03.Sam

18 3 2
                                    


7 de abril de 2017,
Rio de Janeiro.

Sam estava aterroriazada com tudo o que acontecia, não sabia o que fazer e não entendia nada. Não podia ver nada pois colocaram um capuz preto na sua cabeça, logo depois sentiu suas mãos apertadas uma na outra. Ela só queria que aquilo acabasse. Não conseguia parar de chorar. Ela ouviu alguns homens falar uma língua que não conhecia.

- Garota para de chorar! Mas que inferno.

Sam chorava baixo mas tentou parar. Ela não fazia ideia do que podia acontecer. Colocaram-a em uma cadeirinha de bebê, aquelas que as mãe costumam botar seus filhos para comer. Um pouco alta para o caso dela querer fugir. Que criança de 3 anos iria pensar em uma coisa dessas naquela hora?

- Ligue para o pai dela. Aquele desgraçado vai me pagar caro!!

Chamam o homem de Serpent, ele tem um sotaque americano mas sabia falar português. Sua cabeça brilhava na luz artificial como um um cristal na luz do sol. Ele é alto e malhado. Tem várias tatuagens pelo corpo, uma delas é uma cobra desenhada por todo o antebraço, ou seja, significava o símbolo de uma gangue americana que a pouco tempo tinha se instalado nos presídios brasileiros.

- Olá ,Will. Você já deve saber com quem eu estou não é mesmo? - disse Serpent com um tom irônico.

- Você vai se arrepender de se meter comigo.- Rebateu Will, friamente.

- Ai, estou morrendo de medo. Você devia ter pensado antes de matar meu irmão.- sorriu seco.

- Quando eu te achar, você vai queimar no inferno.

Will desligou o telefone. Conseguiu localizar de onde vinha a ligação mas ele é esperto o bastante de que aquilo era uma armadilha. Will foi até local mas encontrou apenas um deposito vazio com uma cadeirinha de bebê e ao seu lado um pouco de cabelo da Sam deixado de propósito. Ele foi até lá, se abaixou e pegou nos fios de cabelo da Sam. Quando levantou encontrou alguns homens com armas apontadas para ele.

- Eu já sabia que era armadilha dele. Nunca sabe ser inteligente o bastante.- sussurrou para ele mesmo.

E então ,após levantar, Will já tinha sua pistola na mão. Atirou tão rápido e preciso que os 6 homens nem conseguiram utilizar suas armas. Will estava indo embora quando encontrou uma pista de onde estava Sam. Um celular de um dos homens de Serpent. Nele tinha uma localização, um lugar que Will sabia muito bem.

Lutando contra o tempo e a vida de Sam, ele foi em busca de ajuda de seu amigo Garry.

-Alô?

-Garry, preciso da tua ajuda. O Serpent pegou a Sam. Ele está indo para uma favela. A última que entrei. Talvez eu não consiga chegar a tempo e mesmo se chegasse iria colocar tudo a perder.

- Já sei o que fazer. Me encontra no posto 20.

- Já estou a caminho.

Depois de 10 minutos Garry já havia bolado um plano para eles conseguirem salvar Sam. Eles estavam na cola de Serpent pois a localização do celular era bem precisa.

- Se você quiser sua pedra preciosa viva é melhor não tentar nada.- Serpente falou ao telefone com Will.

Serpent era do tipo de pessoa que não gostava de ser desafiado.

-Eu quero fazer uma proposta. A minha vida pela dela. - Disse Will

- É uma proposta interessante. Mas está faltando algo mais.
Quero mais cem mil dólares.

-Cem mil dólares?

Will não sabia o que fazer. E Garry disse pra ele aceitar.

- Sim, mas tem uma condição. A troca deve ser fora da favela.

- Hummm. No depósito perto da estação V , amanhã às 4 horas da madrugada.

- Certo.

Tudo estava planejado para o encontro. Para Will tudo que mais o interessava era salvar a vida da filha, seja qual for o resultado.
Ele acordou e no relógio marcava 3h e 45min. Eu e Garry dormimos perto da estação V. No carro, tínhamos várias armas e Garry estava se preparando para ficar em um ponto longe para quando precisasse atirar sem ser visto. Peguei algumas pistolas, bombas de gás e facas e escondi dentro dos bolsos do meu frock coat.

Na estação tudo ainda estava escuro mas havia algumas luzes piscando como se fossem queimar. Perto da escadaria tinha um morador de rua com um cobertor, dormindo. Fora isso não tinha ninguém.
Esperei dar 4 horas mas o que apareceu foi um toque no meu celular.

- Eu estava aqui pensando... A morte do meu irmão não vale muito mais do que dinheiro. Então, acho que seria mais justo eu fazer o mesmo com sua filha não acha?- E deu uma gargalhada alta.

- Eu acho que você é um filha da p#$@. Deixa minha filha viver ,eu ja disse que pode fazer o que quiserem comigo.

- Olha , acho que não posso fazer isso.

- Papai, papai!! Socorro!

Will ouviu um barulho de tiro. Essa hora Garry foi pego de surpresa com um golpe na cabeça, logo depois mais dois homens pegaram Will , que ficou um tempo desacordado. Ele acordou em um lugar desconhecido e viu sua filha amarrada na sua frente ,desmaiada.

- O tiro foi apenas para assustar , otário.

Serpente deu um tapa na cara de Will.

- Vai se foder. Sam? Você ta acordada? Responde por favor.

A menina quase sem forças, acordou e levantou a cabeça. Muito alegre ao ver o pai disse:
- Papai! Eu quero ir pra casa papai!

- Calma querida, nós vamos.

Will olhou para cima e viu um homem apontando a arma para Sam. E com uma distância de dois metros acertou a menina na barriga, que gritou e chorou de dor.

- Papai!

Sam estava quase indo embora. Tudo parecia estar parado mas muito rápido ao mesmo tempo. Will tentou se soltar mas os homens de Serpente deram alguns golpes no seu abdômen e rosto.

No outro dia, Will estava amarrado de cabeça para baixo em um local escuro onde apenas duas janelas clareavam um pouco. Ele acordou e viu que precisava sair dali, então ele tirou de um bolso bem pequeno da sua calça jeans um grampo. Conseguiu soltar as mãos e em seguida os pés. Assim que estava procurando uma saída, ouviu alguns passos se aproximarem, deduziu que seria Serpente e sua gangue. Se escondeu ao lado da porta de ferro que o trancava naquela sala para fugir.

A porta fez um barulho alto ao abrir, e um dos homens que entraram perceberam que não havia mais ninguém ali.

- Ele fugiu!!

De repente, Wil deu um golpe no braço desse homem que tinha uma arma e atirou nos outros, usando o corpo dele como escudo.

Serpente sem saber o que fazer pois suas balas tinham acabado, saiu correndo pelo corredor mas Will percebeu. Saiu da sala,pegou uma arma, carregou-a e deu dois tiros, um atingiu as costas e o outro o ombro.

Will conseguiu sair dali apenas com alguns machucados. Mas nada doía mais do que perder o seu anjinho.

Destinados a viver(provisório)Onde histórias criam vida. Descubra agora