2 - O Fosso

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Já se passaram 6 anos que estou morando nesse buraco, mas parece que já lá vai meio século. Ainda jovem fui atacada por zumbotz enquanto tentava sair dos destroços que em tempos chamei de casa, mas algo ou alguém me salvou. Depois disso acordei no deserto, sozinha e só com um papel que continha a localização exata do Fosso. Nunca entendi por que meu salvador não foi comigo.

Desde que fui acolhida pelo Fosso tenho me sentido estranha. Esse lugar é incrível apesar de estar debaixo da terra, mas ainda assim, sinto que falta algo, por isso me alistei para servir as forças armadas do Fosso. Os que eles chamam de “Coletores”, tem esse apelido por que saem em busca de suprimentos e ajudam a manter esse refúgio vivo. Enfim, sou Scarllet Project, uma mutação Animago.

Quando ainda existia vida estável na terra, os Animagos já era algo comum, eles são nada mais que uma mutação metade humana e metade animal. O que inclui Vulpídeos que são híbridos entre humanos e raposas pertencente a classe dos Canídeos, Katze híbridos de humanos e gatos da classe dos Felídeos e os Apinos que são os Alados conhecidos por nós como os Anjos. Nossa raça os respeitam muito como se fossem os nobre e claro também os Aracs. Espécie essas que não comentamos muito. Bem, eu sou uma representante dos Vulpídeos, ou seja, uma raposa vermelha.

   Depois da grande infestação várias bases alienígenas mandaram seus soldados para terra na esperança de ajudar, porém, acabaram perdendo comunicação com o espaço ficando assim, presos aqui também. Os que não vieram ajudar declararam à terra agora uma área perigosa e sem hipóteses de sobreviventes, então simplesmente nos abandonaram.

   Então, fora os humanos, também dividimos o Fosso com os Aliens sobreviventes, os Animagos e claro os robôs, que inclui desde os Ciborgues até os Androides. Somos uma família grande e cada uma ajuda com o que pode. Cada um trabalha em um setor que mais se encaixa, B, W, R e Y. Cada setor é identificado por sua respectiva cor, sendo B, azul, W, branco, R, vermelho e Y, amarelo. Tais setores também têm sua divisão feita em uma hierarquia monetária, sendo o setor azul onde ficam os mais ricos e com patentes mais altas, o branco os mercadores, podemos dizer em termos mais comuns onde fica a classe burguesa, o vermelho temos a classe média trabalhadora e no setor amarelo moro eu, onde ficam os escravos e trabalhadores forçados, mineradores humildes que fazem todo o trabalho sujo para as outras classes e nunca tem o seu devido reconhecimento.

   Quando cheguei aqui várias pessoas me acolheram, em especial Isabelle, uma Katze muito animada e elétrica. Ela que me indicou tentar entrar para a equipe de soldados. Já que a mesma faz parte deles, o braço mecânico dela ajuda bastante e ela é muito boa com armas, já que antes dela vir para o Fosso Isa era de uma gangue de arruaceiros. Por esse motivo a mesma não pode sair do Fosso, e trabalha nas minas como uma Bomber. Bombers são as pessoas que ficam encarregados dos explosivos e seu respectivo uso nas minas.

No dia do Recrutamento dos soldados, lá estava eu, a única garota em meio a vários brutamontes, baixa, sem muitos músculos e totalmente diferente de todos ali presentes. Foi quando cheguei numa sala onde vejo um grupo de rapazes que conversavam e apontavam para mim. Em meio eles estavam Kiro, um rapaz alto, forte, de cabelos pretos, porém, com uma parte platinada e olhos azuis. Pela sua aparência poderia ser confundido facilmente com um humano, mas seu braço robótico o entregava revelando ser um Ciborgue. Eu já conhecia sua fama de mulherengo, mas para mim não passava de um “Robocop Babaca” que adorava se exibir. Tento não dar muita atenção para eles e me apoio em um pilar que tinha ali esperando me chamarem, porém, escuto a voz grossa do Kiro que chega perto de mim, falando próximo ao meu ouvido.

-O que uma raposinha faz em meio à tantos lobos maus? Se perdeu chapeuzinho vermelho?

Ao ouvir suas palavras fecho meus punhos, porém, tento me controlar virando o rosto de lado o encarando.

- Me chame de raposinha novamente e arranco seu outro braço - Falei séria, porém o mesmo ri de forma sedutora e levanta sua mão indo em direção aos meus cabelos. Meu nome então é chamado por um dos soldados para fazer o alistamento, então aproveito a oportunidade para dar um forte soco no estômago do rapaz, saindo em seguida em direção a mesa onde estavam me chamando. Escutei de fundo os amigos de Kiro que riam dele por levar o soco mas acabo ignorando.

- Você tem 17 anos e quer entrar para os coletores? - Dizia à mulher que estava fazendo minha ficha!

- Algum problema? - Falo de maneira fria para a mesma que não retruca e somente me da, a Folha para assinar.

- Os testes vão ser feitos no fim do corredor - Me indicou a mulher.

- Sei onde fica, obrigada. - Falo de forma educada porém ainda assim seca saindo da sala e me dirigindo até o local indicado.

Ao chegar lá vejo que estava bem cheio. Depois de longas horas todos já estavam impacientes pela chegada dos capitães que os iriam treinar. incluindo o Robocop Babaca que não parava de me olhar.

"Robocop Babaca mais você gostou de chamar atenção dele não é?" Comentei para mim mesma.
"Quê! Não! Que ideia!"
Retruquei com meu pensamento anterior

Meu confronto interno é interrompido pela entrada de dois capitães. Um deles era um homem alto de aparência fria e séria, com seus aproximados 50 anos, grisalho e com uma aparência bem cuidada, desde o cabelo e barba até o uniforme. A outra era uma Cyborg muito bonita e elegante, cabelos loiros e presos em um rabo de cavalo e curvas de dar inveja. Eles se apresentaram como Cipião e Juliana, todos no local ficam em silêncio esperando alguém se pronunciar, a primeira a falar foi Juliana.

- Bem-vindo aspirantes! Antes de mais nada gostaria de alertar a todos que muitos aqui não vão passar no treinamento! Já aviso que não aceitamos fracotes e muito menos soldados medrosos! Vocês irão lutar contra os zumbotz, e eles não vão hesitar em vos matar um por um. Para os que querem desistir, sabem onde é a porta! Para os que ficarem, tentem não morrer! - Ela fica em silêncio por uns minutos para ver se alguém iria fazer ou dizer algo. Vendo que ninguém havia se manifestado ela continuou. - Vamos ver até quando essa coragem vai. - Por fim ela se cala cruzando os braços.

- Escutem! Ao adentrar aquela porta, encontraram um desafio na qual terão apenas uma missão, chegar ao outro lado! Aqueles que conseguir dentro do tempo estimado e antes dos portões se fecharem irão entrar para equipe de coletores! Os que falharem...os meu pêsames. - Dizia Cipião com um certo sadismo coisa que me incomodava.

- Na ficha de todos tem um número! Vocês vão entrar na cabine respectiva a esse número! No total, cada cabine irá ter 4 pessoas, o uso de armas não poderá ser permitido, pois estamos em uma simulação! Por isso, nas cabines tem algumas armas próprias para isso, usadas só para treinamento. - Continuaria com seu discurso. - Lembre-se! Por estarem em grupos, um precisa ajudar o outro! Nenhum soldado fica para trás. - Ao dizer aquela última frase o portão atrás deles se abre, revelando as cabines para a sala de treinamento. - Boa sorte aspirante. Vocês têm 30 minutos, os vejo do outro lado, bem, os que sobreviverem.

Future Fight - Projeto EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora