Capítulo 2 - Alastramento do Fungo

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Ao acordar, fiquei meia hora deitado, já que não tinha nenhum cliente. Por falar nisso ainda não contei qual é o nosso emprego. Bem, eu sou advogado, e o Joe é dono de um restaurante, ele sabe fazer muita coisa boa.

Recebi uma mensagem dele, me chamando para ir almoçar lá, disse que queria conversar um pouco, raramente recuso um convite dele, então acabei indo.

Me arrumei, peguei meu carro e fui. O restaurante dele é bem popular  fica na cidade grande, bem próxima da nossa. Na rodovia, havia um aglomerado de carros, passei devagar para ver o que estava acontecendo, um cara estava brigando com uma mulher, ela parecia tonta, não conseguia se mover normalmente, pensei ser uma infectada. O cara estava tentando matar ela.

Não parei para ajudar, achei que seria muito arriscado, e também tinha muitas pessoas por perto, elas podiam muito bem ajudar ele, mas a natureza humana é assim: cruel.

Na entrada da cidade, estava tudo tumultuado, muitas pessoas estavam tentando entrar, já era de se esperar, todo dia é assim.

No caminho, eu comecei a refletir. Era um fungo alien, alien. Como ninguém parou para pensar que estamos lidando com vida fora da Terra. Será que as coisas estão tão ruins assim?

Quando cheguei, estava lotado, como sempre. Joe me disse para mandar uma mensagem quando chegasse, ele estaria me esperando nos fundos. Entrei em um beco que dava aos fundos do restaurante, ele estava mesmo lá. 

Entramos, sentamos em uma mesa reservada (tem que fazer reserva lá) e começamos a conversar:

- Sabe, eu estava pensando, mesmo sendo apenas um fungo, continua sendo vida extraterrestre, certo? - Perguntei para ele.

- Era isso que eu queria saber, deve ser mais perigoso do que dizem. Bem, pelo menos o governo não alertou nada então nao deve ser grande coisa.

- É mesmo, teria que ser algo muito mais importante para o governo nao se preocupar com a idéia de um alien.

- Enfim, o que vai querer almoçar?

- Ah, sei lá cara, faz alguma coisa boa aí.

- Refri?

- Qualquer um.

Fiquei observando ele ir em direção à cozinha, todos os pratos dele são incrivelmente deliciosos.

A música de fundo era calma e relaxante, meu irmão me explicou que isso faz com que as pessoas sintam-se mais calmas, assim acabam gastando mais. Realmente uma ótima jogada.

Eu estava sentado em direção à entrada da cozinha, então pude ver quando ele saiu de lá segurando dois pratos. Ao chegar mais perto: lasanha. Ele realmente sabe quais são os meus gostos.

Comemos em silêncio, Joe não gosta de falar na hora das refeições, alguma coisa relacionada a "hora sagrada" e que devemos apreciar o sabor da comida ou algo do tipo.

Depois de comer, discutimos mais um pouco sobre coisas idiotas (velhos hábitos nunca morrem).

+ + +

Cheguei em casa já era quase noite, pois dei uma passeada na cidade. 

Ainda acessei um pouco a internet, mas não havia nada para fazer. Depois fui tomar um banho.

Depois do banho, me joguei no sofá e liguei a TV, outra reportagem sobre o tal fungo:

"Os casos de infecçao pelo fungo, estão cada vez mais comuns, estimativas apontam que até o fim deste mês hospitais sofram com a superlotação."

Foi nesse momento que eu percebi a gravidade da situação: hoje é dia 20, o mês tem 30 dias. Em dez dias os hospitais vão superlotar, o que acontecerá daqui um mês? O fim?

Não é hora para me preocupar com isso, pensei.

É claro que é.

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