3 - O Teste

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Depois das portas das cabines se abrirem, os grupos são formados. Olhando os papéis vejo que era o número sete. Enquanto caminhava pelo local, todos me olhavam com certo desprezo, mas meu objetivo era só um, e minha motivação era suficiente para me fazer ignorar todos os olhares.

Chegando na cabine observo a minha equipe se preparando para a prova, um robô que pegava uma sabre e dois humanos, aparentemente irmãos, que carregavam já em mãos armas de lazer.
Assim que me aproximo as atenções se voltam para mim e um dos humanos se manifesta:

- Sério que vão nos deixar com uma lata velha metida a espadachim e uma criança metida a soldado? - ele dizia reclamando. - Estamos ferrados com esses dois irmão.

- Não precisa me esperar! Vocês vão morrer assim que entrarmos mesmo. - Reclamei olhando as armas disponíveis.

Acabo pegando a arma com que mais era familiarizada, um arco e uma espada com lâmina de pura energia. Aqui, era chamado de Sabre. Normalmente me dava melhor com as bestas de pulso, mais não tinha nada parecido, então o arco tinha que servir.

Por fim depois de todos equipados, os portões atrás de nós por onde entramos era fechado, e uma voz feminina era ouvida.

- Simulação ligada, vocês estão em um deserto, no meio de uma tempestade de areia. Zumbotz corredores nível 7 e cuspidores nível 4 estão no local. - Uma voz computadorizada nos alerta dos perigos que iríamos enfrentar.

Os portões dentro da sala são abertos, o cenário era bem realista, um vasto deserto era revelado atrás dos portões, o céu era iluminado e a sensação térmica extremamente realista, o silêncio era assustador e deixava as pessoas inquietas. Algumas já saíram na frente, mas em um momento o céu fica cinza e a tempestade de areia começou. Vejo que várias pessoas agora estavam correndo em frente já procurando os portões de saída, vendo que meu grupo também tinha feito o mesmo não tinha muita escolha a não ser seguir. Parecia que os Zumbotz ainda não tinham sido ativados. Mas então, atrás de mim acabo escutando um grito, parando para ver o que era, vejo os olhos azuis, as veias no mesmo tom, os quais brilhavam em meio a visão embaçada pela tempestade, era um classe corredor que parecia voar na direção de alguém. Nisso acelerei o passo e quando olho para frente novamente vejo que meu grupo havia me deixado.

"Babacas!" Pensei comigo mesma enquanto tentava ganhar terreno.

Sou surpreendida por um cuspidor, tipo de Zumbotz que tinha uma saliva ácida. Ele tenta me acertar de surpresa, acabou que precisei mudar a trajetória da corrida bruscamente passando perto até demais do mesmo Zumbotz, eu sabia que o risco era alto mas era minha melhor chance de alcançar o grupo.

Essa é a parte boa de ser ágil e leve. Com a vantagem da mobilidade, ao mesmo tempo que passei pelo Zumbotz, puxei o sabre da minha cintura e cortei ele no meio, deixando-o para trás e seguindo a corrida. Mesmo deixando o cuspidor para trás, um corredor estaria ainda na minha cola. De novo, com o sabre em mãos, parei a corrida, fazendo com que o corredor passasse por cima de mim, então, aproveitando essa chance, cortei ambas as pernas dele, o tornando inútil para sua função. Em seguida tomei o ritmo novamente tentando não me afastar do grupo.

- Para uma simulação isso tá muito real - Gritei bem alto em reclamação.
"Esses Zumbotz não são uma simulação... Não percebeu ainda sua burra?"
Falei em pensamento em resposta ao meu grito.

Pensava olhando ao redor, vendo os Zumbotz voando sobre as pessoas que viam, acabo por fim tropeçando num corpo no chão. Era um dos soldados do meu grupo. Pensei em largar o sabre que estava em minha mão, mas recuei quando vi seu pescoço uma mordida. O soldado estava inconsciente até começar a se mexer, seus braços ficaram com veias azuis brilhantes, começou a se contorcer e a ter espasmos, o pânico me invadiu quando sua pele se tornou cinza. Nisso ele levanta a cabeça bruscamente e me olha com seus olhos negros. Fico sem reação ao ver aquilo que acabo não percebendo um cuspidor e um corredor se aproximando de mim. Quando tento fugir vejo a situação em que me encontrava, lá estava eu, cercada, mesmo com meu sabre em mãos, eu não conseguia reagir, o medo havia travado todas as minhas articulações. Agora, o soldado transformado havia se erguido e caminhava em minha direção. Eu tentava me afastar deles, mas não havia escapatória possível. Cercada e indefesa, o corredor salta por cima de mim e me abaixo cobrindo o rosto.

KIRO

Eu estava bem à frente dos outros, meu grupo era bem coordenado graças a mim. Eu não deixava de me comunicar com todos, como sempre minha visão estratégica era bastante útil. Com isso acabei mesmo percebendo que os Zumbotz eram reais e não simulações holográficas, usando essa informação para planejar o percurso e as ações.

Estando quase no final do teste, percebi que Scarlett não estava presente com seu grupo, ponho a mão para cobrir a tempestade e, olhando para trás vejo ela cercada por três Zumbotz em um terreno acidentado com rochas que formavam pilares irregulares moldados pela tempestade de areia. Instintivamente corri até ela, meu grupo gritou meu nome, mas era mais forte que eu, tinha que salvá-la.

Ao chegar lá, passando pelas pessoas que corriam na direção contrária e desviando de Zumbotz, ambos meus braços se transformam em canhões de energia. Saltando sobre os Zumbotz vejo ela com as mãos no rosto apavorada. Então uso duas munições que tinha pego, uma amarela e uma azul ao mesmo tempo, fazendo um sabre verde e sem perder tempo corto a cabeça daquele que ia morder a garota. Em seguida me posiciono e aponto braço canhão para um deles preparado para atirar.

- E aí chapeuzinho vermelho? Saudades? - Falei em um tom heroico.
- O que está fazendo aqui? Os Zumbotz são de verdade! Você podia morrer! - Ela diz um pouco assustada.
- Por isso eu vim gatinha! - Disse com um sorriso de canto me divertindo em meio a aquilo tudo.

Um dos Zumbotz avança em direção dela, mas agora mais calma, ela empunha o Sabre com as duas mãos arrancando a cabeça do mesmo com tremenda facilidade. Mas havia uma horda que vinha em nossa direção, se aproximando rapidamente. Um dos corredores veio na minha direção, então aplico um soco com o braço do canhão no mesmo e em seguida atiro, abrindo um buraco no peito do mesmo e o matando, deixando o último para a menina fazer as honras. E ela acaba por fim matando o último Zumbotz que estava vindo em nossa direção com uma flecha vermelhas em seu crânio.

Nós no Fosso usamos quatro tipos de munições diferentes, as azuis que funcionam melhor para metralhadoras de energia, as brancas que usamos para sabres e armas de longo alcance, as amarelas que são de energia sólida, assim que atirado, uma lança de energia é fincada no alvo, além disso tem outras utilidades, e as vermelhas que simplesmente explodem.
Nisso ela se permite virar e me encarar de um jeito meio tímido apesar de não demonstrar muito.

- Poderia ter morrido por ter vindo me ajudar sabia? - Ela dizia meio baixo olhando para mim.
- Não seria a primeira vez que isso teria acontecido. - Disse dando de ombros.

Logo nossa atenção é desviada para a horda de Zumbotz que se aproximava rapidamente. Olhando para trás ela parecia estar calculando alguma coisa com a visão e olfato apurado, eu sabia que a saída não era longe mas talvez ela tivesse algo em mente. Então ela acaba se voltando para para mim novamente dizendo.

- Vem! Vamos embora daqui! - Segurando no meu braço ela sai correndo em direção a saída me arrastando praticamente.

Seus reflexos Vulpídeos estavam a flor da pele e conseguia desviar e se movimentar com certa facilidade mesmo me segurando. Eu era pesado, meu corpo quase inteiro feito de metal, isso estava nos atrasando. Eu tentava acompanhar a garota com certa dificuldade, mas os portões estavam se fechando e deixando todos os fracos para morrerem pelos Zumbotz. Como último recurso, ativei as turbinas em minhas costas pegando a garota pelos dois braços levantando voo 1,5 metros do chão indo em direção ao portão que se fechava.
Por pouco não ficamos presos, fomos os últimos a passar os portões.

Quando chegamos no local na nossa forma nada triunfal, minhas baterias estavam a menos de 30%, Scarlett estava bem, pelo menos fisicamente, mas eu iria precisar de um bom descanso. Muita gente estava assustada, uns feridos e todos eles falando do que tinha acontecido lá dentro, realmente não fomos só nós dois que reparamos.

Depois de um tempo Juliana e Cipião aparecem novamente.

- Parabéns soldados, passaram no teste, confesso que fiquei surpresa que tantos iriam sobrar! - disse Juliana do seu jeito frio.
- Por que ninguém nos avisou que os Zumbotz eram de verdade? Muita gente morreu ali sabia? - Uma das poucas mulheres que estava ali resolveu se manifestar. Era uma Vulpídeo albina.
- Eu avisei que iriam enfrentar perigos reais naquela sala, agora os que foram mordidos ou feridos por favor se vão para aquela sala ali, ela dará direto na enfermaria. - Pouco menos da metade entrou na tal sala deixando os restantes lá - o restante, me sigam!

Ao dizer isso Juliana vai caminhando na frente, Scar estava no chão, sentada e me olhando, aparentemente abalada com a experiência.

- Vamos? - Perguntou ela.
- Vamos! - É tudo que posso responder com um sorriso largo no rosto enquanto me levantando acompanhando ela.

Future Fight - Projeto EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora