Capítulo 01

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Paris, França

Dias atuais...



Anahí

Sorrio quando minha avó senta ao meu lado no piano. Coloco as mãos dela sobre as minhas e começamos a tocar "Comptine D'un Autre été" de Yann Tiersen, um músico multi-instrumentista e compositor, francês como os meus avós.

Comptine D'un Autre été, é a composição favorita da minha avó. Ela tem uma lista de pianistas e suas canções preferidas. A lembrança mais antiga que tenho dela, é de quando eu tinha sete anos. Eu a vi tocando essa mesma canção e simplesmente me apaixonei. Lembro de naquele dia, eu dizer a mim mesma que também queria ser pianista, assim como ela. E foi justamente essa a primeira canção que pedi que minha avó me ensinasse, obviamente acabou se tornando minha preferida também.

Por quatro anos e meio, dos sete aos onze anos, andei atrás da minha avó, tendo aulas de piano, aulas de francês e da cultura francesa. Qualquer coisa que minha avó quisesse me ensinar, eu aprendia com prazer, porque tudo que eu mais queria era ser como ela.

Mas infelizmente, logo após eu completar 12 anos, meus avós decidiram voltar para Paris e tudo que eu desejei nos anos seguintes foi ficar perto deles. Aos 18 anos quando tive a pior decepção da minha vida, implorei aos meus pais e aos meus avós que me deixassem vir morar com eles. Graças a Deus atenderam meus pedidos e estou aqui até hoje.

Não me tornei pianista como minha avó, porque acabei me apaixonando pelo mundo da moda e me tornei uma estilista. Um dia serei uma famosa estilista e abrirei uma loja de roupas que se Deus quiser carregara o nome dos meus avós.

Minha avó reclama de dor e afasta suas mãos das minhas quando estamos quase terminando a canção.

- Essa maldita artrite! - ela suspira e sorri pra mim.

- Não é só por causa da artrite que a senhora não consegue mais tocar grand-mère. - sorrio com tristeza.

- Não está um pouco velha pra ainda me chamar de grand-mère (vovó)?

- Nunca vou deixar de chamar a senhora de grand-mère. - respondo. - Já que não aceita que eu lhe chame de mãe, eu vou continuar chamando-a assim.

- Você já tem uma mãe, minha filha. Claire ficaria com ciúmes se você me chamasse de mãe.

- Ela é minha mãe de sangue e você de coração. Não sei explicar porque sempre fui tão apegada à você, só me lembro de querer ser como você. - sorrio.

- Infelizmente Deus só quis me dar o Jaime, então quando Angelique e depois você, nasceram, eu as mimei muito, mas por alguma razão apenas você se tornou mais apegada a mim.

- Talvez eu já soubesse que você seria a pessoa com quem eu poderia contar quando mais precisasse. E o que você fez por mim, me deixando vir morar aqui, nunca contando pra eles que.... - engasgo com o nó que se forma na minha garganta. - Isso não tem preço grand-mère.

- Eu nunca contaria um segredo que não é meu e como minha neta eu tinha que apoiar você. - ela sorri acariciando meu rosto. - E tudo ficou melhor ainda depois que adotamos a Lourie.

Abraço minha avó e só me afasto, porque ela me empurra.

- Estamos conversando aqui, mas você precisa ir ou vai perder seu voo.

- Não queria voltar pra Smalltown Beach sem vocês, grand-mère.

- Any, você prometeu a Angelique que iria pra ajudá-la com os preparativos do casamento. E serão só alguns dias, logo eu, seu avô e Lourie iremos pra lá.

Smalltown Beach - PausadaOnde histórias criam vida. Descubra agora