Lembro-me ainda daquelas noites
Que tinhas-me cativo na palma da mão
Mas hoje a mim diria eu: esta paixão não afoites
Pois as migalhas e os silêncios findam sempre em solidãoTu deleitavas-te em ter-me submisso
Sempre atento, a guardar-te qual anjinho
Mas ao menor erro, retribuías-me com teu sumiço
E eu, tolo, rastejava-me, implorando por parco carinhoBrincaste com meu coração, tornando-o montanha-russa
E entre amores e ofensas, mantinhas-me em rédea curta
Mas viver de migalhas uma hora toda felicidade expulsa
E em meu quarto chorava, até última lágrima cerrar-se enxutaRecordo-me ainda de como eras orgulhoso
Já eu, nunca poupei demonstrações
Pois no amor sincero, nada há de vergonhoso
Nem nada há de mais belo que a união de dois coraçõesE tu bem sabes como me entreguei, sem medir consequência
E se, implorando reconciliação, corres hoje atrás de mim
Não me tenhas por mau caso não haja anuência
Pois antes vive tu aquelas noites sem fimE se hoje é dor que teu peito exprime
Lembra-te daquelas noites d'outrora
Portanto peço apenas: diz-me
Onde está teu orgulho agora?
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Folhemas & Poetins - Poemas em Folhetins
PuisiMeu primeiro livro de poemas! No Século XIX, textos em prosa eram publicados diariamente nos jornais ou revistas em capítulos, estes quase sempre terminando de modo a fazer o leitor ansiar pelo próximo. Tal formato era denominado Folhetim. Este livr...