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s h a w n
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Após ontem, acordei a minha pequena com beijinhos em seu ombro.

Aurora: Hm...? - ela sorriu manhosa.

Shawn: Bom dia. - continuei a beijando.

Aurora: Bom dia, grandão. - ela gemeu um pouquinho de dor quando abriu os seus olhos - Minha cabeça...

Shawn: Está doendo? - ela concordou.

Aurora: Eu fiz mais alguma coisa ontem que eu não lembre? - meu anjinho queria chorar.

Ela tem isso, antes era com mais frequência que essas crises aconteciam e sempre, sempre no outro dia ela acorda com dor de cabeça e as vezes chorando porque é como se outra consciência estivesse em seu corpo e algumas vezes Aurora não lembra do que fez. Como a sinceridade sempre foi a base do nosso relacionamento, desde quando éramos amigos, eu não escondo quando a outra toma o controle dela.

E eu queria muito ser capaz de tirar todos esses demônios da minha pequena.

Shawn: Deita aqui. - a virei para que deitasse sobre o meu peito - Você não fez nada, somente apontou o revólver pra mim por um segundo em um momento de raiva mas está tudo bem.

Então ela voltou a chorar.

Aurora: Me desculpa, eu não... Eu não consigo me controlar, eu não quero te matar.

Shawn: Foi rápido, eu tirei a arma de você. Não chore, meu amor.

Aurora: Eu tenho medo dela tomar o controle de tudo! Isso nunca mais tinha acontecido!

Shawn: Não vai perder. Você não vai perder o controle. Eu estou aqui, eu sempre vou estar aqui pra te tirar disso tudo.

Aurora: Tenho medo. A voz me acalma... Mas eu tenho medo da outra!

Shawn: Quer ir à terapeuta amanhã? Eu não vou te forçar a ir se não quiser mas se não está se sentindo bem, eu peço para ela antecipar a consulta.

Outro detalhe, a cada quinze dias ela vai à terapeuta mas isso é um progresso, após o tiro ela ia todos os dias porque além das vozes, quando ela chegou aqui, ela ouvia choros de bebês. Ela se batia, ela se multilava nos braços e nas pernas, ela começou a se divertir quando via alguém implorando pela vida. Foi onde Aurora percebeu que estava soterada nisso e foi também a vez dela de me pedir ajuda.

A diagnosticaram com dupla personalidade, bipolaridade, temperamento agressivo, depressão e pânico. Então veio o tratamento, além dos seus anticoncepcionais, analgésicos e anti-inflamatórios, agora tinha a terapia, antipsicóticos, antidepressivos que ela toma até hoje.

Ela não era ela mas com o tempo a minha pandinha voltou a sorrir.

Voltou a fazer brincadeiras idiotas,  a sentir as suas pernas e começou a se controlar, não reprimir, mas sim sentir a dor e fazê-la amenizar.

Agora ela se entende com a Aurora Tompson, que é uma das suas personalidades, é a voz que não deixa ela esquecer que é sonhadora, que tem amor na sua vida e que a faz ter esperanças de que nada dói pra sempre. A outra é a Aurora Trevor, a inconsequente assassina a sangue frio porque essa foi a forma que ela encontrou para amenizar as suas dores, as que ela sentia e as que não sentia. E ainda tem a Aurora Trevor-Mendes, a esposa amorosa, atenciosa, família, ela também é safada e eu amo por isso.

Aurora não se sentiu um lixo, ela realmente morreu, ela se tornou definitivamente o pó e somente agora, nesses últimos meses, está revivendo novamente. Está sendo forte. Está lutando para ser feliz.

Consequences • Segunda Temporada de PWOnde histórias criam vida. Descubra agora