Resposta à maldade

28 2 0
                                    

Meu corpo ferve de inquietação. Não consigo encontrar paz em meus pensamentos, visto que um considerável conflito mental me aflige e destrona toda a calmaria presente. A paz é perdida e o caos habita cada centímetro de minha estrutura. Por que tudo se resume em dualidade? Sempre estamos defronte de questões binárias e irreconciliáveis.

Um lado ou outro. Este ou aquele. Nós ou eles. É sempre uma difícil escolha, que traz à Terra grandíssimas complexidades do espectro humano. No fim das contas, um maniqueísmo raso nos leva para uma vã e medíocre trajetória, sem qualquer escrúpulo ou compromisso com os sentimentos.

Não é necessário e nem saudável hipertrofiar extremismos. Até as pedras do caminho depreendem que o mais frutífero é o caminho do meio. Ser uma pessoa equilibrada não é sinônimo da ausência de opiniões contundentes. Significa apenas ser sábio o suficiente para, após analisar um extenso arrazoado, não se contaminar com radicalismos.

Usando os últimos parágrafos como uma espécie de pedra angular, é possível convocar o estimado leitor, bem como seus peculiaríssimos pontos de vista acerca do mundo, para uma análise profunda no que tange a proposição de solução em casos de ofensas recebidas. Em suma: o que fazer quando praticam malevolências ou nequícias contra você?

Descreverei, sem intenção alguma de vislumbrar ressonância no público que lê, o que conceituo como positivo e benéfico para a minha forma de funcionar e agir. Portanto, eu não viso nem nunca visei catequizar as pessoas para imaginarem o mundo como eu. Sou um idealista inveterado, porém, não crio personagens "ideais" para agradar meus olhos.

Indo ao ponto nevrálgico: como eu me comporto quando me ofendem? O que faço quando são injustos comigo? Devo dar a outra face ou responder aos ataques com reciprocidade (atacando de volta)? Aguentar a intransigência calado e tratar bem quem me maltrata ou fazer rigorosamente o mesmo que o agressor?

Não consigo simplesmente ignorar a ofensa que fazem comigo. Se eu engolisse e dissesse, para mim mesmo, que é normal ser maltratado, perderia uma parte de minha alma; me apequenaria. Logo, para mim, é inimaginável um idealismo de Cristo, em que eu trataria bem quem me faz atrocidades.

Não obstante, eu penso que é igualmente tóxico e apequenador quando fazemos exatamente aquilo que repudiamos, por mais que seja uma simples reação. Mesmo que aquilo não passe de uma resposta para ofensas, nos iguala numa tosca e epidérmica equação. Mas então, qual seria minha solução para este complicado dilema?

Em meu modo de sentir e internalizar cada resquício do comportamento humano, o trajeto perfeito está intimamente conectado com o equilíbrio: se alguém me ofende, das mais diferentes e inconfessáveis maneiras que você possa imaginar, eu simplesmente utilizo a estratégia da ausência.

Eu opto por me afastar. Distancio-me abruptamente da pessoa que me feriu. Em certos casos, pode não ser possível uma ruptura completa, pois o elemento que agride ainda está inserido em sua vida com grande frequência. Porém, promulgar uma importante separação na relação que traz efeitos adversos já é um passo muito interessante.

Isto se resume, precipuamente, numa tática de psicologia da sobrevivência. Esta opção é pura inteligência emocional, uma vez que você estabelece um ponto limítrofe entre os malefícios e benefícios da vida. A bandeira da própria existência é fincada naquele perímetro positivo, que só trará infindáveis efeitos produtivos.

À vista disso, enumerando todos os pontos e reclinando o globo ocular sobre tudo que está em perspectiva, é nítido e de fácil depreensão perceber que o natural alinhamento ao que te engrandece só catapultará sua evolução. Por outro lado, permanecer em trechos funestos da vida somente mostra um horizonte de anomias, onde você precisa escolher entre ouvir calado ou insultar pessoas, se transformando num ser completamente minúsculo em termos de brio.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 26, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Textos exíguosOnde histórias criam vida. Descubra agora