(re) unidos pelo Tinder

Capítulo 8

No mesmo momento em que eu encontro os olhos de Victor e engulo seco, sinto que o mesmo acontece com ele. Ele simplesmente travou na frente de todo mundo, olhando pra minha cara, e eu não sei o que fazer, tô tão surpresa quanto ele.

Quais as possibilidades de isso acontecer? Isso é uma piada sem graça do destino, não é possível!

Ele se reestrutura e volta a iniciar a aula, ainda me olhando de vez em quando.

- Meu nome é Victor, eu sou o novo professor de Inglês daqui, provavelmente sou da idade da maioria de vocês, ou até mais novo, mas eu prometo que vou fazer com que vocês saiam fluentes daqui. - ele ri, as vezes me olhando pelo canto do olho, e eu fico com o coração batendo muito forte.

A aula passa como um clarão, eu não consigo prestar atenção na maioria das coisas, por motivos óbvios, e ele as vezes se distrai também. Que situação...

São 18 horas e a aula é encerrada, e todos saem, e eu me enrolo pra pegar meus materiais por estar super distraída e abalada pela recente descoberta. Saber que o crush tinha me conhecido por causa de pt na casa dele já foi arrasador, mas ter ele como professor... Isso é demais pra mim.

- Eu acho que seria legal a gente conversar, colocar as coisas em pratos limpos. - diz Victor enquanto fecha a porta e nos deixa sozinhos na sala.

- Eu não sei se isso é uma boa ideia, não aqui.

- Olha, a gente consegue lidar comigo sendo seu professor. Ou você pode mudar de turma, ou eu posso - ele diz ao ver o meu olhar. - A gente pode dar um jeito, não é complicado.

- Vai ser estranho, eu realmente não acho que é uma boa ideia falar disso aqui. - pego minha bolsa nervosamente - A gente pode conversar mais tarde, em outro lugar, mas não aqui.

- Eu te ligo? - ele diz, e eu saio da sala o mais rápido que eu posso.

Eu não vou conseguir lidar com isso, é estranho, realmente estranho.
Corro pra casa e assim que chego me jogo no sofá.

COMO tudo isso tem que acontecer comigo? POR QUÊ?

Não faz sentido. Esse curso foi uma péssima ideia, eu não deveria ter me inscrito.
Meu telefone vibra e eu olho a tela, vendo algumas mensagens, tanto do Victor, quanto da Mari, que eu ainda não respondi. Decido ver as dela primeiro.

"ei, amiga, como foi ontem?"
"Dá sinal de vida, por favor"
"Ooooii?????? Você tá viva?"

Paranóica, como sempre.

"- Mari, eu e o Victor ficamos ontem, e eu descobri que ele é meu professor do curso, eu tô surtando, você pode vir pra cá?"

"- chego em 5 minutos."

Logo Mari chega, e eu a abraço forte, ela já tá acostumada com minhas situações excêntricas então nem se assusta com o fato de isso ter acontecido.

- Troca de turma.

- Seria estranho, e ele pensaria que tô evitando ele.

- E não tá? - ela diz e eu reviro os olhos.

- Não? Eu não sei. Eu queria levar a frente, só que é estranho porque agora ele é meu professor e se eu pedir transferência vai parecer que eu não quero nada, só que eu quero, só que é estranho porque ele me dá aula, e eu nunca tive, é sério, eu nunca tive tara em professor. - digo e ela arregala os olhos.

- COMO não? Eles são severos, nos punem com notas ruins, e tem algo sobre salas de aula que... - ela para de falar assim que percebe o meu olhar sobre ela. - Eu tava brincando Ju, credo.

- Sei, você não parecia estar brincando...

- Enfim, se eu fosse você, o que eu não sou e isso deve ser levado em consideração, eu continuaria o rolo que vocês podem ter, e ficaria numa boa na sala de aula, não é como se vocês fossem transar lá, já que você disse que não tem fetiche nesse tipo coisa...

- É arriscado, e se alguém descobrir? Eu nem sei se ele quer alguma coisa também, acho que tô surtando por antecipação.

- Pelo pouco que eu vi do encontro de ontem, meu amor... Vocês vão levar isso a frente sim, eu levaria.

Pouco tempo depois a Mari vai embora, e me deixa sozinha novamente, pego o telefone e decido ver as mensagens do Victor.

" - Acho que a gente precisa conversar, é sério. Eu posso passar aí? Me manda seu endereço"

"- Ju? Posso te chamar de Ju? Hoje foi um dia estranho, me deixa te ver."

"- Eu sei que não é o ideal, mas vamos conversar"

Me jogo no sofá e respiro fundo, respondendo a mensagem.

"- Vamos nos ver, me encontra em 20 minutos na praça"