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Era mais uma noite fria na cidade do Rio Janeiro

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Era mais uma noite fria na cidade do Rio Janeiro. A neblina cobria as ruas da cidade mais quente do país. Às vezes, até os lugares mais quentes precisam esfriar, os lugares mais felizes também precisam lidar com a dor. Era o que Camila estava tentando aprender a lidar com sua própria dor.

Dias se passaram em uma lentidão que fazia com que Camila quisesse arrancar seu coração pra fora com suas próprias mãos, ela tentava esconder o caos que havia dentro de si, mas cada vez que ela o olhava, sentia toda sua fortaleza desmoronar.

Breno parecia bem. Camila sempre o via sorrindo com seus amigos, algumas vezes seus olhares se encontravam, mas ele sempre era o primeiro a quebrar a conexão, abaixando a cabeça ou mordendo o lábio enquanto virava o rosto para a direção oposta, ele parecia bem, seu bronzeado estava mais radiante que o normal ou era somente o cérebro de Camila reparando em mais detalhes do que deveria para cobrir a falta que ela sentia.

O amor pode ser uma droga, não somente pelo o fato de nos machucar, mas também porque nos deixar viciados na outra pessoa, e quando ela vai embora, entramos em período de abstinência.

Nossas mãos procuram pelas dos outros que se encaixam tão perfeitamente, às vezes nos pegamos olhando nossas mãos, tentando recriar a imagem na nossa cabeça, tentando trazer a mesma sensação de quanto a mão do outro estava aqui.

O perfume da outra pessoa preenche os lugares mais improváveis, aquele cheiro específico invade o nosso espaço, paralisando o nosso corpo, fazendo nossos olhos fecharem para em busca de recordações, somente para saciar a falta que ele faz.

Nossos dedos viajam percorrendo nossos lábios a procura de se lembrar como era o toque do beijo da outra pessoa bem ali, mas em cada lembrança, vem acompanhado com uma vaga esperança de que esse gesto nos leve de volta os lábios do outro.

E assim como a droga, talvez você nunca se livre desse seu vício em amar aquela pessoa, porque ela é única, e ninguém será como ela.

Fazia dois meses que a vida de Camila estava estagnada, ela tentava seguir em frente, mas é difícil superar quando você vê o seu "vicio" todas as manhas. Quão louco seria um drogado em abstinência olhar a mesma droga todos os dias sem poder usa-la?

Ela estava à frente do seu grupo de dança, Caroline havia a deixado em paz e tudo tinha voltado ao normal, assim como ela desejou tantas vezes, tudo estava normal, e isso irritava Camila. Quando você experimenta o céu, a terra perde a graça. Breno era o seu céu.

Camila caminha até a janela do quarto e o abre lentamente com esperança de não acordar suas amigas, o vento frio passa por sua pele fazendo um arrepio surgir. Ela precisava de mais, ficar ali parada na sua janela não traria a paz que seu corpo buscava.

Ela volta a fechar a janela, pega seu casaco no armário, sai de seu quarto e caminha para seu antigo esconderijo. Foi ali que Camila correu todas as vezes que se sentiu feliz, quando sentiu o que ela achava que era amor, foi ali que ela chorou desesperadamente enquanto seu pai a procurava pelo colégio enquanto seu amado professor era preso, foi ali seu ponto de paz e seria ali seu lugar de calmaria mais uma vez.

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