👹 O Park 👹

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"Chegou mais um!" A voz de Jongin soou alta e me irritou.

Não era difícil me irritar, na verdade era bem fácil, mas desde que a aura de Hades tomou todo meu corpo, eu tenho me irritado mais facilmente.

Cérbero rosnou, se mostrando tão irritado quanto eu, mas mesmo assim me levantei do trono de caveiras e fui até a parte de fora do grande castelo.

As opções eram: mais uma alma inútil tinha chego, ou minha querida mamãe resolveu fazer uma visitinha. Espero que a segunda opção seja coisa da minha alma perturbada, porque sou capaz de causar outra guerra com Zeus se Perséfone aparecer na minha frente.

"O inferno tá ficando super lotado." Kyungsoo, cuidador de Cérbero, apareceu ao meu lado, a aura cansada e ruim dele me deixando tonto por segundos.

Algo que eu aprendi sendo o rei do submundo é que, aqui existem almas piores que a minha, coisas realmente ruins existem aqui. Não tem beleza, sol, chuva, só tem pessoas chorando ou rindo alto demais, pessoas se arrastando e se lamentando, almas imundas que só estão esperando para serem exiladas.

Esse é meu trabalho, eu sou o juiz e eu decido se dou paz para a alma deles ou se eles continuam sendo atormentados para sempre.

Eu escolho o tormento, claro, preciso garantir minha diversão.

A única alma que eu queria que seguisse intacta era a do filho de Vênus, mas ultimamente, algo tem me barrado quando tento entrar em seus sonhos e o dizer para continuar vivendo. Eu fazia muito isso, eu entrava em seus sonhos e o dizia que dias melhores iriam vir, que ele era o ser mais puro do mundo e belo do mundo, que ele tinha tudo.

Ele não acreditava em mim. Ele tinha pesadelos e mesmo que eu tentasse o proteger dele, eu tinha limites, a Terra era de Zeus, e eu sabia que não podia interferir em grandes coisas por lá.

Eu podia causar pequenos acidentes, claro. Ultimamente eu tenho adorado coagir pessoas a ameaçarem umas as outras, ou coagir adolescentes a usarem coisinhas para acabar de foder o que já está fodido.

Qual é, eu sou um demônio, não espere grandes coisas vindas de mim. A menos que essas coisas sejam para Jimin, se for para ele, são só flores.

"Claro que tá super lotado, pessoal lá da terra tá vacilão pra caralho." Revirei os olhos, acariciando as três cabeças de Cérbero.

"E você acha que eles tem medo do diabo, Jeongguk?" Kyungsoo revirou os olhos, respirando fundo.

"Se até Perséfone tem, porque eles não vão ter?" Jongin respondeu por mim, aumentando meu ego.

"Vim aqui dizer que um velho está fazendo bagunça na entrada, diz que estamos mentindo e que ele não morreu." Kyungsoo cruzou os braços, a aura se tornando algo muito próximo do tédio.

Ainda sem responder, notei quando Jongin abaixou a cabeça levemente ao se aproximar de Kyungsoo, de forma quase submissa. Relacionamentos por aqui eram para lá de tóxicos, poucos, ou talvez somente um, era realmente saudável e envolvia sentimentos de verdade.

Acho que aquilo não se encaixava no relacionamento dos dois, ja que Jongin parecia tão submisso que machucava meus olhos.

"Me leve até ele, então." Suspirei, enrolando a coleira de Cérbero melhor em meu pulso.

O fato de Cérbero estar quase correndo em minha frente enquanto a coleira de ferro machucava meu pulso não me incomodou tanto. Eu não sentia dor, um leve incômodo talvez, mas dor, não.

O senhor estava gritando, se ajoelhando e xingando. Eu não sabia se ria da cara dele, se chorava por ele estar gritando tanto, se soltava Cérbero na sua cara, ou se me assustava com a semelhança que ele tinha com o filho de Vênus.

O meu filho de Vênus.

"Quem é você?" Perguntei, Jongin e Kyungsoo ao meu lado.

"Quem é você pergunto eu, moleque! Me mande para casa agora!" Se levantou, gritando. Ele ia se aproximar de mim se Cérbero não tivesse rosnado pra ele. "Que aberração é essa?"

"Ele falou do meu bebê? Ele fez isso?" Kyungsoo perguntou para Jongin, parecendo chocado.

"Circulando, vrómikes psychés*." Jongin gritou, as pessoas que estavam ali murmurando entre si sairam rapidamente, empurrando uns aos outros.

"Olha aqui, seu filho da puta imundo, não fale, nem mesmo olhe para Cérbero." Kyungsoo rangeu, os olhos vacilando entre o castanho e o preto. "Entendeu?"

"Vocês são malucos! Me mandem de volta!" O velho voltou a gritar.

Entreguei a corrente da coleira de Cérbero para Kyungsoo e me aproximei do velho, segurando seu rosto com as minhas mãos. Ele tentou se afastar, mas apertei ainda mais seu rosto, olhando diretamente em seus olhos.

Park Sungmin, cinquenta e sete anos, aniversário no dia vinte de Setembro, morreu de overdose de remédio. Batia na esposa e a ameaçava para que ela não conseguisse o divórcio, tinha dois filhos, uma garota e um garoto. A mulher e a filha morreram em um acidente de carro, ele mesmo provocou um acidente, bêbado o suficiente para culpar o filho adolescente por um erro que ele cometeu.

E, o pior, ele não estava arrependido. Ele nunca esteve, era um doente do caralho.

Jimin era seu filho. O filho que ele culpou, o filho que ele expulsou de casa, o filho que ele não deu nenhum tipo de apoio ou amor, o filho que ele culpou pela morte da esposa e da filha.

Era aquele, então, o homem que fazia o coração de Jimin doer tanto.

"O que você fez comigo?" Ele se afastou de mim, seu nariz sangrando enquanto ele cambaleava para os lados.

"Jongin." Chamei, ainda encarando o outro homem. "O leve para o escuro, o acorrente e não deixe que os gritos cheguem até mim."

"Sim, senhor." Jongin apagou o homem com um soco antes que ele começasse a gritar. "Não ouvirá seus gritos."

"Não quero ouvir, mas quero que grite." Deixei claro, e então, olhei para Kyungsoo. "Cuide de Cérbero, tenho algo para fazer."

"O que?" Kyungsoo franziu o cenho, ainda segurando a corrente de Cérbero.

"Preciso achar Jimin."

|Eu prometi que seria o último, não prometi? Mas não vai rolar, eu preciso explicar algumas coisas e preciso de pelo menos dois capítulos a mais pra isso.

|Me desculpem mesmo, mesmo.

|Atualização agora é dia 20. Me esperem, ok?

Ilha de Afrodite ~ pjm + jk ~Onde histórias criam vida. Descubra agora