Capítulo 6 - Pensamentos

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  Começo a reparar que a cada dia que passa, ao acordar, tenho uma vontade de ver o Lucas cada vez maior e não sei se isso devia acontecer. Será que é correto? Será que devia sentir isso por um amigo? Não sei, desta vez não consigo responder às minhas questões, mas tento deixar esse assunto de lado com medo de criar mais paranóias.
  Como era hábito, a aula já tinha começado e dos "quatro", apenas Clara havia chegado e como sempre eu tinha-me sentado naquela mesa em que não havia ninguém, porém, desta vez deixei um espaço para que nele se pudesse sentar o Lucas. E finalmente ele acabou por chegar e veio em direção ao lugar que eu guardada para ele com um pequeno sorriso na cara. Ele sentou-se e ficou apenas a sorrir por um bom tempo sem dizer muitas palavras. Eram estas coisas que me faziam perguntar se ele estava a passar pelas mesmas sensações estranhas que eu, se ele também se questionava sobre elas, mas como haveria eu de saber senão perguntando?

  Bem, em história, a professora disse que tínhamos que entregar um trabalho de grupo até à próxima semana. Tinha que escolher alguém, e, sinceramente, não via outra escolha senão o Lucas e ele também não parecia importar-se muito com a situação, então assim ficou. Marcámos o trabalho para este sábado em casa dele. Pelo menos, já tinha alguma coisa para fazer este fim de semana. 

  Com ele, os dias passam mais rápido, não sei se isso é bom ou mau, pois cada dia que passa, passou e assim, de certa forma, temos menos tempo, mas o que sei, é que mais um dia tinha passado e nós nem demos conta disso de tão rápido que foi. Desta vez ele não me acompanhou até casa, pelo que me disse tinha uma consulta no dentista, algo assim. Então pus me a caminho de casa, e, por acaso, estava um pôr do sol lindo! Tinha que ser rápido, pois às sextas eu e a minha família costumamos jantar fora de casa, por isso se me atrasasse, os meus pais iriam refilar, por isso desta vez, não parei sequer para apreciar nem o tempo, nem a vista, nem o pôr do sol.

  Às vezes pergunto-me se devia falar com o Lucas sobre o que está acontecendo, porque, para ser sincero, é algo que eu quero muito fazer, para saber senão estou a viver uma situação criada pela minha cabeça ou se é algo real... Também me pergunto senão estarei a avançar rápido demais, afinal... apenas passaram alguns dias e já lhe estou a atribuir tanta importância, não será demasiado arriscado?! E se eu me magoar por me estar a deixar levar sem sequer pensar, mas também não me quero forçar a abrandar as coisas, porque afinal, o que está a acontecer, se é que está a acontecer, parece-me algo bastante natural. Acho que apenas vou deixar as coisas continuarem a avançar ao seu ritmo e talvez falar com ele sobre isso um dia destes, ou talvez amanhã, já que vou à sua casa fazer o tal trabalho de história. Não sei, talvez pensar tanto sobre isto me faça mal, mas não consigo impedir a minha cabeça de o fazer, é algo inevitável, e espanta-me como é que, em tão pouco tempo, ele consegue ocupar uma parte tão grande dos meus pensamentos, é algo que me deixa perplexo.

  Acho que vou dormir, porque se ficar muito mais tempo acordado, ainda penso mais e quando der por mim, acabo por me perder nos meus próprios pensamentos, o que nem sempre é mau, porque é nesses momentos que me sinto criativo, e normalmente, quando isso acontece, costumo escrever, mas pronto, vou dormir que já é um pouco tarde.



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