Era madrugada de domingo e a viagem parecia não ter fim. Edrick Cross havia dormido praticamente a viagem inteira e ainda assim, estava muito longe de seu destino.
Ele e sua irmã mais nova, Elizabeth Cross, mudaram-se para Leerson, uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Eles estavam dispostos a iniciarem uma nova vida juntos.
Os irmãos Cross não eram muito próximos na infância. Edrick era bem reservado e gostava bastante de ficar em seu quarto, quieto e sem socializar até mesmo com a própria família. Claro que isso não queria dizer que ele nãoos amava.
Porém com o passar dos anos. Elizabeth cresceu e deixou de ser uma criança boba e começou a gostar das mesmas coisas que Edrick. Como série, filmes, músicas, etc. Com isso os dois ficaram próximos e criaram um carinho especial um pelo outro.
— Ah! Eu não aguento mais esse ônibus — reclamou Elizabeth encarando com tédio a escuridão da madrugada pela janela.
Ela fez dezessete anos a poucos meses, mas se alguém falasse que tinha doze, facilmente enganaria todo mundo.
Elizabeth era muito pequena com um rosto redondo e infantil. Tinha cabelos negros, cacheados e bem volumosos. Era uma menina linda, porém não tinha freios na língua. Falava o que queria e não ligava para o que pensavam.
Edrick não era alto, porém era mais alto que Elizabeth e por isso sempre tirava sarro da irmã. Com cabelos bem curto, não tinha muito o que se destacar. Usava óculos quadrados e era tímido demais para olhar diretamente nos olhos das pessoas.
— Relaxa Beth, acho que estamos quase chegando — comentou ele por fim.
— Foi o que você disse ontem a tarde Ed — argumentou Elizabeth.— e aqui estamos. Completando quase dois anos de viagem.
— Não seja dramática irmãzinha. Foram apenas dez horas — Edrick deu um amável abraço em Elizabeth e bagunçou seu cabelo. Um hábito que ele ganhou com o tempo e sua irmã retribuiu com um sorriso.
— Vou fazer o "numero um" já volto.
Elizabeth levantou-se para ir ao banheiro. As luzes do ônibus foram desligadas a meia-noite para que todos pudessem dormir em paz. Porém era muito difícil se locomover naquele breu. Então Elizabeth decidiu ligar a lanterna do celular.
Era estranho como aquele ônibus estava vazio. Além dela e do irmão, havia somente mais dois passageiros. Eram idosos e tinham um ar triste e solitário.
Elizabeth ficou seriamente amedrontada ao se imaginar velhinha e sozinha em um ônibus vazio, voltando para sua casinha em uma cidade no meio do nada. Não, eu sou linda e inteligente demais para terminar assim disse para si mesma afastando aquele bobo pensamento da cabeça.
Chegando ao banheiro Elizabeth ligou o interruptor, mas as luzes não acenderam.
— Era só o que me faltava — disse ela em tom rabugento ligando e desligando freneticamente o interruptor, como se aquilo fosse fazer a lâmpada voltar a vida. Por fim ela desistiu e teve que urinar no escuro.
Estava tão silencioso e frio que parecia que a escuridão estava apertando-a. Ela não sabia o que era pior, ficar com a lanterna do celular acesa com a sensação de que vários olhos ocultos a observava, ou ficar na completa escuridão sentido que a qualquer momento alguma coisa iria agarra-la.
Quando foi procurar papel higiênico para se limpar o ônibus tremeu bruscamente. Fazendo a água do sanitário respingar em suas nádegas.Elizabeth amaldiçoou o motorista. e quando se sentou ao lado do irmão, estava vermelha de fúria.
— Esse imbecil deve achar que está carregando mulas — ela falou bem alto para que o motorista a ouvisse bem.
Edrick, calmo como sempre, abraçou a irmã e pediu para ela se acalmar, mas dessa vez Elizabeth não recebeu o abraço de bom grado e se libertou dos braços do irmão.
— Eu disse que era melhor a gente ter pago mais caro e ido de avião, Ed. Uma hora dessas a gente já havia chegado e mobiliado a nossa casa.
Era a terceira vez que Elizabeth dizia que deveriam ter viajado de avião e pela terceira vez Edrick teve que explicar.
— Beth, você sabe muito bem que precisamos economizar. A viagem por avião estava dando o triplo do valor que pagamos nesse ônibus. Não tem aeroporto em Leerson. Teríamos que pegar um ônibus depois de qualquer forma.
Sem argumentos a seu favor Elizabeth decidiu ficar em silêncio e logo adormeceu. Edrick se sentiu agradecido pelos minutos de paz, adormecendo também em seguida.
Uma súbita parada do ônibus fez com que Edrick despertasse. Estava escuro, mas amanhecendo.
O clima estava frio e havia uma neblina bem densa do lado de fora. Edrick deslizou os dedos na janela embaçada fazendo desenhos sem formas. Elizabeth também despertou.
— Chegamos? — perguntou ela esfregando os olhos, sonolenta e espreguiçando.
— Parece que sim — respondeu Edrick incerto.
Só quando se levantaram que eles perceberam que estavam sozinhos no ônibus. Aquilo deixou Elizabeth um pouco perturbada.
Dava para ver o medo surgindo em seus olhos. Edrick também sentiu um arrepio na nuca, mas conseguiu disfarçar.
Quando Edrick abriu a porta que separava a cabine do motorista da dos passageiros. Foi que as coisas ficaram mais estranhas.
O motorista não estava lá e nem do lado de fora do ônibus. O veículo foi abandonado na estrada, encostado em frente a um poste que tinha uma luz fraca que piscava irregularmente. Não havia nada além de matagal e neblina onde quer que os dois olhassem.
— Onde está todo mundo Ed? — perguntou Elizabeth com a voz trêmula e preocupada.
Edrick não falou nada, mesmo por que, não tinha nada o que dizer para acalmar a irmã naquele momento. Em silêncio, ele abriu o porta malas lateral do ônibus e retirou suas malas.
— Vamos logo - respondeu por fim — provavelmente eles foram na frente, olhe — Edrick apontou em direção a enorme placa verde enferrujada escrito "Bem Vindos a Leerson".
Nada convencida Elizabeth forçou-se a seguir o irmão.
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A cidade de Leerson
Mystery / ThrillerTudo começou quando dois irmãos, Edrick e Elizabeth Cross se mudaram para Leerson, uma pequena cidade do interior dos EUA, para construir uma nova vida juntos, mas bastou apenas poucas semanas para eles notarem que havia algo de anormal na pequena...