Começarei a desenrolar o mapa da psique traçado por Jung examinando a sua descrição da consciência humana, bem como de sua característica mais central, o ego. "Ego" é um termo técnico cuja origem é a palavra latina que significa "eu". Consciência é a percepção dos nossos próprios sentimentos e no seu centro existe um "eu". Este é um óbvio ponto de partida e o portal para ingressar no vasto espaço interior a que damos o nome de psique. É também uma complexa característica da psique, a qual ainda contém muitos enigmas e perguntas sem resposta.
Embora Jung estivesse mais interessado em descobrir o que havia por baixo da consciência, nas regiões interiores da psique, ele também assumiu a tarefa de descrever e explicar a consciência humana. Desejava criar um mapa completo da psique, de modo que isso foi inevitável: a consciência do ego é uma característica primordial do território que ele estava explorando. Jung não pode realmente ser qualificado como um psicólogo do ego mas, de fato, atribuiu um valor social ao ego, ofereceu uma descrição das funções do ego e reconheceu a importância crítica de maior consciência para o futuro da vida humana e para a cultura. Além disso, tinha uma noção perfeita de que a consciência do ego é, per se, a condição prévia para a investigação psicológica. É a ferramenta. O nosso conhecimento como seres humanos sobre qualquer coisa é condicionado pelas capacidades e limitações da nossa consciência.
Portanto, estuda consciência É dirigir a atenção para o instrumento que se está usando para a investigação e exploração psicologicas.
Por que é tão importante, sobretudo em psicologia, entender a natureza da consciência do ego!. Porque há necessidade de proceder a ajustes para a distorção. Disse Jung que toda a psicologia é uma cofissão pessoal. todo psicólogo criativo Estálimitado por suas preferências e por seus pressupostos não examinados. Nem tudoo que parece ser verdadeiro até para a consciência do mais sério e mais sinceroinvestigador constitui necessariamente um conhecimento preciso. Muito do quepassa por ser conhecimento entre os seres humanos é, na realidade, apósinspeção mais rigorosa e mais crítica, mero preconceito ou crença baseada emdistorção, prevenção, boato, especulação ou pura fantasia. As crenças passampor ser conhecimento e adere-se a elas como se fossem certezas dignas de crédito. "Eu creio a fim de poder entender", um famoso comentário de Santo Agostinho, pode parecer hoje estranho aos nossos ouvidos modernos e, no entanto, é esse frequentemente o caso quando as pessoas começam a falar sobre realidade psicológica. Jung empenhou-se seriamente em examinar os fundamentos de seu próprio pensamento mediante um exame crítico do instrumento que estava usando para realizar suas descobertas. Argumentou vigorosamente que um entendimento crítico da consciência é essencial para a ciência, tanto quanto o é para a filosofia. O entendimento correto da psique ou, a bem dizer, de qualquer outra coisa, depende do estado de consciência de cada um. Jung queria oferecer um entendimento crítico da consciência. Esse foi o seu objetivo primacial ao escrever sua obra-chave, Tipos Psicológicos, a qual descreve oito estilos cognitivos que distinguem a consciência humana e processam de modo diferente a informação e a experiencia de vida.
Jung, portanto, escreve muito sobre a consciência do ego em grandes partes de suas obras publicadas. Para os meus propósitos aqui, examinarei inicialmente o primeiro capítulo, intitulado "O Eu", de um de seus últimos livros, Aion _ Estudos Sobre o Simbolismo do Si Mesmo, assim como alguns textos e passagens afins. Eles sumariam adequadamente a sua posição e representam o seu pensamento maduro sobre o assunto. No final deste capítulo incluirei algumas referências a Tipos Psicológicos.
Aion pode ser lido em muitos níveis diferentes. É, como dissemos, uma obra dos últimos anos de Jung e reflete seu profundo envolvimento com a história intelectual e religiosa ocidental e seu futuro, bem como os seus mais detalhados pensamentos acerca do arquétipo do si-mesmo. Os primeiros quatro capítulos foram adicionados ao livro mais tarde a fim de dotar o novo leitor com uma introdução à sua teoria psicológica geral e oferecer um ponto de entrada no vocabulário da psicologia analítica. Se bem que essas páginas introdutórias não sejam detalhadas nem particularmente técnicas, elas contêm as mais condensadas considerações de Jung sobre as estruturas psíquicas denominadas ego, sombra, anima, animus e si-mesmo.