualquer coisa, acho que saber que sou muito tímido, calado e bastante retraído às vezes, deixa-o ainda mais preocupado comigo, desde que entramos na pré-adolescência ele vem tentando arduamente fazer com que eu me sinta mais tranquilo em situações sociais, esse esforço frequente que ele faz para que eu me sinta melhor é um dos grandes motivos —pelo menos um dos mais impactantes—, para eu ter me apaixonado por ele. Se é que essa é a palavra certa para usar.
— Chegamos. — anunciei, deixando-o na porta de casa e guardando minha câmera na sacola específica, dentro da bolsa que estava atravessada — Bom hyung, eu espero que esse primeiro encontro tenha sido bom. Quer dizer, eu não devo ser o melhor namorado substituto, mas...
— Kookie, por que você está se despedindo? Você vai dormir aqui.
Ele fez questão de grifar, de alguma forma, o “dormir”, fez questão de ressaltar e deixar explícito, e eu queria não ter entendido o que aquilo significava. Fiquei parado por um tempo, ainda no batente da porta, olhando para qualquer lugar menos para ele. Eu parecia mais virgem do que ele, para falar a verdade, só faltava minhas pernas começarem a tremer.
— Hyung, você acha uma boa ideia? Eu não avisei a minha mãe ou a sua, elas podem...
— Minha mãe não está em casa Kookie. Anda, entra. — Segurou-me pelo braço e puxou-me para dentro, eu dei uma última olhada para a rua com remorso e um pouco de medo, como se eu não estivesse prestes a ter a melhor noite da minha vida.
Eu conhecia todo aquele espaço ao nosso redor, eu tinha vindo à casa de Jimin mais vezes do que eu, provavelmente tinha ido para a escola, não que eu fosse um aluno ruim, eu sou só preguiçoso quando se tratava de estudos. Sempre gostei mais de coisas animadas. Olhei para o teto, as paredes, o sofá cinza que ficava de frente para uma televisão grande na parede de frente para a porta, tudo isso para não olhar diretamente para ele, ou simplesmente para não parecer o fanfarrão que eu tinha certeza que, se ele prestasse bastante atenção, era o que eu estava parecendo naquele momento.
— Por que você está parado aí como se nunca tivesse vindo em minha casa? Eu vou lá em cima deixar essas coisas e trocar de roupa, fique a vontade. Como se você nunca tivesse ficado. — Virou de costas e ligou a luz do corredor antes de subir.
Eu não sei se tinha comentado antes, mas ele estava todo de preto, calça preta, um casaco de couro preto, uma camisa preta por dentro e um gorro, Park Jimin de preto é com certeza algo. É com certeza um ponto fixo que quando estamos sob a presença, nos sentimos incapazes de tirar os olhos.
Aquela calça skinny era demasiado apertada, e não como se ele estivesse gordo ou algo, e sim porque... Sua bunda é enorme. Mesmo, ficava marcando na calça, e enquanto ele subia as escadas, tive de abaixar-me um pouco para observar ele se afastar escada acima e admirar aquela paisagem.
— Deus me ajude. — sussurrei para mim mesmo, quando percebi os pensamentos que me atingiam enquanto eu tentava arduamente não ter eles, mesmo sabendo que em um curto espaço de tempo, não ia mais precisar limitar-me em apenas pensar aquelas coisas.
Deitei-me no sofá da forma que sempre fazia, chegando a conclusão de que não adiantaria nada ficar tenso ou qualquer coisa, pois isso só iria atrapalhar o desempenho da noite, ele estava com medo de estragar tudo, mas se eu continuasse daquela forma, eu quem iria estragar tudo. Tirei meus sapatos e fiquei apenas de meias, tirei a camisa também porque não é sempre frio em Busan, principalmente no Verão, só não  é mais quente que em Daegu, é o que o Tae não cansa de repetir.
Alcancei o controle da televisão e liguei, deitando a cabeça no encosto do sofá e colocando os braços para trás. Ouvi uns passos descendo as escadas e não importei-me de fato em olhar, eu já sabia que era ele e ainda estava tentando controlar minha respiração. Se eu mudasse o foco, poderia estragar tudo.
— Você quer algo para comer, Kookie?
— Não hyung, eu não estou com... Droga! — Merda, merda! Ele tinha mesmo de fazer aquilo?
Park Jimin estava sem camisa e passando a mão nos cabelos quando eu o olhei, apenas com aqueles shorts curtos e que, em qualquer pessoa funcionaria apenas como pijamas, mas colado em sua bunda parecia uma box, ou algo pior. Ficaria tudo bem se por um acaso eu fosse o Taehyung ou qualquer outra pessoa, mas eu sou Jeon Jungkook, o garoto apaixonado por Park Jimin há tanto tempo que sequer lembra-se quanto.
Pisquei várias vezes e tentei pensar em sol, margaridas, amarelo maduro, transforme esse Jeon Jungkook num rato velho e burro.
— O que foi? — perguntou, vindo em minha direção lentamente, como se estivesse numa passarela e não na pista, no sambódromo do meu coração.
— Você.
— Eu o quê? — perguntou, parando em frente ao sofá e fazendo-me olhá-lo de cima a baixo.
Ah, o doce sabor do inferno...
— Você é o que eu quero para comer.
Eu não fazia ideia de onde aquilo tinha saído, além de ser uma analogia horrível e se era suposto ser uma cantada, era pior ainda como cantada, minhas bochechas ficaram quentes e eu não sabia o que fazer naquele momento, olhei para o chão, desviando e pretendia continuar olhando para ele durante todo o resto da noite, ou até que ele risse da minha cara de panaca e me expulsasse de sua casa.
Surpreendi-me quando Jimin segurou meu queixo entre o indicador e o polegar direito e levantou meu rosto para olhá-lo, tinha um malicioso sorriso no canto dos lábios cheios e seus olhos eram a única coisa que brilhava na luz morta do poste que ficava do lado de fora e penetrava a janela. A televisão iluminava seus cabelos loiros e porra, ele era o homem mais lindo do planeta naquele momento.
Empurrou meu ombro com cautela para o encosto do sofá novamente e colocou uma perna de cada lado de meu corpo, ficando sobre mim, sentando-se delicadamente em meu colo em seguida, as mãos que antes descansavam em meus ombros, agarraram ambas as minhas e colocaram em sua bunda, fazendo-me apertá-la, como se eu não quisesse fazer isso há muito tempo.
Seu tronco foi um pouco mais para frente e ele fez questão de mover o quadril, senti quando seus lábios roçaram em minha orelha com cautela, como se cada toque tivesse a intenção única de me enlouquecer. E iria. E ele sabia, mesmo que indiretamente.
— Tem algo que você queira do hyung, Jeon? — perguntou, baixo como um sussurro e iniciou um beijo lento em meu pescoço, no momento em que sua mão direita adentrou meus cabelos negros e aos puxões, seu quadril movi-ase sobre mim, num vai e vem lento que a qualquer momento podia fazer-me perder o controle que eu estava tentando ter, para não fazer nada.
Apertei suas nádegas com alguma força sem perceber quando ele ajeitou-se sobre meu colo e continuou os movimentos, de maneira marcada e calma, fazendo-me sentir meu meu membro acordando aos poucos, pela mistura daquilo e de tudo o que eu estava imaginando e não conseguia sequer me impedir de o fazer.
— Eu quero você, hyung. — falei ao pé de seu ouvido, tirando a mão direita de sua nádega e adentrando em seu cabelo, puxando-o pelos fios para que seu rosto ficasse na altura de meus lábios e eu pudesse dar um beijo em seu pescoço. Estava começando a entrar na brincadeira, e se ele podia tirar-me do sério, eu também poderia fazer o mesmo a ele.
— Você me quer Jeon? Mas como assim? O hyung não entendeu muito bem.
— Eu quero você desse jeito. —Subi minha mão direita lentamente por sua coxa, para que ele se arrepiasse, mesmo que meus lábios que deixavam um beijo lento e molhado em seu pescoço já estivessem ajudando nesse trabalho. Minha mão alcançou a parte da frente de seu short curto e eu senti o membro dele aos poucos se enrijecendo, como o meu, acariciei-o por cima do tecido e com o polegar, fiz movimentos rápidos em sua glande.
Jimin apoiou a cabeça em meu ombro e gemeu para mim, baixo e manhoso, como se não quisesse fazer barulho, mas aquele tinha sido, porra, surreal. Mordi meus lábios para não perder o controle. Tudo seria melhor se fosse devagar.
Era o que eu pensava.
Nós estávamos nos toques ainda, toques normais que eu faria com ele caso me pedisse qualquer dia, não vem ao caso o fato de eu ter desejado-o desde sempre. O fato era que, ainda não tínhamos sido íntimos o suficiente, aquilo não tinha se tornado real o suficiente... Então ele me beijou.
Park Jimin afastou sua cabeça que estava apoiada em meu ombro e me olhou, da forma como eu o olhava sempre: Como se eu fosse único no mundo, puxou minha cabeça para trás pelos cabelos e aproximou-se, fazendo sua respiração quente e descompassada bater em meu lábios pequenos e finos.
Fechei meus olhos de imediato, queria estar totalmente imerso, o gosto que chegou para mim era como morango e baunilha, ele tinha um sabor doce e era como veneno, como algo que eu só havia sonhado experimentar em meus mais devassos sonhos. O mais velho segurou meu cabelo sem cuidado na nuca, no momento em que agarrou meu lábio inferior, fazendo-me abrir os lábios para arfar e permitindo que nossas línguas entrassem em contato pela primeira vez na noite. Fiz questão de fazer os primeiros movimentos, minha língua tocou a dele várias vezes seguidas, como uma provocação, fazendo com que ele desejasse me sentir mais, como eu queria senti-lo também.
Apertei sua bunda com força e aquilo foi suficiente para que o garoto voltasse a mover-se sobre meu colo. Ia para frente e para trás sobre mim e mesmo sobre a calça, sentia meu membro totalmente acordado e os movimentos ainda pareciam ser efeitos exatamente na linha de fogo. Nossas línguas entrelaçavam-se e no momento em que faziam sons úmidos, seu rebolar tornava-se tão intenso que se eu estivesse de olhos abertos, estariam revirados e eu certamente estaria delirando.
Findamos o beijo apenas quando precisei de ar e ele gemeu, roçando seus lábios grossos nos meus. Chupei seu  inferior e mordisquei-o, puxando-o para mim, fazendo o mais velho resmungar, mais uma vez daquele jeito manhoso. Até o fim da noite aquilo levaria-me a loucura.
Jimin afastou-se de mim e levantou-se de meu colo, eu não sabia para quê mas olhei-o da mesma forma, joguei meus cabelos para trás com a mão direita no mesmo momento em que ele afastou minhas pernas e ficou em pé entre elas, colocou a mão na barra de seu short e por dois segundos eu olhei para o teto e pedi que alguém me oferecesse ajuda, porque eu estava indo em direção a um abismo. Descia a peça com calma e rebolava como se seguisse as batidas de uma música, enquanto fazia isso, na sala, o único barulho era o baixo da tevê e minha respiração descompassada. Coloquei a mão em minha calça e comecei a abrir o zíper no momento em que ele abaixou-se para terminar de descer seu short e ficou praticamente empinado em minha frente. Céus! Eu não era de ferro, nem de longe.
Quando Park abaixou-se para pegar o short do chão, levantei-me um pouco do sofá e despi minha calça e minha box finalmente, deixando os dois aos meus pés, o de cabelos loiros pegou as peças e jogou-as longe, demorando-se ainda mais um pouco com o seu próprio short em mãos e o rodando, jogando também, ele deveria estar me desafiando a olhar para algum lugar que não fosse para ele, mas eu tinha Park Jimin pelado, duro, suado e com os cabelos bagunçados em minha frente. Para onde mais eu deveria olhar?
Segurei sua cintura e puxei-o com força para sentar-se sobre meu colo e o garoto não fez nenhuma objeção, apenas sorriu malicioso para mim. Depois que o puxei, ele ajeitou-se sobre meu colo, e fez questão de me martirizar, sentou-se exatamente com meu membro entre suas nádegas e eu pensei que ele não era capaz de fazer algo como aquilo. Ah, mas ele era!
— Você gosta quando o hyung se movimenta assim, Jeon? — perguntou, sussurrando em meu ouvido e começou a mover-se lentamente, meu membro fazia um movimento de vai e vem entre a bunda de Park. Sentia-o pulsar, agora sem o tecido o sufocando, estava ficando impossível.
Joguei minha cabeça para trás e apoiei-a no sofá, ambas as mãos em suas nádegas e ele ajeitou-se novamente, aproximou seu rosto de meu pescoço no momento em que eu concordei com a cabeça, gemendo grave por ele ter aumentado a velocidade dos movimentos.
Dei um tapa forte e intenso em sua nádega direita, apertando-a em seguida e fazendo-o gemer alto com a ação, pensei que o mais velho reclamaria, apesar de eu não ter feito nem e longe por querer, foi involuntário. Ao contrário, quando eu apertei ele começou a gemer mais continuamente em meu ouvido, gemia devagar e baixinho, intercalando entre sua respiração ofegante e os movimentos iam aumentando a medida que tudo acontecia, eu coloquei a mão em seu cabelo e puxei-o novamente, e dessa vez não esperei que ele fizesse nada.
Começamos a nos beijar novamente e vi sua mão buscar por algo na estante que tinha perto do sofá, ouvia os barulhos de coisas remexidas mas não me importava de verdade o que estava acontecendo, só me importava a forma como sua língua se movimentava, agora rápido na minha e em como minha glande, por um momento, encostou em sua entrada e gememos em sincronia. Porra, aquilo era o céu!
Foi a vez dele morder meus lábios e afastar-se calmamente, em minha frente, ele abriu o pacote do que estava procurando no momento em que estávamos nos beijando e eu entendi que, tudo aquilo, as provocações e preliminares realmente eram reais, nós éramos reais, de um jeito confuso e de um jeito superficial eu ia ter Park Jimin essa noite, para mim.
Com a mão direita ele desceu a borracha com os dois dedos pelo meu membro e voltou seus lábios para o meu pescoço, distribuía beijos leves e lentos, fechei meus olhos para senti-los, o que durou pouco tempo, pois em seguida senti meu membro adentrando-o.
— Jeon... — chamou meu nome baixinho ao pé de meu ouvido, e aquilo soou tão erótico quanto os gemidos que eu próprio deixava escapar enquanto sentia meu membro encaixar-se tão perfeitamente em Jimin.
— Sim... hyung. — Mordi meus lábios quando, depois de um tempo —que eu julguei necessário para que ele se acostumasse com a situação—, voltou a mover seu quadril.
Pendi a cabeça para trás e gemi novamente, Park entrelaçou nossos dedos e apertou-os.
— Eu sou seu essa noite. — Aquilo foi tudo o que eu sempre quis ouvir, fosse por uma noite ou pelo resto da vida, ele era meu.
Jimin começou a movimentar-se de forma mais rápida e à medida que seus movimentos aumentavam, os gemidos aumentavam também, pendia a cabeça para trás e os primeiros sons eróticos que nossos corpos faziam quando se chocavam estavam surgindo, fazendo com que meu membro pulsasse em seu interior e eu sentisse que, a qualquer momento, iria perder os sentidos.
Desci um pouco mais o meu corpo para auxiliar meus movimentos e comecei mover-me junto com ele, ajudando-o a aumentar seus movimentos cada vez que eu investia, para cima e para baixo, tornando a intenção de alcançar o seu ponto, possível, enlouquecendo-o tanto quanto eu, só por ouvir sua voz daquela forma, por minha causa.
— Jungkook-ah...! — gemeu meu nome quando meus movimentos foram ficando mais desordenados, eu segurava sua cintura e a apertava com força, provavelmente ficariam as marcas dos meus dedos, mas eu não me importava e nem ele.
Novamente e agora de forma contínua, nossos corpos faziam sons altos quando se chocavam, e reverberava pela casa vazia e com todas as janelas fechadas, meu corpo suava, meus cabelos caíam sobre minha testa e quando eu abri os olhos, Jimin estava com a mão direita em seu membro, masturbando-se para mim. Gemi alto e aumentei a velocidade de minhas investidas , fazendo com que ir fundo fosse cada vez mais fácil.
Chamou meu nome três vezes e eu estava enlouquecendo, coloquei a mão em sua nuca e puxei-o, precisava do gosto de seus lábios, precisava que ele gemesse com sua pele tocando a minha, para eu saber que aquilo não era fantasia, e que eu não era o único que estava enlouquecendo naquele cômodo.
Não durou muito depois que começamos o beijo, me desfiz em seu interior um pouco depois de ter aberto meus olhos pela segunda vez e ter visto ele rebolando sobre meu membro e movendo sua mão de maneira veloz. Ele era gostoso demais para ser real, eu não conseguia lidar. Jimin moveu-se um pouco mais sobre meu membro e moveu um pouco mais rápido a sua mão depois que eu tinha chegado ao meu orgasmo, para que ele chegasse ao seu também.
Depois de um tempo, ele se desfez em sua mão mas melou o meu peito junto, fazendo-me olhar para baixo apenas para sorrir para a bagunça que ele tinha feito e nem por um momento reclamar de nada. Aquilo não era ruim nem de longe, era o paraíso.
Jimin ficou sentado sobre mim, com a cabeça encostada meio em meu ombro e meio no sofá, tentando recuperar sua respiração. Eu sei que parecia estúpido, romântico e ridículo, mas eu tive vontade de beijar sua cabeça, então apenas o fiz. Deixei diversos beijinhos ao lado de sua cabeça e ele afastou o rosto, olhou para mim e sorriu, aproximando-se e dando um selinho em meus lábios. Aquilo também não parecia real, quer dizer, um selinho era algo muito... Sentimental. Será que ele sentia algo por mim também...? Será que o garoto que ele estava falando era eu e toda aquela história foi um pretexto para...?
Não. Eu estava apenas pensando o que eu queria que fosse verdade, mas sabia que não poderia ser.
Devolvi o selinho e ele ajeitou-se sobre mim, passando a mão por seus cabelos e a língua sobre os lábios, daquele jeito que ele não devia ter noção do quão sexy ficava.
— Que tal um banho? — perguntou, retirando meu membro de seu interior e levantando-se de meu colo, estendendo a mão para mim. Olhou para trás e sorriu, esperando que eu pegasse a mão.
Mesmo que fôssemos melhores amigos e essa coisa toda, ainda era muito estranho o fato de não falarmos nada a respeito, ele simplesmente agia como se aquilo acontecesse o tempo inteiro, como se... transássemos todo o fim de semana. Uma amizade colorida viria a calhar. A sério, eu estava tão miseravelmente apaixonado por Jimin que, se ele dissesse que queria me beijar quando não tivesse ninguém melhor para o fazer, eu aceitaria. Patético. Mas ele não faria isso, pois esse não era o meu Park Jimin.
Segurei sua mão e continuei pensando sobre isso escada acima, sobre o fato de parecer tão normal tudo o que tinha acontecido e em como... meu nome parecia se encaixar tão bem em seus lábios.
Chegamos ao banheiro e ele ligou a luz, sem soltar minha mão direita que estava com os dedos entrelaçados aos seus, aquilo era tão adorável que eu estava pirando, provavelmente gritando por dentro sem querer admitir. O menor saiu para pegar uma toalha e eu olhei-me no espelho, admirando as marcas de suas unhas que ficaram em meus ombros e eu nem sabia em que momento ele tinha feito aquilo, as marcas de arranhões em meu peito e as marcas em meu pescoço, sorri para todas elas, era como uma marca, uma marca para que eu não me esquecesse que Park Jimin esteve ali. 
Jimin abraçou-me por trás e deslizou as mãos do meu abdômen em direção ao meu peito, alisando os locais aos quais eu estava olhando um momento atrás, colocou seu rosto do lado direito de meu corpo e deu um beijo em meu ombro.
— Eu deveria ter escrito meu nome. — disse e riu — Desculpa por isso. — pediu e virou-se de costas, andando em direção ao chuveiro e deixando-me com uma visão sensacional de seu corpo, suas nádegas tinham as marcas vermelhas dos tapas e da forma como eu o tinha apertado, como eu tinha pensado anteriormente que ficaria. Eu sorri com a visão, com as marcas feitas por mim em sua pele, e em como eu concordava que ele deveria ter escrito seu nome em mim.
Até porque dele eu sou há muito tempo. Ele só não sabe disso.
Entrei no box e fiquei muito próximo a parede, observando seu corpo pequeno ir para debaixo da água e molhar os cabelos loiros, levantou suas mãos e caminhou-as pelos fios, forçando seu abdômen e mostrando a forma como ele era definido e eu sempre soube daquilo, mas agora ele estava sem roupa e molhado, tínhamos acabado de fazer sexo, e ele tinha gemido meu nome tão alto que eu ainda ouvia em meu ouvido... Aquilo era um caso extremo de concentração para não ficar duro.
Percebeu que eu admirava seu corpo um pouco depois que parou o que estava fazendo, mas eu parecia não ser capaz de parar de olhá-lo. Como sempre. Park colocou seus braços ao redor de meu pescoço e deu-me alguns selinhos seguidos, abracei sua cintura sem questionar, apenas deixando-me levar. O mais velho levou-nos para debaixo da água e parou de beijar-me, rindo por água estar atrapalhando nosso beijo. Sorri em meio aos seus lábios, pura simplesmente porque eu o tinha em meus braços e parecíamos tão casal naquele momento, que eu não queria que ele se movesse um centímetro.
— Jeon, tem mais uma coisa que... Sabe, eu queria saber se sou bom, caso eu... Bom, precise. Eu não sei. — Começou a falar e embolou-se no meio, coloquei minhas mãos em suas nádegas e acariciei-as, principalmente na parte de baixo, onde eu pude segurá-las, olhei para o menor e esperei-o completar o que queria dizer.
— O quê, hyung? — perguntei e ele sorriu de canto para mim, não sabia o que aquilo significava, então apenas continuei com as mãos em sua bunda.
Jimin deu-me um selinho e começou a abaixar-se no chão do banheiro, desligou o registro do chuveiro e sentou-se sobre seus joelhos, ambas as mãos no colo e olhou para cima, fazendo-me olhar em seus olhos. Sorriu daquele jeito que fazia seus olhos minúsculos e então segurou minhas coxas. Oh Deus! O que eu tinha feito para merecer tudo isso?
Jimin ergueu-se um pouco mais e ficou sobre os joelhos, segurou a parte de trás de minha coxa para lhe dar estabilidade e pôs a boca em meu membro, senti sua respiração quente bater em minha glande e fechei meus olhos com força, aquilo seria interessante. Principalmente porque era a primeira vez que eu recebia um oral.
Meu membro começou a adentrar sua boca e eu fui sentindo o calor recobrindo-o, a umidade não era o único problema, ele começou a empurrar as veias saltadas com sua língua e eu tive de segurar seu cabelo naquele momento, encostei minhas costas na parede para não acontecer uma tragédia, quando tudo aquilo começasse de verdade.
Jimin olhou-me e começou a fazer movimentos intensos com sua boca em minha glande, sugando e tornando o som cada vez mais alto por causa do lugar onde nós estávamos. Encostei minha cabeça na parede, segurando sua cabeça com ambas as mãos e querendo implorar para ele, por favor, nunca mais tirar seus lábios dali. Quão virgem eu poderia soar?
— Ah, hyung...! — Eu iria gemer seu nome mas... Para o inferno, qualquer coisa servia.
Park iniciou os movimentos verdadeiramente depois de ouvir aquilo e sorrir, segurei seu cabelo e empurrei sua cabeça de leve, não queria que ele se engasgasse, mas aquilo estava bom demais para que eu ficasse parado. Olhei-o e ele também estava olhando para mim, sorriu quando aumentou seus movimentos e parou em seguida, para passar a língua por toda a extensão e, porra, aquele garoto queria me enlouquecer, como conseguia ser tão sexy?
Sugou forte minha glande novamente e continuou trabalhando, enquanto com a mão masturbava o resto de meu membro, fechei meus olhos e apenas me permiti imaginar coisas tão sujas que provavelmente se ele soubesse que eu pensava coisas daquele tipo, saberia que aquela não significava “só uma noite” para mim. Apreciei os sons, os movimentos, lembrei-me dos sabores e tudo o mais, e ele também parecia estar apreciando.
Segurei seu cabelo forte quando ele moveu sua boca rapidamente e eu senti que, a qualquer momento eu poderia apenas desfazer-me.
— Jimin-ah, eu acho que vou... Ah! — Falei entre gemidos, a respiração ofegante e acabei por não aguentar muito mais, desfiz-me em sua boca, mas ele tirou meu membro de lá antes disso e fez com que eu gozasse em seu rosto, melando ele.
Park esperou que eu olhasse-o, quando olhei, passou o dedo no que eu tinha deixado em seu rosto e, depois de engolir o que estava em sua boca, colocou o dedo em sua boca e chupou lentamente.
Céus, eu tinha a certeza de que poderia ficar naquela cama com ele por todo a noite, madrugada e o fim de semana inteiro.
Apenas segurei seu queixo e o puxei para cima, puxei-o para mim, onde ele colocou seus braços ao redor de meu pescoço e começamos a nos beijar. Aquela era a ladeira em que eu comecei a pensar que talvez eu pudesse ter alguma chance.
Depois de tudo, depois de termos tomado banho, eu enrolei ele na toalha e enrolei minha cintura também, pegando sua mão e levando-o para o quarto, como se a cama fosse minha e não dele, mas era quase isso, eu já tinha dormido tantas vezes com ele ali, que o lado esquerdo da cama até mesmo tinha o meu cheiro.
Ao chegarmos no quarto, Jimin sentou-se na cama e eu fui procurar qualquer roupa minha que estivesse em uma de suas gavetas, nos conhecíamos há tanto tempo assim, mas sempre que eu ia lá, acabava esquecendo alguma coisa minha em seu quarto. Talvez eu tivesse a esperança de que, qualquer dia, eu não precisasse mais tirar as coisas de lá.
Sequei os cabelos dele e os penteei, depois que ele vestiu seu moletom e um short.
— Eu me sinto uma criança. — comentou, enquanto eu penteava e secava seus cabelos com o secador. Eu ri, daquele jeito aberto e gostoso que eu só sorria quando estava com ele e talvez tenha sido a primeira vez que ele tinha percebido pois sorriu em seguida.
— Mas você é, olha o seu tamanho. — comentei, terminando de pentear seu cabelo e afastando-me para pendurar a toalha no banheiro e guardar o secador. Deu-me um tapa forte na bunda antes de eu sair, isso pelo que eu tinha dito.
— Ya! Não importa se eu sou menor, o que importa é que eu nasci em Busan primeiro. — respondeu, me dando língua como se ele não fosse adorável e aquilo fosse realmente relevante.
Ri novamente, desliguei a luz do banheiro e do quarto, encostei a porta e tranquei à chave, mesmo que estivéssemos sozinhos, era sempre uma mania minha. Talvez eu tivesse medo de acordar e ele não estar ao meu lado ou qualquer coisa, era sempre assim.
Deitei em meu lado na cama e ele rapidamente veio deitar-se em meu peito, na maioria das vezes dormíamos juntos mas não colados daquele jeito, só ocasionava de eu acordar abraçado  com ele e suas mãos junto as minhas. Sorri por ele ter feito aquilo e observei seu rosto ser iluminado pela fraca luz do abajur. Passei a mão em sua testa e tirei os cabelos loiros de sua testa que caiam em seus olhos, ele parecia cansado e com sono, apenas deixei-o do jeito que estava.
— Obrigado, Yoongi! — Jimin disse depois de um tempo em que eu estava fazendo carinho em seus cabelos e senti como se meu mundo estivesse caindo aos poucos, o chão estivesse ruindo debaixo de meus pés ou algo muito parecido.
Yoongi.
Então era esse o nome do garoto sortudo que tinha conquistado o coração do meu garoto.
Sorri afetado pelo que ele tinha dito, mas não tirei minhas mãos de seus cabelos. Ainda com a luz do abajur, comecei a pensar no que o amor significava, era engraçado ver a forma como o Taehyung se dedicava ao Hoseok hyung e vice-versa, eles faziam tudo um pelo outro e, quando não faziam, via-se no rosto um do outro o quanto se amavam, pois estavam sempre juntos, e quando estavam juntos, estavam felizes.
Estar junto.
Talvez fosse isso que significava amar alguém de verdade, estar junto dessa pessoa, independente de qualquer adversidade, fazia você sentir-se completo e inteiro, e era assim que eu me sentia quando estava com o Jimin. Desde o primeiro momento que nos tínhamos conhecido, ele foi como um porto seguro para mim, eu era apenas um garoto tímido que sentia falta dos pais vez ou outra, visto que eles viviam viajando, eu era só um garoto retraído que conheceu o mundo pelos olhos doces de um garoto adorável.
Fiz carinho no rosto do garoto deitado em meu peito e que já tinha começado a respirar lentamente, o que indicava que estava dormindo. Eu acho Jimin lindo, mesmo, os detalhes de seu rosto são impressionantes, pareciam combinar, quer dizer, pareciam fazer o casamento perfeito, até mesmo aquela imperfeição em seu dente, pareciam fazer dele o pacote completo. Acariciei seus lábios e sorri mais uma vez, lembrando-me dos momentos de umas horas atrás, o gosto doce de seus lábios e a forma como ele parecia completamente meu naquele momento. Às vezes a saudade é muito mais do que sentir falta de algo que se foi, às vezes significa sentir falta do que nunca vai acontecer, eu já sentia falta do casal que eu nunca seria com ele, e se eu pudesse pedir uma única coisa, pediria apenas para ser esse tal de Yoongi. Não achando que eu tenho o amor maior do mundo, mas com certeza ele não sentia metade do que eu sentia.
Beijei sua testa um minuto antes da luz do abajur piscar e Jimin ajeitar-se um pouco sobre mim. Aquela era a primeira vez que eu tinha vontade de compreender porque eu tinha me apaixonado por ele, agora que ele estava em meus braços, mas ainda não era meu. Pensei por bastante tempo e nada me ocorreu antes de sua mão pequena sair de debaixo de seu corpo e tatear o meu, em busca de minha mão, alcancei a sua e a entrelacei nossos dedos. Senti um frio na barriga que eu só experimentava sentir quando estava em sua presença e assim, obtive a resposta para minha pergunta, eu amava Park Jimin porque ele fazia-me flutuar, com os pés fora do chão. É uma explicação idiota, mas quando estou com ele, sinto-me feliz e a felicidade era o suficiente para mim.
Ser apaixonado por Park Jimin é estar feliz todo o tempo em que ele está presente, isso não é apenas um presente, é uma dádiva.
— De nada, hyung. Dorme bem. Eu te amo. — disse a última frase baixinho, como se aquilo fosse um segredo e vi ele dar um sorriso simples, um pouco antes de eu desligar o abajur e ver o quarto ser engolido pela escuridão da noite.
Eu não costumo ser melancólico desse jeito, no entanto eu estava triste. Triste por aquela ter sido a melhor noite da minha vida, por eu ter dormido com aquele que tinha sido, de longe, o meu primeiro amor. Triste por amar o garoto que estava deitado em meu peito, mas saber que ele não será meu, nunca, é o que deixava-me mais triste. E mesmo triste, ambiguamente estar feliz por poder amá-lo. Mesmo que fosse um amor singular e não recíproco. 
Você é um trouxa, Jeon Jungkook.
Foi o que eu pensei, um pouco antes de fechar os olhos e sonhar que, num universo paralelo, Jimin segurava minha mão e dessa vez ele era finalmente, meu.

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