3. Psychedelic kiss

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Alexis on:

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Alexis on:

A palestra entediante que o diretor dava todos os anos quando faltava apenas um bimestre para o final do ano letivo ocorria agora. A voz irritante do Sr. Walker ecoava pelo auditório que continha todos os alunos de todos os anos do ensino médio. Era mais do que possível ouvir os bocejos falsos de uns e cochichos apressados de outros.

Suspirei e dei um tapa na testa da Jack quando ele começou a babar em meu ombro; já estava dormindo em mim desde o início do elóquio. O de cabelos azuis voltou a se sentar reto na cadeira ao lado da minha, esfregando os olhos. Me levantei, andando agachada pelo auditório para não ser notada, e fui até a porta, que era vigiada por Collin Walker, que estava suprindo sua detenção ao vigiar aquilo ali, também filho do diretor. As cenas do verão passado surgiram em minha mente ao ver aquele cabelo sedoso, liso e castanho queimado pelo sol.

- Collin - sussurrei.

Seu olhos caíram sobre mim, ele estava sério como nunca. Tinha certeza de que as mesmas memórias da viagem de férias proposta pela escola para a Argentina, que estavam em minha cabeça, giravam também na sua.

- Não posso fazer nada por você, Alexis.

- Eu preciso ir no banheiro - cruzei os braços.

- Pois então use o do auditório, é só esperar na fila - mexeu em seu cabelo enquanto seus olhos fitavam algo que parecia estar logo atrás de mim.

- É uma emergência, Walker - me virei para o dono da voz autoritária; Leonardo -, você não quer que seu pai use o dinheiro dos seus carros chiques em uma limpeza de banco, certo? Ah - sorriu irônico -, a não ser que queira limpar sangue menstrual com suas próprias mãos.

O moreno abriu uma fresta da porta com raiva em seus olhos, Leo segurou em meu pulso e nos levou para o lado de fora. Meus olhos quase se fecharam de tanta claridade. Meu pulso foi solto, Leo retirou de sua mochila uma garrafa de uísque barato e tomou um gole da mesma. Franzi o cenho, ele estava já bebendo àquela hora da manhã.

- Por que veio aqui fora? - me encostei nos lockers atrás de nós.

Me encarou por alguns segundos antes de dar de ombros e dar outro gole em sua bebida. Subi e desci minhas sobrancelhas, recriminando seu ato. Digamos que eu também adorasse beber, mas apenas em ocasiões especiais.

- Por que veio aqui fora? - retrucou.

- Estava entediada - revirei os olhos -, todos os anos o diretor fala as mesmas coisas.

Leonardo assentiu com a cabeça e guardou o uísque em sua mochila, começando a andar pelo corredor, me deixando sozinha. Mordi os lábios enquanto o via afastar-se, queria passar o tempo com ele, mas minha voz não saía e meu corpo não se movia; talvez ele não gostasse de minha presença.

- Leo - falei baixo o suficiente para ele não ouvir, mas seu corpo se tornou imóvel e ele olhou para trás por cima do ombro, colando os olhos azuis prateados aos meus.

- Vem logo, Alexis - riu nasalado.

Corri até ficar lado a lado com ele, andando em silêncio pelos corredores vazios e silenciosos; era como um milagre ver o colégio assim.

Segui Leonardo até o banheiro feminino, ele mal segurou a porta para eu entrar no mesmo e já correu para se sentar no chão; encostado na parede ao lado da pia, pernas esticadas enquanto ele retirava do bolso um pequeno saco plástico com alguma droga colorida dentro. Me sentei na pia próxima à ele, o olhando de cima.

- O que é isso? - perguntei.

- LSD - sorriu enquanto a colocava na boca e me entregava uma -, já usou?

- Nunca - fitei o comprimido em minha mão, receosa. Olhei para seu rosto sereno com olhos fechados e cabeça encostada na parede e dei de ombros, pondo o LSD em minha língua também.

Em poucos minutos eu já podia ouvir uma melodia gostosa invadindo meus ouvidos e o banheiro parecia mais fluorescente do que o normal. Tinha a sensação de meu corpo flutuando e minha cabeça girando. Olhei tudo a minha volta, as coisas pareciam pulsar e mudar de formato. Leo ria alto enquanto se levantava e vinha em minha direção. Segurou meu rosto, colou nossas testas e piscou várias vezes sem parar nem por um segundo. Estiquei meu rosto para frente, juntando nossos lábios. Seu hálito quente dentro de minha boca me fazia ferver, a língua de Leonardo explorava cada canto de minha boca sem medo, seus lábios pressionavam-se contra os meus com força. Agarrei-me em sua camisa, sentia novamente a sensação de que flutuava, mas desta vez eu estava junto dele, então tudo estava perfeito. Meu corpo pulsava em todas as partes, meu cérebro ardia e parecia derreter, mais e mais a cada segundo. Eu e ele parecíamos durar para sempre, neste momento eu tinha certeza de que estava em uma dimensão psicodélica onde o tempo é algo inexistente, onde tudo brilhava mesmo que eu mantivesse meus olhos fechados.

Leonardo separou seus lábios dos meus e começou a beijar meus ombros, clavículas e queixo. Estava aérea, tudo o que sentia vinha inúmeras vezes mais intenso do que o normal, era como se minha mente se desligasse e meu cérebro apenas se ligasse aos toques com choques elétricos que ele dava em meu corpo. Abri meus olhos, os mesmos ardiam muito, assim como toda a minha cabeça. Murmurei algo que não ouvi e nem tive consciência ao dizer, mas Leo ouviu e segurou firme meus dois ombros enquanto olhava em meus olhos.

- Você está bem? - o tom de sua voz estava distorcido.

Observei suas pupilas dilatadas até demais, senti tremores e formigamentos em meus braços e pernas, meu coração batia forte e meu estômago revirava rápido. Podia sentir as gotas de suor escorrendo por minha testa e pescoço, me deixando com frio e calor ao mesmo tempo. Como em um reflexo, empurrei Leonardo para longe com força, vomitando no chão logo em seguida. Me pus de pé, quase caindo; estava muito tonta.

Saí do banheiro me segurando nas paredes dos corredores, a única coisa que ouvia era minha própria respiração, tudo a minha volta girava e estava em constante transformação. Minhas pernas formigavam e mal conseguiam sustentar o peso de meu corpo. Meus olhos escureciam e clareavam rapidamente, embaçavam e corriam por todos os lados.

- Alex?! Mas que porra!

O grito masculino que eu conhecia perfeitamente bem soou distorcido e, impressionantemente, foi a última coisa que ouvi antes de deixar de sentir minhas pernas e minha consciência sumir em um vazio sem fim.

moon | young dicaprio Onde histórias criam vida. Descubra agora