O olho da neve

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Dipper seguiu Bill sala a fora, ainda não confiava nele, então não ficou com a guarda baixa.

Bill foi até uma sala que parecia uma entrada para o inferno.

Era quente, tinha fogo queimando na parede oposta à porta e era feita de uma pedra negra que Dipper não sabia dizer qual era.

- O que estamos fazendo aqui Cipher? - Perguntou Dipper apreensivo.

- Quero tentar uma teoria, o modo como você lutou... parecia estar dançando, seguindo um ritmo e uma melodia. - Respondeu Bill indo para uma pequena estante meio escondida no canto da sala.

Bill pegou um objeto que parecia uma capa de lava a levou até Dipper, erguendo-a na direção do castanho, que o olhou e disse:

- Não vou vestir isso! Vai saber se você não botou algum tipo de feitiço, ou algo do tipo!

O loiro suspirou isso seria difícil, mas era necessário que Dipper confia-se nele, então Bill resolveu falar logo para o mais novo o que era aquilo e o por quê de o maior querer que o outro vestisse a capa.

- Olha... o modo como você lutou, seguindo um ritmo, como se estivesse sob o efeito de música,  eu só vi uma vez, em um tipo de demônio muito específico, os demônios da música, um dos tipos mais poderosos, quero apenas fazer um teste.

Para provar que falava a verdade, Bill pegou a capa e jogou por cima do ombro, entoando um antigo feitiço, fazendo com que a mesma brilha-se e aparece-se um cérebro de luz amarela acima de sua cabeça, simbolizando o símbolo de demônios da mente.

Dipper aceitou e, relutantemente, ele pegou a capa e a jogou por cima dos ombros, assim que fez isso, Bill começou a falar algo e a capa se pôs a brilhar em uma tonalidade meio azul, soando da mesma uma pequena melodia, em cima da cabeça do castanho se encontrava uma clave de sol, simbolizando um demônio da música, Dipper olhou impressionado para o sinal que lhe pairava a cabeça, com a boca aberta em um pequeno "o".

Então algo estranho aconteceu, de repente, os olhos de Dipper ficaram azuis, em um brilho gélido e pareciam enxergar outra realidade, mas então o azul se comprimir em seu olho esquerdo, deixando-o com um olho de cada cor.

Dipper não entendeu o motivo de Cipher estar o olhando daquela maneira, de um jeito estupefato.

- O que foi? - Dipper perguntou meio rígido.

- O seu olho... eu não acredito... - Disse Bill, enquanto estendia um espelho para Dipper que o pegou e, ao se olhar no espelho, soltou uma exclamação de surpresa e deixou o espelho cair no chão.

- O que é isso? O que aconteceu com o meu olho, ele estava normal até agora pouco! - Reclamou Dipper, exasperado - O que você fez Cipher?

- Ei! Eu não fiz nada! Por que pensa isso? - Reclamou o loiro.

- Talvez porque você estivesse petrificado todo mundo e os botando em um trono de pedra gigante! Talvez porque você tenha me enfeitiçado e me possuído! - Gritou Dipper.

Então algo ainda mais estranho aconteceu, Dipper caíu repentinamente no chão, desmaiado, seu corpo estava frio, exceto por seu olho esquerdo, que se encontrava e quente e por sua testa, onde a marca de nascença se encontrava emitindo um brilho azul.

- Droga! Por que tinha que ser o Pinetree! - Reclamou Bill enquanto pegava o menor no colo, para levá-lo a um lugar que pudesse descansar - Vocês não tinham mais o que fazer não? Por que ele? Existem outros demônios da música por aí! Podiam ter escolhido um deles! - Gritou Bill olhando para cima, seus olhos estavam marejados, por que aquilo tinha que acontecer justo com Dipper? Ele se perguntava enquanto corria para fora da sala, levando Dipper para o seu quarto, para que ele pudesse descansar.

Já haviam se passado várias horas e nada de Dipper acordar, Bill estava ficando desesperado, já havia feito de tudo que podia, Dipper não podia passar por aquilo naquele momento, era jovem, não podia entrar em estado vegetativo por causa de uma simples brincadeira de Destino e de Vida, a cada vez que eles interfiriam na vida do Cipher ele os odiava ainda mais.

Então Dipper se mexeu e abriu levemente os olhos.

- O... o que aconteceu? Eu estou me sentindo tonto. - Comentou o Pines.

- Não é nada... acho que você apenas sofreu um choque com os seus poderes sendo liberados. -Mentiu Bill.

Dipper tentou se sentar, mas ficou tonto no mesmo instante e voltou a se deitar, com os pensamentos a mil.

Então ele era um demônio? Como aquilo era sequer possível, até algumas horas antes ele era um pré-adolescente normal, que se divertia com sua irmã e seus amigos, agora era um prisioneiro eterno do demônio que torturou sua família, não só isso, ele também era um demônio da música?

Dipper botou as mãos em seu rosto e soltou um longo suspiro, aquilo era demais para assimilar, Bill, percebendo os pensamentos do moreno apenas disse:

- Eu vou para o meu quarto dormir um pouco, se precisar de alguma coisa pode me chamar. - Então se levantou e saiu da sala, mesmo que a contra gosto, sabia que o moreno não o chamaria mesmo em uma situação de vida ou morte, mas também sabia que o outro precisava de um tempo sozinho para assimilar aquilo tudo, Não era fácil descobrir tanta coisa em uma questão de poucas horas.

Ele se viu indo para um lago onde ele e seus irmãos brincavam quando crianças, ele queria que tivessem ficado unidos para sempre mas não foi isso que ele quis.

Dipper se estava deitado em sua cama, se conseguisse levantar, provavelmente estaria a andar pelo quarto em círculos e mexendo nas coisas para acalmar sua cabeça, era coisa demais em sua mente, ele não conseguia processar.

Ele olhou para o lado e viu que havia um espelho do lado de seu cama, em sua cabeceira, então ele o pegou, era um espelho diferente do que Bill o havia dado mais cedo, este era preto com as partes em volta do espelho parecendo uma trança de galhos podres, ao olhar seu olho esquerdo, que outrora fora castanho escuro e, agora, era azul, em um tom frio e duro.

Então, de repente, sua cabeça se pôs a doer novamente e ele largou o espelho, deixando o mesmo cair sobre a cama, vários flashes se passaram em sua cabeça, ele apoiou as mãos em cima de seu olho azul, de onde vinha aquela dor, e, de repente, várias cenas se passaram rapidamente pela sua mente.

Havia uma floresta cheia de neve e um a pessoa encapuzada estava na saída dela, parecia estar com o braço em volta do pescoço de alguém e prestes a cortar uma veia do pescoço dessa pessoa.

Dipper também viu um garoto parecido com Bill, porém um pouco mais baixo e todo azul, ele parecia apavorado.

Logo depois a cena mudou e ele se viu dentro de um lago, parecia estar afundando, debatia seus braços, numa tentativa de se manter na superfície, mas algo o puxava para baixo, então ele se permitiu afundar.

Dipper voltou a realidade exasperado, o que havia acabado de ver? Por que ele vira aquilo, nunca fora de dormir acordado, como era possível ter sonhado então?

Mas aquelas cenas, elas pareciam tão reais, será que com o poder de demônio vinha o poder de prever o futuro?

Ele balançou a cabeça, não, não podia ser. Então ele apenas olhou para a janela e se permitiu cair novamente no mundo dos sonhos.

True loveOnde histórias criam vida. Descubra agora