Que todas as dores virem sorrisos

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Finalmente sai do hospital, mas tenho atestado de uma semana, não posso trabalhar e nem ir para a escola, já vi que vai ser um tédio... aproveito esse tempo livre para finalizar meu TCC que é sobre contos de fadas... Adoro!

Como era final de Bimestre não tive muitas novidades da Marisol, apenas coisas que as meninas me falaram, como que ela estava um pouco nervosa e preocupada. Além de perguntar de mim toda hora para as meninas, mas na sua correria eu não pude vê-la durante essa semana.

Voltando para a escola, nem chego na sala de aula e eu já vejo uns 3 professores vindo na minha direção junto com a diretora, uma delas é a Marisol que foi a primeira a me dar um abraço.

Marisol: Olha quem está de volta, estávamos sentindo a sua falta!

Prof Marcos: Estávamos mesmo.

Diretora: Você deu um susto em todo mundo hein, não faz isso não...

Prof Luzia: Até porque, não queremos perder uma aluna tão boa quanto você

Marisol: Realmente, muito boa... Mas como você está?

- Adoro vocês – fiquei meio sem graça, mas até que gostei da bajulação - estou melhor, não aguentava mais ficar em casa, não pude nem trabalhar.... Creio que assustei todo mundo mesmo, peço desculpas pelo transtorno, mas agora estou de volta. Firme e forte!

Diretora: É assim que se fala!!

Marisol: Nos vemos na aula então, bem-vinda de volta! E se você fizer isso novamente, pode deixar que eu mesmo te mato.

Profs Luzia e Marcos: E nós ajudamos

Então quando os professores saíram a Marisol falou para eu dormir na casa dela e eu aceitei.

Chegando na sua casa ela estava dormindo, então eu sentei em uma poltrona e comecei observa-la

- Hey, sabia que é feio ficar olhando as pessoas dormir assim com esse olhar?

- Você é linda, parece um anjo

- De anjo não tenho nada, posso fazer todos os alunos me odiarem kk

- Eu sei disso, ainda sou sua aluna kk

- Mas que cara é essa? Eu te conheço, o que te preocupa?

- Está vendo isso aqui? É o resultado dos meus exames, ainda não tive coragem de abrir. Quero que você abra e me fale o que está escrito.

- Tem certeza?

- Sim, por favor.

Então ela abre os exames e começa a ler, logo seu rosto fica sério e então ela olha para mim

- Viih, não posso...

- Fala

- Não consi..

- Fala, eu aguento.

- Aqui está dizendo que você tem nódulos do lado esquerdo da garganta. Ou seja, pode ser até um câncer, o médico colocou uma observação para fazer acompanhamento de seis em seis meses para garantir que não seja algo maligno. É como se fosse um pequeno tumor, o seu tem aproximadamente 1 cm

- Tumor... – Naquele momento eu queria chorar, mas não conseguia, não sabia o que fazer e só de pensar que poderia ser câncer já me deixou triste.

- Calma amor, ele está pequeno, amanhã vou marcar seu médico e nós vamos lá para ver o que deve ser feito. Não se preocupe, eu vou estar com você!

- Eu preocupada? Pra que eu iria me preocupar? Não deve ser nada demais isso ai... to tranquila

- Você pode tentar mentir pra mim, muito mal na verdade, mas não pra si mesmo.

Naquele momento ela me abraçou e fomos dormir, não estava no clima para nada, apenas queria dormir. No dia seguinte acordei com a Marisol no telefone

- .... Não tem uma data mais próxima? Ela precisa passar no médico.... Você não consegue um encaixe? .... Não! Preciso o mais breve possível... Nossa, ainda bem. Obrigada! – Então ela olhou para mim com um sorriso no rosto - Consegui seu médico para semana que vem, as 10:00, se quiser eu vou com você.

- Não sei o que eu seria sem você! Mas esse horário você vai estar dando aula, eu consigo ir sozinha.

- Eu quase nunca falto, você sabe disso! Mas não me importo em ir. Você acabou de enfrentar uma situação difícil lá no hospital, você tem que entender que não esta sozinha.

- Eu sei que não estou sozinha, mas não quero que se prejudique. Assim que eu sair de lá eu te ligo.

- Vai ligar mesmo né?

- Sim, assim que eu sair do consultório.

Então ela concordou e saiu para trabalhar, eu estava de atestado então não fui para o meu trabalho, fiquei na sua casa, deitada em sua cama, esperando uma intervenção divina. Havia lembrado por tudo que eu passei em casa, na minha saúde, trabalho e relacionamento e de como eu aguentei tudo isso com perseverança, e que isso seria apenas mais uma luta que eu teria que enfrentar, mas querendo ou não, aquilo me entristeceu, não queria deixar a Marisol sozinha, não queria deixar a minha família mesmo eles sendo um bando de preconceituosos, eu tenho a vida toda pela frente e nem a faculdade eu comecei. Esse não era o final que eu estava esperando. Ainda não consegui chorar, meu Deus! Será que eu sou tão fria ao ponto de eu não conseguir chorar?

Fui arrumar a casa da Marisol e fazer o almoço antes dela chegar, ela iria almoçar na sua casa hoje antes de ir para minha escola a noite, então depois que eu preparei tudo eu voltei a me deitar e acabei adormecendo. Quando acordei ela estava deitada do meu lado, acariciando meu cabelo.

- Acordou princesa?

- Que horas são?

- 15:30

- Nossa, dormi demais... a noite não vou ter sono

- Como você está?

- Psicologicamente bem, mas fisicamente doente, que coisa né?

- Olha para mim, não quero que se deprima, você é uma pessoa tão disposta, estou assustada com o fato de você ter dormido a tarde. Não é do seu feitio, quero que se levante e que vá fazer alguma coisa que goste.

- Ah não, hoje não... to meio cansada e ainda to com sono, mas amanhã eu faço. Porque você não dorme antes de ir para a escola?

- Victoria, para com isso! Levanta e vai ser jovem... Sou mais velha que você e tenho mais disposição!

- Hoje não, estou meio cansada, amanhã eu vou! Só preciso voltar com as minhas atividades, mas ainda estou de atestado.

- Concordo, mas assim que acabar seu atestado. Quero você bem-disposta!

- Tudo bem, deita aqui! – Então ela se deitou nos meus braços, se aconchegou no meu peito e adormeceu...

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