C.35

13 5 2
                                    

-Milla querida...--ouviu a voz de Karen e sentiu alguém a sacudindo pelo ombro --chegamos, acorda

Milla abriu os olhos vendo o avião sendo abandonado aos poucos pelos passageiros

Levantou preguiçosamente a acompanhou a mãe com o corpo cansado e com sono. Após fazerem o check-out e levarem as malas, foram recebidos pelo ar gelado e céu nublado de Londres

Milla respirou fundo, sentiu muita falta daquela cidade, do frio, das chuvas e tudo de bom que se pode encontrar na Inglaterra

Pelo carro, observou as ruas, pubs e startbuks em que passou a adolescência como se fosse a primeira vêz

Karen fez questão de pedir para o taxista que andasse o mais devagar possível para que a filha visse tudo que tinha para ser visto, foi então que no meio de restaurantes e mar de pessoas, milla o viu

O cabelo pálidos

Os olhos azuis acompanhados por um olhar gelado

A pele clara

O corpo magro e forte

Milla ficou chocada, abriu o vidro e tentou olhar melhor se debruçando na janela do carro, mas ele já não estava lá

Pensou estar louca, vendo coisas que não existem. Passou o resto da viajem tensa lembrando da imagem dele a cada minuto

Chegaram e casa e reparou que o carro de Ricardo ainda ali se situa, fechou o rosto. Descarregaram as malas de Milla e entraram na velha e pequena casa de Milla que ela achou tão pequena e sem graça em relação a mansão Campbell

-chegamos!! --cantorolou Karen e logo apareceu Ricardo com um avental e um bom cheiro ativou do nada o estômago de Milla

-oi amor, estive assando um frango --sorriu e abraçou Karen dando um selinho que fez Milla fazer cara de nojo --oi criança

-criança é o capeta --resmungou e se dirigiu ao quarto

-bem, algumas coisas nunca mudam --disse risonho Ricardo seguido de uma repreensão de Karen

Milla entrou com desgosto no quarto dela, nada tem mais graça nele, os traços de sua rebeldia ainda estão lá, pôsteres das bandas preferidas dela, paredes pretas descascadas, mobília escura, a pequena cama desarrumada

Karen deixou tudo como estava para que Milla se sentisse em casa mas ela nunca se sentiu tão descolada em toda sua vida

Deixou as malas e a mochila em cima da cama e saiu para apanhar ar, com uns baseados escondidos no casaco claro. Respirou ar puro e gelado que foi a coisa que mais sentiu falta em Londres

Andou um pouco e decidiu parar em um pequeno parque vazio porque ninguém se atreve a sair para brincar ou passear naquele clima

Acendeu um baseado inalando com todas as forças como uma forma de esquecer a dor que inunda seu peito e tenta esconder. de certo, não funcionou

-doce Milla --extremeceu e deixou o baseado cair no asfalto chocada --você conseguiu vencer?

Ela nunca se esqueceria daquela voz, por mais que estivesse mais grossa e definida, é a mesma

Virou-se lentamente e observou a imagem esguia do homem com enorme significado em sua vida do outro lado do parque

Os cabelos pálidos sacudindo ao sabor do vento, o corpo magro e definido, o olhar sempre frio

Milla caiu de joelhos não aguentando a pressão, o coração dela deu um solavanco

As lembranças voltaram como um baque e ela ficou sem sentidos por um segundo

Tudo pra ser perfeito(everything to be perfect)Onde histórias criam vida. Descubra agora