Quando se tem esperança

3 2 1
                                    

... após o ocorrido, só me restava a esperança. Esperança de meu namorado não ficar muito assustado e querer ir embora.
Muitos pensamentos se passavam em minha cabeça. Eu queria ir embora. Mas eu ainda era menor de idade. Aos 17 anos eu pensava que não teria como fugir. Meus pais me buscariam em qualquer lugar e eu deveria obedecer. Perante a lei eles tinham poder sobre mim.

Eu sonhava em fazer logo dezoito anos para sair daquela casa que mais parecia um manicômio. Eu queria paz. Pensava em morar com minha avó, ou alugar um loft com uma amiga, sei lá.
Enquanto os pensamentos tomavam conta da minha mente e eu fazia muitos planos para ficar livre daquele sofrimento, Giovanni também pensava no assunto.
Ele conversou com sua mãe e disse a ela que precisava dar um jeito. Ela, apesar da aparência carrancuda, era uma mulher muito boa de coração. Fazia caridade e era muito religiosa. Foi então que ela sugeriu a ele que me pedisse em casamento e ofereceu sua casa para morarmos junto com seus pais.

Naquela semana ele me convidou para almoçar no McDonald's e aceitei seu convite. Eu fui procurar uma mesa enquanto ele foi comprar os lanches. Eu sempre comia primeiro as batatas com o sorvete e depois o lanche.
Nesse dia ele ficou insistindo para eu comer primeiro o lanche. Insistiu tanto que eu disse: "Está bem, vou comer o lanche primeiro".
Ao abrir a caixinha de papelão que abrigava o sanduíche, havia uma grande surpresa!
Ele tinha colocado uma caixinha sobre o pão. Apreensivo ficou observando eu abrir. Quando abri a caixinha de veludo vermelho, lá dentro havia um par de alianças de ouro. Ele me pediu em casamento.

Me contou sobre a proposta de sua mãe e como arrumaria seu quarto para ficarmos lá pelo tempo que fosse necessário.
Nossa! Eu não estava acreditando! Aceitei o pedido, é claro!

Muitas coisas se passavam na minha cabeça naquele momento.
Eu havia encontrado alguém muito especial que me amava tanto a ponto de querer casar tão rápido.
Será que era amor, ou ele queria me tirar daquele sofrimento?
Sem dúvidas era o mais puro amor. Mesmo que o motivo fosse me tirar daquela casa, era uma atitude de amor!
Eu era tão oprimida em casa que já estava pensando como seria contar ao Sr. Petruchio. Como ele reagiria?
Seja como fosse, nessa fase eu já tinha completado 18 anos e não estava nem um pouco preocupada com ele ou quem quer que fosse. Eu estava disposta a tudo pelo meu amor, por uma nova vida, pela esperança de ser tratada como gente, sem ter medo de dormir, sem ter medo de apanhar, sem ter medo de tudo como eu vivia.

Eu fui na casa dele e conversei com seus pais. Fui muito bem acolhida e fiquei feliz demais por poder contar com eles. Afinal, eles haviam abraçado minha causa e estavam dispostos a terem minha presença em sua casa como alguém da família.

Combinamos a data do casamento.
Eu falei com minha mãe e depois marcamos um almoço entre as famílias para formalizar tudo.

Era um domingo. Meus sogros foram almoçar na casa de meus pais para formalizar o noivado e o pedido de casamento.
É claro que Sr. Petruchio deu seu show particular com briguinhas e ignorância, senão não seria ele. Mas meus sogros já estavam preparados para isso e ignoraram.

Tudo formalizado. Hora de ir ao cartório agendar. A igreja ficou por conta da minha sogra. Ela e meu sogro eram ministros na igreja e tinham acesso a tudo. Contei com a ajuda deles.

Marcamos as datas e agora era só esperar. Faltavam somente 5 meses.
O que para muitos é pouco tempo.
Porém para mim seria uma eternidade, tendo que passar por tudo que eu passava diariamente.

Sem problemas. Eu poderia aguentar mais um pouco.

Nesses meses, muitas coisas aconteceram.
As tias do Sr. Petruchio que eram umas fofas, compraram meu enxoval, pois eu não tinha se quer um único pano de prato. Elas capricharam, eram coisas lindas de muita qualidade.

Meu bem, meu malOnde histórias criam vida. Descubra agora