The New Seven

Viajando com um aleijado

 

Quando finalmente tínhamos acordado e nos arrumado já era uma da tarde. Gwen foi para casa com o pai ajudar a arrumar as malas dele, já que em meia hora passariam aqui para nos buscar. Então eu fui para a sala conversar com a minha mãe.

—Peter — Ela começou a falar calmamente, como sempre fazia —, eu queria te dizer que não vou poder ir com vocês hoje à tarde.

—Por quê? — Eu estranhei o fato de ela não ir com a gente, já que sempre fazia questão de ir. 

—Bem, meu querido, eu tenho trabalhos para terminar e você vai fazer uma viagem logo depois — Ela explicou.

—Uma viagem? — Estava confuso. Minha mãe ficaria em casa e eu, eu ia viajar?

—Sim, querido. — Ela falou, sorrindo. — Lincoln quer te levar para um lugar.

—Ah... — Então era isso. Considerei até que normal. Em minha cabeça imaginei que Lincoln me levaria para alguma cidade histórica ou para algum museu antigo e tedioso, mas concordei com a minha mãe que seria legal.

Isso a alegrou. Ela ficou feliz que eu tinha gostado da ideia.

Claro, viajar com o Aleijadinho não é das melhores coisas que pode se acontecer, mas minha mãe parece ter gostado da ideia de ele viajar comigo. Ela contou que já tinha feito a minha mala, que o carro já estava pronto e que se precisasse tinha dinheiro para abastecer no porta luvas. Mesmo inconscientemente, acabei por me animar com a alegria de minha mãe.

Tivemos uma longa e enrolada despedida. Minha mãe se despediu de mim como se estivesse me mandando para a guerra armado com uma colher de pau. Eu ri e prometi a ela que ficaria bem durante a nossa viagem, então ajudei Lincoln a embarcar no carro e saímos em direção a Nova York. Adam foi na nossa frente levando Gwen consigo, enquanto eu fui atrás dirigindo o carro da minha mãe.

Essa nossa viagem durou mais ou menos 7 horas com um pouco de congestionamento, mas nada drástico.

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Eu estava sozinha na cozinha preparando mais uma fornada biscoitos amanteigados para depois do almoço quando Gwen chegou pouco tempo depois que saiu daqui avisando que seu pai tinha chegado, toda animada. Disse a ela que Peter estava no campo, ela não pensou duas vezes antes de correr para os fundos, tocar o sino e em seguida se sentar no sofá esperando que o mesmo chegasse. Quando ele chegou Gwen falou de uma vez só a novidade, e quando olhei novamente os dois já estavam no chão rolando e rindo. Acabei por rir também, já Lincoln parecia duvidar se eram mesmo adolescentes.

Então ambos saíram para o quarto academia e eu voltei a fazer meus biscoitos.

Algum tempo depois, Lincoln apareceu na cozinha olhando para os lados como se temesse que alguém estivesse ouvindo.

—Senhora Järvinen? — Chamou.

—Sim, Lin? — Respondi sorrindo enquanto cortava os pedaços finais da massa em forma de coração.

—Acho que precisamos conversar... Sobre o Peter.

Senti um arrepio percorrer minha espinha e parei de cortar a massa.

Seria aquela conversa de novo?

—Co-como assim? Está falando da-das matérias? E-eu acredito que ele vai se esforçar mais, e-está qua-quase conseguindo falar fluentemente o-o e-espanhol — Gaguejei.

Tentei me convencer de que ele estava querendo conversar sobre os estudos de Peter.

Peguei as massas cortadas e comecei a colocar na forma, tentando me distrair do meu susto repentino.