[Catra]
Menos de dez minutos depois que Adora saiu, minha mãe entrou no meu quarto, ela estava furiosa e algo me dizia que isso tinha a ver com uma certa loira. Eu fiz o máximo para parecer inocente, mas o olhar dela me fez sentir um medo que eu pensei nunca ter sentido.
"Quem era ela?" -ela perguntou enquanto fechava a porta.
"Quem?" -respondi, eu automaticamente me encolhi na cama.
"Não finja de idiota, eu sei que você recebeu uma visita noturna...agora me responde, quem era ela?" -ela se aproximou de mim e eu vi em camera lenta quando ela agarrou meu cabelo pela raiz e me puxou para perto, eu não consegui desviar e a dor no meu couro-cabeludo era tão forte que me deixava sem sentidos, a única coisa que consegui fazer foi agarrar o pulso dela e tentar evitar que ela colocasse mais força no aperto.
"E-eu não sei do que você ta falando..." -solucei, ela me ver chorar pareceu ter a deixado mais furiosa, ela juntou toda a sua força para me tirar da cama pelos cabelos e me jogou no chão, eu cai contra a parede, como um reflexo, eu me encolhi e coloquei meus joelhos contra o peito.
"Eu não quero esse tipo de gente na minha casa Catharina! Você ouviu? Sua puta!" -ela me levantou pelo braço e deu um tapa forte contra meu rosto, a dor da humilhação era maior que a dor física, mas eu consegui não chorar, apenas continuei a encarando.
"e-ela é só uma amiga...ela só queria vir ver se eu estava bem..." -tentei explicar, talvez fazer ela entender, mas Sarah estava além de explicações, ela estava furiosa e eu era o seu saco de pancada da noite. -"ela só estava.."- Antes que eu conseguisse terminar a frase ela me deu outro tapa, e outro, até meu rosto e braços estarem todos marcados e vermelhos.
Uma hora ela parou, talvez por ter sentido pena do meu estado deplorável, ou talvez sua mão estivesse doendo demais. Ela respirou fundo, ajeitou o cabelo e alisou as dobras na sua camisa, e me olhou uma última vez."Limpa essa bagunça e vá para a cama...amanhã você tem aula cedo." -ela caminhou para porta e a abriu, antes de sair ela falou. -"e Catherine...eu não quero aquela garota, nem mais ninguém aqui você entendeu? Se eu souber que você mantem contato com aquele tipo de gente, eu vou dar um jeito de tira-la daquela escola e você sabe que eu posso."
"..." -não respondi, eu não conseguia, não tinha forças para responder.
"Você entendeu Catharina?" -ela se virou para mim, eu me encolhi e apenas assenti com a cabeça, senti a mão dela pousar levemente contra o meu rosto, sua mão estava quente e ardia contra minha bochecha sensível. -"eu só faço isso para o seu bem querida...você um dia vai entender como essas pessoas são ruins para vocês." - Sua voz calma e baixa me deixou com mais medo ainda. Ela saiu sem dizer mais nenhuma palavra e eu continuei no chão, estava com dor e humilhada demais para fazer alguma coisa, a única coisa que queria naquele momento era morrer.
Depois do que pareciam horas chorando no chão onde ela me deixou, eu me arrastei até o banheiro e com muito esforço consegui ligar o chuveiro e entrar na banheira, onde lá fiquei.
Haviam passado quase uma hora, a água estava começando a esfriar e meus dedos já estavam enrrugados, mesmo não querendo, me levantei e sai da banheira. Eu me arrastei até a pia do banheiro e me olhei no espelo, meus olhos estavam vermelhos e meu rosto inchado, avermelhado e com varias marcas das unhas longas que deixaram vergões irritados no meu rosto, meu cabelo estava desgrenhado e minha cabeça doía, eu sentis nojo de mim mesma e ao mesmo tempo raiva, eu poderia ter feito algo, talves reagido, a dor e a raiva me consumiam e eu começava a perder minha cabeça. Com raiva, abri a porta do armário ao lado do espelho e peguei um pequeno frasco branco de plástico, nele haviam vários comprimidos, sem pensar muito e nem ler a embalagem, joguei vários comprimidos na palma da minha mão e engoli eles seco na esperança daquilo ser calmante e que a quantidade que eu tomei fosse o suficiente para me dar uma overdose, quase cinco minutos se passaram e eu continuava do mesmo jeito, suspirei quando li "aspirina" no rótulo, pelo menos ia melhorar minha dor de cabeça. Eu ri de mim mesma enquanto ia para o quarto, nem para me matar eu servia, a risada seca rapidamente se transformou em lágrimas e eu me vi novamente em prantos, deitei na cama e chorei até de manhã, quando meu despertador tocou.
Eu não poderia descer dando entender que estava chorando, eu não saberia oque iria acontecer comigo se ela me visse chorando, então coloquei uma boa quantia de maquiagem e um par de óculos escuros, me arrumei com roupas escuras e coloquei uma camisa xadrez de mangas compridas que escondessem as marcas, recusei o café, não iria conseguir comer olhando para ela sem chorar, então sai e fui direto para escola, tive mais um ataque de pânico no meio do caminho, mas consegui me acalmar o suficiente para conseguir colocar o carro no estacionamento antes de desabar novamente. Não era a primeira vez que ela me batia e eu normalmente ficava muito bem com isso, mas por algum motivo, dessa vez doia mais, não fisicamente, mas emocionalmente, a dor que eu sentia no meu peito era muito maior que a dos arranhões na minha pele, a dor cegante dentro de mim era quase insuportável, não importava oque eu fazia ou tentava fazer, eu não conseguia pedir ajuda, era como estar se afogando em uma praia e cada vez que eu pedia ajuda, outra onda forte me cobria e me jogava para o fundo, e eu já não tinha mais forças para lutar contar a maré. Finalmente, depois de vários minutos, eu consegui parar.
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Teen Idles [Catradora]
JugendliteraturCatra realmente não ligava para quase nada, ela não ligava pra quantos carros ela podia comprar, ou que sua casa de praia era maior que muitas mansões, ela não ligava para essas coisas, sua vida era cinza, até ela chegar. Adora não é uma garota rica...