Acordei com o som do meu telemóvel a tocar, estranho, porque ninguém me costuma ligar. Olhei para o ecrã do mesmo e vi, escrito em letras grandes, "MÃE" sob uma imagem sua na praia. Toquei no ecrã do meu iphone permitindo-me atender a chamada.
- Estou?
- Sim, mãe, que foi?- disse com a minha voz ensonada bocejando no final.
- Oh, desculpa filho, acordei-te.
- Não faz mal mãe eu tinha mesmo de me levantar. Mas porque é que estás a ligar passou-se alguma coisa?
- Não filho, não se passou nada, eu ahm... será que posso passar aí para ahm... falar contigo?
- Podes, mas porque é que tem de ser cá em casa e não pode ser por telemóvel?
- Porque ahm... logo vês.
- Como queiras. Vens cá quando?
- Daqui a duas horas - olha que bela merda- Pode ser?
- Daqui a duas horas?
- Sim, pronto, fica combinado, até já , tenho de ir.
- Mas...- já não fui a tempo, ela simplesmente desligou-me o telemóvel na cara.
Saltei da cama, corri para a casa de banho, tomei um banho de cinco minutos e pus uma toalha à volta da cintura. Corri para o quarto, enfiei uns boxers, umas calças de ganga claras, uma T- shirt branca, uma camisa aos quadrados azul e amarela e uns All Star azuis que comprei na semana passada. Agarrei nas calças pretas de ganga que usara no dia anterior e, de um dos bolsos, retirei uma porção de pó que ali se encontrava embrulhada. Enrrolei uma nota que se encontrava em cima de uma das mesinhas de cabeceira e aí dispus a cocaína. Ontem sobrou-me uma boa quantidade porque uma traficante completamente mocada baixou o preço da sua mercadoria para menos de metade e eu tive que aproveitar. Fiz um traço perfeito e aspirei-o sem demora não deixando qualquer tipo de vestígio de pó. Sentei-me e esperei até que fizesse efeito. Quando isso sucedeu, levantei-me imediatamente e pus-me a arrumar a casa que estava de pantanas. Escondi a droga que estava espalhada por toda a casa, abri todas as janelas de casa para arejar, já que a casa não era limpa há cerca de 2 meses e como tal tinha latas de cerveja por todo o lado, caixas de pizza e afins no meio do chão, roupa suja por todo o lado e pergunto-me como é que eu consigo viver aqui e não consigo reparar que estou a viver numa possilga. Mas o pior de tudo, e que a minha mãe não podia nem imaginar que eu tocava, era a droga e as dezenas de massos de tabaco, vazios e alguns ainda com cigarros, que estavam por toda a parte.
Limpei a casa bem a fundo e quando terminei, fiquei orgulhoso de mim mesmo por ter limpo a casa toda em tempo recorde e surpreendido com a quatidade de lixo que eu tinha em casa. Daí a 5 minutos ouvi a campainha tocar e logo depois permiti que a porta de entrada se abrisse, vendo que se tratava da minha mãe. Quando abri a porta deparei-me com a minha mãe e logo depois vi Gemma, a minha irmanzinha. Dei um abraço e um beijo a cada uma e pedi que se sentassem.
- Então, o que é vos traz por cá?
- Cheira a lavado.- disse a minha mãe. Ou ela está a arranjar coragem para dizer alguma coisa ou então não me ouviu, mas estou mais inclinado para a primeira opção.- Estiveste a arrumar a casa?
- Sim estive, mas podes responder?- Ela bem que tentou fazê-lo mas só lhe saiam monosílabos tipo "ahm", "uhm", "bom", "bem", etc. Até que a minha mãe finalmente falou:
- Harry, às vezes nós fazemos coisas que não deviamos fazer, e vamos por caminhos que não deviamos ir, e tu sabes isso melhor que ninguém.- Estão-me a descobrir ou é impressão minha, é que eu estou a ficar um bocado preocupado.
- Isso vem a proposito de quê?
- Sabes aquela tua amiga a Lexi?- Oh meu deus se sei. Ela era a minha melhor amiga no liceu, nós perdemos a virgindade um com o outro aos 13 anos! Eramos tão crianças, eu mal sabia como é que tinha de fazer aquilo e ela também não. Lembro-me de ter sido convidado para ir a casa dela e, como os pais tinham ido trabalhar aquilo aconteceu. Mas no ano a seguir ela começou a andar com um grupo de rapazes mais velhos e meteu-se logo na droga. Desgrassou-se. Sei que se prostituia para arranjar dinheiro para a droga e sei que está morta
- Morreu.- disse frio
- Não,ela está viva!- disse a minha mãe.
- Isso é impossível.
- Harry é verdade.- desta vez falou Gemma.
- Mas vocês estão a gozar comigo? Eu vi com os meu próprios olhos. Ela ejetou-se e morreu! Não tinha pulsação! Eu estava com ela!- fiquei um bocado irritado.
- A Lexy teve uma overdose, é verdade, mas ela não morreu. Alguém chamou uma ambulância e eles conseguiram chegar a tempo para a tratar antes que morresse.
- Então. Ela. Está. Mesmo. Viva?- perguntei com uma mixórdia de sentimentos estampada na minha cara e também na minha voz.
- Sim está e deve estar aí a chegar.- falou a mãe com o seu soriso maternal de mãe.
- O quê?- Ouvi a campainha tocar e, por estar paralizado com a situação, não mexi um único musculo ou tendão ou qualquer outra coisa parecida, o que levou a minha irmã a levantar-se e tomar a liberdade de abrir a porta a Lexi.