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Eu sinto falta do teu ser, físico ou não. Sinto falta do teu toque levemente áspero, no qual deslizava levemente a minha pele, profundo, como se alcançasse minha alma. Tão dentro de mim, nem eu sabia até onde você chegava. Nunca alguém havia manuseado meu ser com tanta facilidade, você me encontrara há tão pouco tempo e já me conhecia tão bem, me mostrava a felicidade e calmaria como eu nunca vi antes. Me apresentou novas cores, novas texturas... cada momento se tornava cada vez mais precioso com tua presença a minha volta.

Tudo sobre você me instigava, era puro mistério do qual eu tão pouco conhecia, não permitia que eu lesse tuas linhas profundamente escondidas, não deixava chegar perto delas... De nada eu sabia sobre o teu ser, já de mim, sabias até demais! Um livro aberto, como dito. Já o teu ser, trancado as sete chaves. Tentei encontra-las em teus dizeres, mas nada me parecia correto. Se eu achasse estar perto já me confundia dizendo o contrário, nada era certo ou errado, nunca foi preto no branco, eram apenas nuanças de todas as cores, pura tela já pintada, arte nunca vista, ou era o que aparentava. Só mostrava-me o que querias e, o que me mostrou, de certo outros já haviam visto.

Eu era apenas outra presa em sua teia, em suas linhas tão finas e geladas, sem ao menos uma demonstração de afeto, era puro gelo, ainda assim tão graciosa. Me fez de tola. Se eu não lhe perguntasse se minha companhia era de bom grado, nada me diria. Mesmo dizendo que se deleitava de minha presença como resposta, nunca me pareceu sincera. Não se importava com nada que me dizia respeito, não mostrava sentimento algum. Usaste-me assim tão facilmente? Almejei tanto teu calor, uma mera afeição. Como teus lábios poderiam ser tão quentes com palavras perigosamente frias, tal como uma cobra rastejando com lentidão ao entorno do meu corpo, vagarosamente quebrando os meus ossos com frases, prestes a dar o bote, cravar suas presas em mim e me levar ao êxtase com seu veneno, e no meu ultimo suspiro lhe digo "te amei todos os dias, da mesma forma que me matava a cada dia, com delicadeza e precisão". Como não percebi que estava a me matar com teu dizeres curtos e diretos?

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