Guiei pela autoestrada a uma velocidade relativamente elevada , mas sem nenhum exagero, enquanto pensava em possíveis abordagens àquele filho da mãe. Daí a alguns minutos já havia saído da autoestrada encontrando-me em frente à moradia da minha irmã. Saí do carro fechando brutalmente a porta, o que sem sombra de dúvidas, há de ter alarmado a rapariga que outrora tinha a sua cabeça encostada ao vidro do carro , numa tentativa de descanso. Caminhei a passos largos ao longo do caminho ladrilhado em direção à porta e campainha, que sentiram toda a minha fúria. Toquei, bati, toquei, esmurrei, toquei , pontapiei e quase que parti a porra da porta mas ninguém a abriu. Comecei a morder os nós dos dedos com raiva , fúria , preocupação e simplesmente carência de droga. Sentei-me no chão pegando no telemóvel e vendo Lexi andar na minha direção. Sentou-se ao meu lado. Neste momento eu estava à espera que a minha mãe me atendesse o telemóvel . Atendeu.
- Harry! É tão bom quando não sou eu que te tenho de ligar para saber coisas de ti. Então está tudo bem? Tens falado com a Lexi ? Vocês já...
- Mãe! - repreendi-a
- O que foi filho não tem mal nenhum!
- Esquece lá isso há coisas mais importantes !
- Tipo o quê? Tu não fazes grande coisa da vida filho!
- Não é a minha vida que está em causa!
- Então diz lá o que é que tu queres , tenho mais que fazer! - detesto quando ela me vem com estas conversas, mas neste momento não me posso preocupar com isso.
- Porra mãe! A Gemma desapareceu!
- O quê?
- A Gemma desapareceu.
- Já foste à policia filho?
- Não.
- Então vai!
- Não posso, ela desapareceu à menos de uma hora, o que queres que faça?
- Harry! Isso faz-se?
- O quê?
- Brincares com essas coisas, tu és um homem! - se eu já não estava bem então agora explodi e tive de lhe berrar embora não goste.
- Ouve lá a tua filha ligou- me completamente desesperada porque o marido se tinha passado dos cornos, desligou do nada e agora não está em casa , o que queres que eu pense?
- Já lhe ligaste ao menos
- Claro que já, não sou assim tão estúpido como tu pensas.
- Não me falares assim!
- Está bem, xau , adeus. - desliguei.
- Não era perciso teres falado assim com a tua mãe.
- Lexi vá lá, não me chateies.
- Desculpa.- acho que ela continuou a falar mas não consegui ouvir nada pois fui atacado por uma dor lancinante no meu cérebro. Instintivamente levei as mãos à cabeça tentando de algum modo atenuá-la. Não conseguia abrir os olhos de modo algum e sentia que se retirasse as mãos da minha cabeça esta estilhaçaria imediatamente. A dor atenuou quase insignificantemente, mas no segundo em que isso aconteceu comecei a sentir calores frios. Em segundos deixei de conseguir distinguir as cores ou o que quer que fosse. Apaguei.