A DESCOBERTA

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Cheguei atrasada de novo, tentei entrar de fininho mas derrubei alguma coisa que fez bastante barulho, o Dr virou-se e olhou para mim eu estava a olhar para o que tinha derrubado e quando levantei o rosto e olhei para ele.... era ele!

Era o desconhecido, o desconhecido  era ele, ou seja o desconhecido era o Dr. O meu coração parou, as minhas pernas ficaram trémulas  o ar congelou nos meus pulmões, senti as minhas mãos ficarem sem forças não conseguia mexer-me, os olhos dele estavam fixos em mim como se tivessem parado no tempo, mas ele conseguiu dar volta a situação. Virou-se de novo e continuou a explicar só me restava sentar e esconder o rosto ou sair e desistir do estágio, a primeira opção era a pior naquele momento mas a melhor para a minha vida.

Durante a aula prática ele evitava ao máximo olhar para mim por mais de 5 segundos, mas esses 5 segundos eram mais que suficientes para fazer-me querer cavar um buraco e colocar a minha cabeça junto com a minha alma dentro dele.
Foi assim durante o resto da semana, estava sempre a evitar falar com ele, olhar para ele e quando cruzavamos no meio do corredor eu voltava para onde estava a sair ou escolhia outro caminho  não estava pronta para o enfrentar.

Estava cansada, faziam dias que não dormia em condições, não comia em condições pois tinha que fazer escala entre uma refeição e a outra ou aproveitar comer na Universidade quando a Alice estivesse a lanchar, hoje era o dia do meu grupo fazer a prática, farei a minha primeira cirurgia claro que é num cadáver bom na verdade era uma autópsia.

Dois alunos entrariam e o Dr ficaria a observar, ele tinha que chegar bem perto para ver tudo. Chegou a minha vez e da Alice enquanto trabalhávamos, as minhas mãos estavam trémulas mas as minhas pernas estavam piores, a minha cabeça não parava de girar e o cheiro... Ah pai do céu.

  - Estás bem?

Perguntou inquieto mas sem mostrar grande preocupação
 
  - Sim!

Respirei fundo. Não estava bem, segurei no bisturi tinha que fazer uma incisão no abdômen mas não consegui fazer nada me senti tonta e desmaiei.

Quando abri os olhos a Alice estava lá e ele também mas nenhum dos dois estava com boa cara. Até parecia que o meu coração tinha parado e eles assistiram a minha reanimação.

  - Oi amiga, sentes-te melhor?

Sentou-se ao meu lado, segurou a minha mão e passou a outra mão pelo meu cabelo ela não tinha uma boa expressão facial.

  - A minha cabeça está a girar, por que deixou ele entrar depois de tudo que contei?

Estava irritada e tonta, acho que também estava com fome, sim muita fome!

  - Agora ele tem mais direito de estar aqui do que eu. Vou deixar vocês conversarem!

Olhou para ele, beijou a minha testa e levantou

  - Alice...Alice volta aqui!

Gritei do jeito que consegui mas ela não parou, abriu a porta e saiu.

Olhei para ele e não estava muito bem, tinha alguns papéis em uma mão e não parava de passar a outra mão pelo cabelo estava agitado mas ainda assim tinha um certo charme. Foco Neria, ele abandonou-te depois de transar com você!

  - Quando é que você pretendia contar-me?

Virou para mim e estava chateado

  - Contar o quê ?

Fiquei confusa, ajeitei-me na cama puxei o lençol para cima e olhei para ele

- Isso!

Caminhou para perto de mim e colocou os papéis nas minhas mãos, entre tantas letras que tinha naquele papel só fixei uma frase:

UMA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora