A CONSULTA

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Dias depois...

A convivência com ele já não era tão pesada no estágio ele era muito profissional e não deixava transparecer nada nas aulas. Porém, falávamos na cara um do outro aquilo que pensávamos no horário de descanso e só deixava ele ver-me no estágio porque de noite tinha que trabalhar.

Proibi a Alice de mostrar a ele onde eu trabalhava porque já era demais ter que aturar os clientes bêbados, imagina ainda ter que aturar ele e os seus sermões. Os colegas de turma começavam a notar um certa proximidade entre nós no horário de descanso, mas ninguém se atrevia a comentar nada nem a perguntar.
— Você está com frio toma o meu casaco

Pendurou-o nos meus ombros, e continuou a caminhar

— Não obrigada!

Devolvi o casaco estava a congelar, abracei-me e continuei a caminhar. Ele ficou irritado, mas não protestou.

— Marquei com o ginecologista para amanhã as 10h não se atrase.

Não olhou para mim. Ele nem perguntou se alguma vez fui ao ginecologista, simplesmente marcou e prontos.

Não respondi, o ônibus estava a passar entrei e fui para o trabalho.
Nos últimos dias depois do trabalho já não voltava para casa sozinha, o Siro fazia questão de levar-me na sua motorizada, eu aceitava só para incomodar o Emir.

Uma vez paramos no semáforo e eu vi-o, percebi que ele odiou ver-me com o Siro e principalmente a andar de mota com ele.

Hoje não tive tanta sorte estava a chover era quase de madrugada, o Siro não vinha buscar-me caminhei até a minha casa não tinha levado um guarda-chuvas, cheguei toda encharcada e fiquei constipada só adormeci quando eram 6h da manhã.

O meu telefone de novo...

— Onde você está? Falei para não se atrasar!

Parecia impaciente, e já estava a ponto de gritar

— Emir?

Eu ainda estava com muito sono, dor de cabeça e o nariz entupido, a voz era familiar e claro não tinha como não ser ele.

— Sim!

Você está atrasada eu tenho marcações para daqui à 1h, sussurrou.

— Eu já estou a caminho

Levantei da cama com uma certa dificuldade, fiquei tonta por alguns segundos, mas logo passou

— Estarei na tua casa em 15 minutos

Desligou e nem me deixou responder. Mal-educado !

Entrei no banheiro tomei banho e procurei por algum analgésico, mas não tinha nenhum, é analgésico mesmo que eu deveria tomar? Sei lá.
Saí do banheiro e vesti uma calça (jeans), blusa azul e uma arrastadeiras. Não tive tempo de tomar pequeno almoço, por que ele já tinha chegado.

Assim que ele bateu a porta abri logo, saí e fechei. Não queria que ele visse o estado que estava a minha casa. O meu nariz estava a matar-me estava congestionado, eu nem podia fazer ele perceber que eu peguei uma gripe.

Ele começou a dirigir e durante um bom tempo ficamos 3 min silêncio.

— Você está pronta?

Tentou olhar para o meu rosto, eu desviei. Baixei a cabeça.

— Sim!

Virei o rosto para a janela, dava para sentir que ele não tinha parado de olhar para mim, parecia que ele tinha sensores.

— Você parece cansada, o que foi?

Segurou o meu rosto e virou para ele olhou para mim com aqueles olhos acusadores enquanto analisava cada centímetro do meu rosto

UMA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora