Onde a Moly volta para o lugar que a atormentava durante a adolescência, e onde foi rejeitada, mas não pensem que ela vai voltar de cabeça baixa, não! Ela vai mostrar a toda a gente que ela mudou!
Depois de 11 anos, ela vai voltar e arrasar!
Sempre acordei muito cedo, não importava a hora que eu fosse dormir. E hoje não seria diferente. Para além disso o meu animal interior queria caçar, neste caso a minha pantera.
Saio de casa às 6:30 da manhã e sigo para o meio da floresta.
Já fazia muito tempo que eu não caçava na minha forma animal o que me causava uma agonia que mal consigo descrever.
Me transformo rapidamente numa gigante pantera negra e ando calmamente entre árvores, avisto um cervo comendo erva a poucos metros de mim. Abaixo me escondendo entre as ervas altas da floresta à espera do momento certo para atacar, mas uma coisa me faz parar de pensar no meu ataque.
Do meio das árvores vejo sair dois pequenos filhotinhos de cervo que correm para o animal que eu pretendia caçar. Não posso matar uma mãe...
Me levanto e rosno alto os fazendo se assustarem e sairem dali correndo.
Bufo mentalmente e vou à procura de outra presa.
Decido subir a uma árvore para ver melhor o terreno.
Agilmente a trepo e me deito em um dos galhos balançando minha cauda.
Fico lá por algum tempo mas não avisto nada por isso descer e esquecer a caça por hoje.
Desco mas minha cauda fica presa em um galho, provocando um arranhão na mesma que me fez ganir baixinho de dor.
Começo a andar ignorando a dor.
Mas, novamente, uma coisa faz parar.
Um grande lobo castanho avermelhado com grandes olhos alaranjados, uma cor que eu nunca tinha visto, se aproxima de mim e me encara.
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Em um ato de defesa enrrugo meu nariz e dou um rosnado baixo, mas o lobo simplesmente se sentou e me encarou com a cabeça levemente inclinada para o lado direito como se estivesse curioso com algo.
Que perda de tempo.
Me viro de costas e começo a andar novamente. Sinto uma coisa molhada tocar na minha cauda me fazendo virar imediatamente.
Este troglodita me lambeu a cauda!
Rosno para ele um pouco mais alto desta vez, mas ele nem se mexe simplesmente me fica encarando como um débil mental.
Dou de costas denovo e começo a andar novamente só que desta vez a um passo mais rápido.
Ele me alcança e fica andando a meu lado como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Dou um resmungo baixo e o olho.
Já ele olhava para minha cauda como se houvesse algo de errado com ela.
O grande lobo pára de súbito me fazendo parar também e o olhar desconfiada.
Ele se aproxima e eu rosno numa tentativa de o assustar.
O avermelhado continua com a aproximação me ignorando completamente.
Ele pára e se abaixa um pouco ficando na altura de minha cauda.
Eu estava curiosa, por isso fiquei para ver no que isso iria dar, só por isso.
Encostou o nariz frio e húmido exatamente onde o pequeno ferimento de minutos atrás estava me fazendo rosnar levemente, mas acho que saiu mais como um resmungo de dor pois olhou para mim alertado.
O olhar dele era quase que de ternura, coisa que eu já não recebia à 11 anos.
De certo modo eu acho que entrei em pânico, por isso comecei a correr para longe a uma velocidade que só uma pantera podia atingir, mas ele me surpreendeu.
Por breves segundos ele conseguiu me acompanhar.
Nenhum lobo consegue acompanhar a velocidade e agilidade de uma pantera! Nenhum!
Em um fôlego corri ainda mais rápido por entre as árvores o despistando de vez.
