Capítulo 2 - A Entrevista

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Talvez eu fosse muito tolo e estivesse me precipitando, mas não pude conter um sorriso quando adentrei timidamente o prédio da Kolman. O lugar era sofisticado, no térreo havia apenas uma grande área de espera, quatro recepcionistas, tão bem vestidas que pareciam socialites. Por trás de um enorme balcão, havia um corredor cuja placa apontava que dava acesso aos banheiros, e de frente para a porta de entrada, dois elevadores.

Nenhuma das funcionárias pareceu me notar no primeiro momento, até que eu parei em frente à primeira delas e pigarreei, fazendo-a tirar sua atenção do computador.

— Em que posso ajudá-lo, Herrn...

— Boyer. Thierry Boyer — completei. — Tenho uma entrevista marcada para às quatorze horas.

Pigarreei, o nervosismo afinava minha voz.

A recepcionista me olhou de cima a baixo, então digitou algo no computador. Enquanto ela buscava, por conta do olhar dela, comecei a refletir se eu estava usando a roupa certa. Inicialmente, achei que a empresa teria uma atmosfera informal, e por isso não vesti terno e gravata, mas agora que vi as recepcionistas em seus vestidos elegantemente pretos, tive dúvidas.

Porém eu não estava tão mal, com uma camisa social grafite, calça bege e sapato preto, cabelo fixado com uma pomada milagrosa e penteado para trás e óculos de leitura no rosto para me deixar mais sério, mas estava formal o suficiente? Eu não sabia.

— Encontrei. A entrevista atrasará um pouco, pois houve uma reunião inesperada, na qual a diretora de RH está participando, então aqui está a sua identificação — ela me passou um cartãozinho com meus dados e o motivo para eu estar ali, tudo descrito brevemente. — Você pode se sentar ali e esperar junto aos outros candidatos, avisarei assim que tiver alguma informação. — A recepcionista sorriu forçadamente para mim ao dizer isso.

Assenti e me dirigi aos sofás, procurei os tais outros candidatos a que ela se referiu, mas havia apenas duas mulheres, extremamente bonitas e com roupas parecidas com as das recepcionistas. Certamente eram mais bem informadas que eu.

As cumprimentei brevemente, pus a mochila no chão e sentei próximo a elas, mas fingi estar prestando atenção na TV, onde passava um filme qualquer.

— Está aqui pela entrevista? — A morena de olhos escuros questionou.

Tentei ser simpático, sorri.

— Sim.

— Que estranho — disse a outra, loira, me encarando com uma sobrancelha erguida. — Nunca vi eles chamando nenhum homem para ser secretário de alguém, são sempre mulheres...

A encarei de volta.

— Então é para esse cargo? Não havia nenhuma informação sobre isso no meu e-mail.

— No nosso também não, mas nós deixamos explícito nos nossos currículos que buscamos vagas para secretária ou recepcionista, então deve ser. — Concluiu.

Não conversamos mais, pois era evidente o clima de rivalidade, elas não queriam que eu estivesse ali e, pelos olhares levemente enojados, tinham quase certeza de que eu não tinha a menor chance.

E, embora eu não devesse permitir que isso me afetasse, acabei ficando um pouco inseguro. O que eu ia fazer da vida se não conseguisse a vaga?

Vinte minutos antes das três da tarde, um telefone na recepção tocou e a terceira recepcionista atendeu prontamente.

— Sim, eles estão aguardando... ok, já estão indo. — Desligou e se voltou para nós. — Por favor, me acompanhem. As entrevistas começarão em alguns minutos.

O Assistente do CEO [ROMANCE GAY] #1 | AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora