II

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Praxe

Mesmo sabendo que cada dor é única, não posso deixar de imaginar:

Como seria provar destas outras texturas? Essas outras tormentas,

Como seria comprovar que elas são menores que a minha dispensa?

De emoções e sentidos, de gritos e gemidos, de dor e insensatez. Da vontade que eu tenho de te pedir: "me beija só mais uma vez".

Eu sou náufrago no teu peito inundado, preso, enjaulado,
Na tua maré sou enquadrado, encantado pela tua maresia, admirando-te como a luz do dia, o sol do meu raiar.

A nossa sinergia é música que alimenta a minha harmonia.

Ilusões daquelas que crio e recrio, inspiro e expiro como um rio, no papel que te escrevo minhas canções.

Canções batidas e antiquadas, sem melodia adequada, sem pé pra subir no teu altar.

E eu

Eu que nunca fui de teatro, me pus à atuar como o amor da tua vida, na esperança de tentar te conquistar.

Eu que nunca fui de palco, me pus à cantar-te cada vez mais alto, na esperança de teu coração alcançar.

Eu que nem sei contrastar cor alguma, me pus à te desenhar sem errar nenhuma,

E me fui, viajei do teu cabelo ondulado até a ponta do teu corpo suado, na esperança de fazer tu me amar.

Não sou artista, tampouco poeta, minha alma é quieta, não desperta, incorreta.

Mas ao te ver me recomponho apressado, quando sinto estar em teu encalço, querendo um poema te mostrar, na esperança de fazer tua alma vibrar.

Quem me dera ser teu cantor, teu pintor, teu ator.

Quem me dera ser de teu interesse, aparecer no teu coração verde, e fazer tua paixão por mim amadurecer.

Amadurecer meu amor como frutos nas tuas árvores, me empoleirar dentro da tua arte, viver e ser pra ti, de praxe.

Meu céu nubladoOnde histórias criam vida. Descubra agora