Ouço um grito esquálido,
quase manso ou quase frio.
Vem lá daquela escuridão inerte,
talvez dos densos olhos febris
de uma pessoa invisível
por quem ninguém padece.Ecoa em minha mente,
o assombroso ganido,
quase humano ou quase frio.
Ricocheteia de parede a parede
numa dança egodistônica
que desalinha ou desatina.Desaba no lado manco
da minha memória, o pobre grito,
quase silvo ou quase frio.
Aglutina-se aos destroçados uivos
dos lobos esquecidos do porvir
que nunca deixei de ouvir.E em soberba regeneração,
explode em melodia,
o desajustado bramido,
quase vivo ou quase frio.
Descolore-se em inimaginável rispidez
e tomba seu pranto no desencanto
das águas serenas e tortas
que molham os vincos do desengano,
cravados com todo desespero
sob os olhos sombreiros
dos que jazem atrás das portas.
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Da Depressão e de Outras Tormentas
ПоэзияPoemas sobre os males que atormentam as nossas mentes e derrubam-nos inertes a cada novo dia.