Aidan - Spin off da Série laços do amor vol 4

Capítulo 2

Aidan

Summer parece perdida em pensamentos enquanto olha para mim, ela enruga a testa a cada poucos minutos e resquícios de lágrimas não derramadas aparecem em seus olhos. Dou um passo para perto dela e sento na cama ao seu lado, ela pisca algumas vezes e seus olhos perdidos finalmente tomam foco.

- Eu trouxe café, pensei que fosse precisar. – Digo estendendo a ela a xícara cheia.

- Obrigada. – Agradece com a voz rouca.

Espero ela sentar na cama e acomodar melhor o corpo antes de entregar o seu café, ela bebe um pequeno gole e suspira satisfeita.

- Eu não sabia como você gostava do café, mas se quiser mais creme e açúcar posso pegar. – Murmuro tomando um gole do meu logo em seguida tentando disfarçar o fato de que na verdade sei exatamente como ela gosta do café mais doce.

- Está ótimo, eu gosto de baunilha no café, mas assim puro também é bom para curar ressaca. – Responde com as bochechas ficando vermelhas.

- Não quero que você beba mais daquele jeito Summer. – Sussurro aborrecido – Você foi irresponsável, estava bêbada quando chegou aqui e não quero nem pensar no que poderia ter acontecido com você nesse estado enquanto dirigia debaixo de um temporal. – Estremeço só de pensar nisso.

- Acho que mereço algum desconto depois de descobrir que meu namorado de dez anos estava me traindo. – Diz ela e sussurra baixinho – de novo.

- Você poderia ter ficado bêbada aqui e não dentro de um carro. – Ralho.

- Relaxa Cowboy estou viva e poderia dizer bem se não estivesse com uma dor de cabeça infernal. – Reclama e estremece quando seu celular começa a tocar em cima do criado mudo onde deixei ontem à noite. – É ele. – Murmura espiando a tela.

- Não vai atender? – Pergunto especulativo.

- Não. – Responde deixando o aparelho tocar e a ligação cair na caixa de mensagem – Vocês têm telefone fixo aqui ou uma linha pública que eu possa usar? – Pergunta quando seu celular começa a tocar de novo.

- Tem uma na casa grande, pode usar aquela se precisar. – Respondo e ela acena.

- Preciso ligar para os meus pais e dizer que vou passar um tempo fora, explicar para eles porque a essa altura o Nathan já foi até eles procurando por mim. – Fala virando o resto do seu café de uma única vez.

- Ainda está chovendo para caralho então você vai ter que esperar para fazer essa ligação. – Aviso pegando sua xícara vazia e tomando o resto do líquido da minha – você tem certeza de que quer ficar aqui? – Pergunto.

- Tenho, preciso de um tempo longe e posso alugar uma das cabanas. Se puder escolher gostaria de ficar com a mais afastada da civilização possível. – Murmura puxando os fiapos da minha camisa que ela está usando.

- Você pode ficar na minha casa. – Digo a ela que franze a testa.

- Essa não é a sua casa? – Pergunta confusa.

- Não, fiquei aqui porque sai muito tarde do trabalho ontem e sabia que começaria a chover. Era mais prático para voltar na manhã seguinte, minha casa fica do outro lado da propriedade e quase ninguém vai até lá. – Explico.

- Eu agradeço a oferta, mas não quero dar trabalho. Só preciso de silêncio e paz. – Murmura desviando o olhar.

- Você vai ter as duas coisas lá e não é trabalho nenhum. Vou pedir aos funcionários para arrumar tudo, assim que a chuva parar um pouco podemos tirar seu carro da lama e levar você até lá. – Respondo levantando.

- Aidan. – Murmura segurando o meu braço – Obrigada!

- De nada. – Respondo e ela me solta.

Deixo a Summer no quarto e volto para cozinha, dou uma espiada pela janela no carro dela depois de deixar as xícaras dentro da pia. O Toyota prateado está atolado no barro alguns metros da cabana onde estou, não sei como ela sabia que estava aqui, mas acredito que alguém deva ter dito para ela no portão ou talvez ela tenha simplesmente rodado a propriedade em busca da minha caminhonete.

A primeira coisa que faço enquanto espero a Summer sair do quarto é ligar para o Grant, ele atende depois do segundo toque.

- Fala patrão – Cumprimenta assim que atende o telefone.

- Você já viu o Toyota atolado do meu gramado? – Pergunto apenas para incomodá-lo.

- Já sim senhor. – Responde com um pigarreio – a moça encontrou o que estava procurando? – Pergunta.

- Não sei, isso a gente só vai saber com o tempo. Agora preciso que resolva umas coisas para mim. – Digo a ele que resmunga em concordância – Consegue ver o carro dela? – Pergunto e ele responde que sim – bom, quero que leve o carro até a minha casa e esconda ele na garagem. Leva a Esmeralda com você, diga a ela para dar uma geral no lugar e preparar o quarto de hóspedes com todas as coisas da moça. Ela vai ficar aqui por algum tempo, ela também não quer que ninguém saiba Grant então garanta que ninguém espalhe a notícia. Entendeu? – Pergunto.

- Sim senhor. – Responde encerrando a chamada.

Guardo o telefone de volta no bolso e entro na lavanderia. As roupas da Summer estão na secadora, confiro se estão bem secas e volto para o quarto com as mudas na mão. Ouço o barulho do chuveiro ligado e resolvo não interromper. Largo as roupas em cima da cama e saio para resolver outras coisas.

Summer

Saio do banheiro enrolada em um roupão muito macio, a dor de cabeça ainda está presente, não tão forte quanto antes, mas o suficiente para causar desconforto. Preciso pedir ao Aidan alguns analgésicos e preciso comer, meu estômago está roncando de fome.

Visto minhas roupas que ele deixou em cima da cama e saio do quarto. A cabana está silenciosa, percorro o pequeno corredor com cautela e depois suspiro exasperada decidindo que não tenho do que temer.

Aidan não está à vista, mas um cheiro maravilhoso vem da pequena cozinha. Ao chegar mais perto vejo a pequena mesa redonda servida com algumas coisas, sem cerimônias sento e começo a servir um prato. Meus olhos caem nos analgésicos em cima de um guardanapo e um bilhete escrito a mão.

"Achei que fosse precisar destes também."

Sorrio sozinha e engulo os comprimidos voltando a comer. A torrada com geleia faz maravilhas para o meu estômago maltratado e o suco de laranja alivia a queimação. O barulho do meu celular tocando outra vez faz eco pela casa, ignoro como tenho feito desde que acordei e tomo uma decisão importante.

Vou manter distância do celular enquanto estiver aqui, apenas avisarei aos meus pais porque fugi e que preciso de tempo longe de tudo. Minha mãe vai entender com certeza e deixará de ficar preocupada se souber que estou bem.

Manter distância de todos será bom para mim, não quero ninguém tomando decisões por mim e preciso fortalecer o meu coração. Não posso fazer isso se ficar constantemente tentada a atender suas ligações ou visualizar suas mensagens de desculpas.

Não sei quanto tempo vou ficar por aqui, mas espero que seja por tempo suficiente para seguir em frente com a minha vida sozinha. Quero tempo para reencontrar a verdadeira Summer, aquela que se perdeu numa tempestade de cabelos loiros e olhos azuis.