Prólogo

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Smalltown Beach, EUA

Doze anos atrás...



Anahí

A batida na porta me faz enxugar o rosto e parar de chorar. Dou um leve sorriso para Poncho e é o suficiente pra ele entrar no quarto. Minha cama é grande, então ele consegue se deitar do meu lado.

- Soube que você brigou com seu pai?

- Só porque eu pedi pra ele me deixar ir pra Paris com meus avós. Qual o problema em eu viajar com meus avós? - quando olho seu rosto ele está embaçado por causa das minhas lágrimas.

- Sei que você não gosta muito de morar aqui. Mas você não pode viajar pra outro país sem seus pais autorizarem, você só tem 12 anos.

- E você tem 13, então não fale comigo como se fosse tão mais velho assim. - reviro os olhos.

- Geniosa como sempre. - Poncho ri.

- Se veio aqui zombar de mim pode ir embora. - emburro e cruzo os braços.

- Posso até ir, mas aposto que antes consigo fazer você sorrir e desmanchar essa cara feia.

- Duvido. - desdenho.

- Quer apostar?

- Quero, aquele que ganhar pode pedir o que quiser pro outro. - respondo.

- Tá bom! - Poncho responde após alguns segundos e estica a mão.

Aperto a mão dele, sou uma Portilla e ele um Herrera e nunca voltamos atrás no que falamos, então quem perder a aposta vai cumprir. Quando solto sua mão, Poncho pega seu aparelho de MP3, ele coloca um fone no ouvido e me dá o outro. Encaixo o fone na orelha, desconfiada do que ele vai fazer.

Poncho fecha os olhos relaxado e faço o mesmo. Quando ele dá play, American Idiot do Green Day começa a tocar, disfarço o sorriso porque gosto dessa música. Aprendi a gostar de um monte de banda de rock por causa do meu vizinho roqueiro, Poncho.

Poncho começa a cantar, se embolando todo no inglês.

- American Idiot! - ele imita fazendo uma voz bem fininha.

Não aguento e começo a dar risada.

- O que foi? - Poncho me encara.

- Você é péssimo cantando. - dou risada.

- Não zomba de mim, um dia vou ter minha banda de rock, vou ser super famoso e você vai engolir essas palavras.

- Cantando ruim desse jeito? Duvido! - dou risada.

Poncho vem pra cima de mim e começa a me fazer cócegas.

- PARA ISSO NÃO VALE! - grito com ele, me contorcendo na cama.

- Retira o que você falou Portilla!

- De jeito nenhum, uma Portilla nunca retira o que diz! - dou risada.

- Tá bom, mas você perdeu a aposta. - Poncho responde com ar superior e se afasta.

- O que? - viro de lado na cama.

- Eu apostei que ia conseguir fazer você sorrir e consegui. Na verdade fiz você rir, então ganhei a aposta.

- Você é um trapaceiro. - dou tapas no seu braço.

- Sou nada. Fiz uma aposta limpa com você. Agora se não sabe perder...

- Tá bom, você ganhou, o que quer?

Smalltown Beach - PausadaOnde histórias criam vida. Descubra agora