O ACIDENTE

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Estava no café e já era praticamente hora de fechar, estava a chover de novo e o Emir não dava nenhum sinal decidi caminhar até à minha casa, numa das ruas tinha um carro que vinha em alta velocidade e perto de mim, tinha uma poça de água certamente me jogaria  água e não estava com vontade de chegar mais molhada do que o necessário. Vida difícil essa minha!

Já estava de 4 meses, a barriga já aparecia um pouco corri para proteger-me e não ser molhada, mas tropecei e caí por sorte o motorista viu-me e teve a amabilidade de levar-me ao hospital como se não fosse a obrigação dele. Fui atendida de imediato, estava preocupada com o bebê, mas eles garantiram-me que estava tudo bem após eu ter dito que colocaria fogo no edifício se não falassem alguma coisa.

Só assim consegui dormir tranquila e acreditem não foi preciso nenhum sedativo, eu tinha sono para doar, vender e ainda guardar em stock para a primavera. Pela manhã quando acordei senti a perna direita a doer até ao joelho, mal despertei agarrei no meu telefone e enviei uma (SMS) ao Emir.

"Tive um acidente, estou no hospital"

15 minutos depois o vi entrar, ele veio mais rápido do que eu esperava, a Nelma veio junto e ambos estavam com cara de cansados e com sono, boa coisa esses dois não fizeram. De boba eu só tinha o rosto mesmo!

— O que aconteceu? Como está o bebé?

Caminhou preocupado para perto de mim e segurou na minha barriga, é muita ousadia da parte dele.

— Onde você estava?

Olhei para ele furiosa, tirei a mão da minha barriga. Ele que nem pense que eu deixaria isso passar em branco.

— Eu… eu...

Ele não conseguia responder nem olhar nos meus olhos

— Porquê que não foi buscar-me no serviço?

Estava a segurar-me para não gritar com ele, não queria parecer mais imatura do que era.

— Perdi a hora

Olhou para o chão, estava envergonhado. Quem diria o grande Emir que passa a vida a gritar estava sem voz.

— Perdeu a hora? Perdeu a hora?

Não consegui manter o tom baixo, quase levantei da cama ele impediu-me

— Nós estávamos. …

Olhou para mim e para a Nelma que ainda estava ali parada feito uma estátua linda de morrer

— Enquanto você estava a fornicar com essa mulher, eu estava aqui a rezar para não perder o nosso filho!

Inclinei-me para ficar mais perto do rosto dele e olhar diretamente para os olhos dele.

A Nelma não tinha vergonha na cara não parecia estar arrependida e muito menos ofendida.

— Desculpa-me, perdi a hora...

Ele levantou-se virou para a Nelma e foi falar com ela.

Percebi que ela não queria sair, mas acabou por ceder, ele ficou sentado ao meu lado em silêncio a pensar.
Provavelmente em alguma desculpa ou mentira para justificar o facto de ter perdido a hora, eu também não quebrei o silêncio queria que ele percebesse que errou e errou feio!

O Dr entrou, eles conversaram e depois recebi alta.

Deram-me um par de muletas que teria de devolver quando retirasse o gesso, caminhamos a passos de Camaleão até ao carro porque eu ainda não tinha jeito com elas.

Entramos e não falei nada durante todo o trajeto para casa, não queria acreditar que ele não foi buscar a mãe do filho dele para estar com aquela mulher linda e cheia de peitos.

UMA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora