Eu me acho bem bonita, confesso, mas todo o bullying que passei na infância por causa do meu peso ainda existe às sombras da minha vida. Eu não sou do tipo que fico raciocinando tudo, mas ele existia e eu sabia bem disso.
E as vezes surgia para atazanar a minha mente.
Veja bem, eu sou descendente de italianos, que se misturaram com índias uruguaias e mais umas princesas africanas aí e nessa mistura bem louca, surgiu minha genética que é maior, sempre foi, do que a maioria, mas para meu deleite, me deu esse tom amorenado exótico e lindo de pele, enfim, todos sempre fomos acima do peso em casa e nunca me senti excluída lá, já não se podia dizer na escola, aquele antro dos infernos que existe para nos fazer parecer um daqueles sobreviventes dos jogos vorazes.
Ser mulher já é difícil nesse mundo, ser mulher e acima do número quarenta e seis, padrão sul, era ainda pior.
Então eu nem podia me crucificar de passar aquele inicio de noite cogitando se não era alguma pegadinha daqueles coreanos malucos. Bem podia ser, aquilo não existia, não mesmo. Quer dizer, existia, porém, contudo, todavia, não acontecia com pessoas normais nesse mundo.
Eu era do tipo bem normal, posso jurar.
Mas eu tinha feito um trato, uma aposta, e Allia Bianc jamais fugia de uma aposta!
Decidida, mas com certo medo, confesso, eu entrei no táxi e passei o endereço dos meus chefes. Sim, eles moravam todos juntos também, dá para acreditar?
Parecia um grupinho de boyband como os eternos, mas sumidos Backstreet Boys, meus idols juvenis. Só que eram orientais e meios loucos da cabeça.
Os Backs davam de mil a zero, lógico!
"Esses japas são péssimos de cama, amiga!"
Tinha dito uma vez minha colega de trabalho que gostaria de ver mais, mas a vida adulta não permitia, fomos amigas de faculdade, e as vezes até conseguíamos marcar um café entre as agendas dos chefes. Ela trabalhava para uma empresa chinesa do outro lado da cidade e parecia sofrer quase tanto quanto eu.
Povo doido por trabalho affff!!!
Naquele dia eu tinha concordado em gênero e grau, realmente, deviam ser mesmo ruins!
Vai que é por isso que precisavam dividir as mulheres – Pensei me sentindo um pouco má – Um só não dá conta...
— É por isso, claro que é!
Disse em voz alta e o motorista a encarou de sobrancelhas arqueadas pelo retrovisor:
— Dia difícil, moça?
— Nem te conto!
Respondi rolando os olhos, trocamos um olhar de entendimento que só o povo de Miami entendia, morar ali era céu e inferno, paisagens lindas e trabalhos para três encarnações!
Quando desci no carro ele me acenou com um olhar piedoso:
— Saia para tomar um drink depois, acredite, ajuda.
— Obrigada!
Ele se foi e eu fui em direção a guarita do prédio que vejam só, o vigia abriu para mim como se fosse a porta do palácio da rainha da Inglaterra.
Anotação mental um: coreanos gostavam de se gabar de boa educação em casa, quem diria...
Ele me acompanhou no elevador e eu só comecei a achar que aquilo estava cada vez mais louco, gente...!
Paramos na cobertura e eu sai do elevador pensando primeiro, qual era a porta e então me dei conta de que só tinha uma, affff, claro que só teria uma né, All!
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Cama é para os fracos
FanficCinco homens viciados em trabalho, uma secretária de pavio curto e uma noite que mudaria a vida de todos.