A Filha do Vento.

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"Você se lembra de como seu coração parou por alguns milésimos de segundos e toda sua segurança veio abaixo, pois tudo era tão intenso e maior?"

Ciao a tutti! não esqueçam de ler as notas finais.


Até mais, desculpe a bagunça. Mas, não esquece: você bagunçou tudo aqui também.

Ana e Chiara dançaram juntas durante toda a festa. Os pés doloridos dentro dos sapatos e os dedos um pouco esmagados de tanto que pisaram durante o embalo um tanto atrapalhado, já não era mais tão incômodo. Os presentes transitavam à volta delas, com o conteúdo de seus copos completamente correndo por seus respectivos cérebros. Alguns as observavam com um sorriso no rosto e outros fingiam não vê-las na sala. Mesmo quando Totonho deixou de tocar, continuaram abraçadas balançando-se de um lado para o outro em meio a risos e provocações. Ana a puxou pela mão e a levou até a sacada da cobertura para mais privacidade, pois a noite estava linda e viam-se perfeitamente alguns pontos luminosos no céu — sentaram-se em um dos sofás de vime da área externa e novamente uniram os corpos; o braço de Ana jazia em seus ombros e a ponta de seus dedos roçavam na renda preta da blusa da italiana e o antebraço da mesma circundava sua cintura e a mão livre de Ana agora buscava entrelaçar-se com a de Chiara.

— Sente saudades de Nova York? — perguntou Ana encarando uma estrela ao longe

— Sinto, algumas vezes — respondeu Chiara olhando para as suas mãos dadas.

— Então por que foi embora de lá? — questionou e a encarou para receber a resposta.

— A verdade é que eu fugi de lá — riu ao perceber que se sentia á vontade o suficiente para contar-lhe toda a história — Fui para Nova York ainda muito nova, com dezoito anos para estudar música em Berklee College of Music. Nesse meio tempo conheci um rapaz no dia do meu aniversário de vinte e dois anos e desde então não nos desgrudávamos. — Chiara fez uma pausa e analisou as expressões de Ana que a olhava atentamente — Começamos a namorar e quando dei por mim, estávamos noivos. Esse ano, tivemos uma conversa e começamos a bisticciare... Como é mesmo a palavra

— Brigar? De discutir? — disse Ana

— Isso, brigar. Começamos a discutir...

*Flashback on*

Eu estava sentada no chão lendo um livro, pois sobre o sofá repousava os destroços de minha Les Paul que se espatifou e quebrou-se em milhões de pedaços ao ser lançada do quinto andar do prédio onde eu morava. Havia acabado de lançar o meu segundo disco e o estresse dos ensaios misturavam-se às cobranças de Nicola e às expectativas de me ver em véu e grinalda sobre um altar. Estava praticamente exaurida, o novo álbum havia exigido muito do meu físico e emocional; no auge do seu estresse e irritação, joguei pela janela a guitarra cor de creme que ganhara de Nicola como presente pelo sucesso que fiz com o meu primeiro disco, Last Quarter Moon.

"Você não pode simplesmente vir até mim e dizer que tá desistindo!" — disse ele alto quando soube que faltei a um ensaio.

"Por favor, silencio. Estou lendo". — disse a ele serenamente.

"Chiara, é da sua carreira que estamos falando!" — disse gesticulando e chegou até às costas do sofá — "O que aconteceu aqui?!" — perguntou quando viu os pedaços da guitarra

"Joguei pela janela" — disse fechando o livro com irritação — "Me dê um tempo, Nicola!"

"Você não quer isso, não é?" — levantou o dedo anelar com a aliança — "Você não quer se casar e está fazendo de tudo para que eu desista de você!" — exclamou de aproximando de mim.

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