Dois soldados conversam

2 0 0
                                    

Então um soldado comenta com outro:

-Ouvi dizer que há uma bruxa na corte.

O que continha a marca dos anarquistas na pele de seu peito respondeu:

-Há sim, eu já a vi - e, ao procurar em meio a multidão, apontou para uma mulher de cabelos ondulados, de baixa estatura, vestido azul escuro e olhos extremamente escuros e espertos - é aquela dama ali.

-Para mim, não há nada que a diferencie de todas as outras garotas da corte e do reino. - disse o primeiro soldado.

O anarquista riu.

-Isso é porque você não consegue enxergar seu espírito livre dentro de sua alma doce. Essa mulher emana independência, orgulho, luxúria, ambição.... Todas as características pelas quais mulheres são condenadas, e não há nenhum pudor nela por tê-las. Sim meu amigo, ela é uma bruxa.

O amigo pensou por alguns segundos olhando para a mulher que conversava, havia em volta dela uma aura feminina que ele era incapaz de ver, uma aura antiga e pagã que a protegia do mundo, para que não precisasse se proteger mais dela mesma.

-Realmente..... Não consigo ver nada do que você falou, ela parece uma menina doce.

-Sim... Eu pensava que ela era apenas isso no início também.

Então o castanho dos olhos se encontraram, o da bruxa e o do anarquista. A conexão se abriu. A bruxa com a fé toda estabelecida em modelos pagãos tinha em seu pescoço um colar de pedra que a protegia. O soldado anarquista, com a fé mais voltada para a existência de uma divindade, sem especificação, carregava um símbolo cristão num cordão de ouro que o protegia. Eles se entreolharam por apenas alguns segundos antes da bruxa esboçar um sorriso de lado e ele retribuir.

A bruxa se virou e saiu do salão sem nem se dar conta de que aqueles dois soldados falavam dela. Ela só tinha na cabeça a imagem do anarquista que ela havia ajudado a sair das masmorras estava de volta a seu posto. Ela sorriu apenas para si mesma. Era o mesmo anarquista, o mesmo prisioneiro, o mesmo homem.

Por um instante teve a súbita vontade de descobrir como era a textura de sua pele. Como seria se suas mãos encostassem nas deles, se seus dedos se entrelaçassem..... Por um instante a bruxa pensou nele, sem ao menos saber que ele já havia realmente a visto.

In my mindOnde histórias criam vida. Descubra agora