Já os sinos badalam sua melodia
Já a noite acerca-se no fim de tarde
Agora imerso em consciência tardia
Decaio ao passo que minha chama já não arde
E mergulhado em profusa melancolia
Já não desejo que o tempo retardeRenunciado em minha cadeira
Resta-me apenas uma anamnese
De uma vida em nada verdadeira
Mas perfeita e ideal, em tese
E agora em minha hora derradeira
Me pergunto se alguém deveras a preseVi toda minha vida através dum véu
Fabricado pelas mãos de terceiros
Fui sereno, quando ansiava por escarcéu
Exalei enganosos sentimentos, retendo os reais sorrateiros
E se nunca fui capaz de alcançar o céu
Foi por manter pensamentos forasteirosE se foi de outros a vida que vivi
Se fui garoa, quando quis ser tempestade
Se frente ao real amor, simplesmente parti
Se outra pessoa escolhi para viver uma inverdade
Me pergunto quantas vezes eu sorri
E com qual motivo cheguei a esta idade?
Se a outros quis agradar, quando há muito já morri
De que valeu essa deformidade
Que com anseios alheios construí?
Se em dor agora percebo esta calamidade
Quantos deles agora estão aqui?E em desespero agora percebo que o "louco"
Como chamávamos um velho amigo meu
Foi o mais sábio ao se fazer de mouco
Pois foi o único que sua vida de fato viveuE lembro ainda de suas palavras
Quando perguntei: "Não tens medo de morrer?"
Ainda hoje tu me escalavras
Com tua resposta: "Tenho medo de nunca viver."
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Folhemas & Poetins - Poemas em Folhetins
PoetryMeu primeiro livro de poemas! No Século XIX, textos em prosa eram publicados diariamente nos jornais ou revistas em capítulos, estes quase sempre terminando de modo a fazer o leitor ansiar pelo próximo. Tal formato era denominado Folhetim. Este livr...