— Senhorita Bianc, isso está fora dos padrões.
A voz dura e um pouco irritada do senhor Kim Minseok soou ao meu lado quase ao mesmo tempo em que eu terminava de fechar meu notebook.
Ergui meus olhos evitando rolá-los na frente dele e engoli um xingamento furioso. Algo que aprendi sobre coreanos, ainda mais executivos coreanos perfeitinhos. Eles eram mesmo "perfeitinhos"!
Era um tal de "Isso está com virgula errada, aquilo está sem alinhamento de 1.5 centímetros e esses pontinhos sem noção aqui?" e por aí ia.
No início pensei em até pedir demissão, eu não precisava daquilo, era uma secretária cheia de boas recomendações, falava cinco línguas, eu trabalharia em qualquer lugar do mundo. Mas a droga era que eu gostava daquele emprego, gostava de trabalhar de frente para a praia mais linda e badalada de Miami, eu estava no topo e não seria uns "japinhas" frescos que iriam me tirar de lá.
Isso foi antes daqueles cinco comprarem a empresa, o prédio o quarteirão e ainda instalar o padrão coreano surtado de trabalho. Eu estive ao ponto de pedir demissão, estive mesmo, porque não sou obrigada a nada, obrigada! Mas o salário triplicou e eu me deixei seduzir pelas notinhas verdes que entravam em cascata na minha conta.
Eu fiquei, ok, eu ia aprender a lidar com eles, certo? Meus novos chefes piradões...
Errado.
Aqueles cinco sócios coreanos surtados e viciados em trabalho como máquinas de xerox pilhada, ficavam cada mês mais paranoicos com a perfeição maluca que eu não entendia de onde surgia, sinceramente, eram só documentos para assinar e devolver, meu deus do céu!
E depois diziam que os americanos eram doidos, não que eu fosse americana, Amém! Eu era uma uruguaia mista de uma longa miscigenação de três países diferentes resultado em "Moi!". Modéstia à parte eu era bonitona, sexy do meu jeito e bem assumida na vida e com meu corpo embora eu não fosse nada padrão comercial, e além de tudo era simpática gente, não precisava mesmo daquilo. Não, never!
Mas o inesperado aconteceu, algo além de toda a razão, civilidade ou possibilidade louca e aquilo mudou tudo para mim, tudo mesmo.
Era uma sexta feira, fim do expediente em que eu só queria voltar para o meu apê, pedir pizza e assistir meus seriados, simples assim.
Nada foi simples naquela noite.
Primeiro que os cinco resolveram fazer uma reunião as nove da noite me fazendo fazer extra de última hora. Até aí ok, beleza, acontecia.
Senhor Kim Minseok era do tipo de nunca deixar para depois o que podia ser feito imediatamente, mas o senhor Min Yoongi era ainda mais doido, porque parecia que o loiro com sorriso meio cínico e que eu sentia sempre me encarar de modo estranho, não que coreanos fossem normais né gente, aquele povo era surtado! Enfim, ele parecia disposto a virar a noite no meio daquela papelada toda em que os cinco se debruçavam. Era uma aquisição, eu sabia, e era importante, eu tinha noção, mas não era para o dia seguinte, qual era a paranoia daquele povo?
Enfim, eu conhecia um pouco aqueles dois para saber que eles iam varar a noite ali apenas com meu café – que modéstia à parte também era divino – E suas gravatas todas desalinhadas devido ao estresse de sempre.
Então lá estava eu, me dividindo entre o desejo de jogar meu salto na cabeça do senhor Shin Hoseok, que todos chamavam de Wonho e que me irritava profundamente com suas piscadinhas de lado como se tudo no mundo o divertisse, até meu extra indesejado; e lançar o bule de prata na cabeça do senhor Im Jaebum, ou senhor JB como me mandou chamá-lo logo no primeiro dia, que parecia completamente confortável com suas pastas enormes na mão bebericando o café da tarde como se tudo estivesse bem no mundo, como sempre ignorando os reles humanos ao redor.
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Cama é para os fracos
FanfictionCinco homens viciados em trabalho, uma secretária de pavio curto e uma noite que mudaria a vida de todos.