Ele
Tem um burburinho correndo pelo ambiente, um pequeno grupo de pessoas ao redor dos carros de polícias, espremendo-se umas contra as outras para terem melhor visão, mas sem poder atravessar o cordão amarelo estendido ao redor da cena.
Eu vou empurrando aquelas pessoas, já que pedir licença não resolve muito, pois elas estão ocupadas demais na fofoca para me ouvir, mas quando levanto a faixa amarela e preta e atravesso o cerco e passo para dentro de cena do crime todos os olhos recaem sobre mim, todos curiosos e sussurrando que seria eu, talvez se houver uma mulher bonita nessa multidão eu possa me dar bem.
Um policial vem em minha direção no intuito de me parar, mas eu estendo em sua direção minha falsa identidade do FBI, o homem me sorri de forma estranha, mas não presto muita atenção. Meus olhos seguem para o corpo descoberto a uns metros de distância de nós onde policiais se amontoam ao redor para tirar fotos e recolher evidências.
— Um agente federal? — O xerife se aproxima de mim, me estende uma mão e me sorri de canto. — Eles usam os recursos do governo por tão pouco assim? — Ele questiona.
Eu sorrio de canto, desvio meus olhos do xerife e seu parceiro, e volto a olhar para o corpo estendido no chão. "Tão pouco" era assim que ele se referia a um assassinato. Decidi que não gostava daquele homem.
— Pessoas morreram. Para os meus superiores isso não é pouca coisa. — Digo de modo sério.
Me afasto deles, indo em direção ao corpo. É uma mulher, aparenta ter uns trinta e poucos anos, os cabelos são loiros, sua pele alva está manchada pelo sangue que sai do seu pescoço, mas seus olhos estão queimados, um ferimento que eu conheço muito bem. Suas roupas deixam claro que ela trabalhava na noite, tecidos em tons fortes e chamativos e que cobrem apenas o essencial.
— A conhecessem? — Questiono.
O xerife dá de ombros, tem um ar de desprezo voltado para o corpo.
— Dália Morgan. Uma prostituta que chegou há algumas semanas. — Seu tom vem carregado em nojo. — As pessoas aqui não gostavam muito dela.
— Deixa me advinhar. O amor de Deus é seletivo?
O xerife me olha com um ar espantado e tudo o que posso fazer é sorrir.
Eu pesquisei. A cidade é pequena e muito religiosa, quase todos os cidadãos são pessoas de meia idade, com crenças e fé inabalável, e é claro que odeiam qualquer coisa que possa abalar suas estruturas conversadora, e é claro que uma prostituta abala e muito.
— As pessoas aqui são...
— Cegas. — Digo por ele.
O xerife me olha com uma certa indignação, mas não me importo, conheço a história melhor que ele, eu vivi essa história, e sei que essa é cega fé não faz sentindo, afinal, Deus se quer está por perto.
— Então com essa, são seis mortes? — Decido mudar o rumo da conversa.
— Sim. Todos os corpos com perfuração e queimadura nos olhos. — Coisa de anjo. Digo para mim mesmo. — Todos em pontos como esses. — Todos no meio de uma encruzilhada.
— Tudo bem xerife. Vou fazer algumas investigações pela cidade. — Eu aviso.
— Fique a vontade agente. — Ele me sorri de forma educada.
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The Last Colt (Concluída)
Fanfiction"Está em nosso sangue, é quem somos, nascemos para isso e vamos morrer por isso. Caçar é o nosso legado." Dean Winchester estava tão acostumado com aquela vida, para ele séria mais um dia no negócio da família, mais um caçada que acabaria rápido, el...