Por onde andei

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Mais um  dia começa e eu tenho a impressão de que não vai ser um dos melhores... hoje não fui trabalhar pois tinha um exame, então fiquei em casa o dia todo com a minha mãe pois ela tinha que me acompanhar. No começo estávamos bem, mas a minha mãe é uma pessoa muito estável, ela muda de humor muito rápido, foi quando começamos a discutir:

​- Sabia que você não é uma pessoa confiável? Só anda com quem não presta, não tem temor a Deus, anda com sapatão, me responde, quando fica ansiosa come tudo pela frente... você me da nojo. Vou falar tudo com o seu Pastor, você precisa de um jeito na sua vida.

​- ​Vai falar o que? Que eu minto, que eu gosto de mulher, que eu te responder...? Mas aproveita que você vai estar com ele e fala sobre seus estresse continuo, sobre como você não respeita seu marido e nem suas filhas, da sua boca suja, dos meus fracassos que você joga na minha cara, das suas pragas que você joga contra mim,... esqueci alguma coisa? Ahh, não esquece de falar do ódio que você tem por mim, apenas pelo fato de eu ser lésbica.

​Naquele momento meu ódio era tanto que falei tudo que estava engasgado

- ​Sua ingrata! Eu faço tudo por você... você não sabe o ódio que eu estou, tenho vontade de cortar sua garganta, você não me irrita que eu te quebro com o ódio que vc ta fazendo eu passar... Você é um lixo, burra, feia, gorda... você só acha que é lésbica porque nenhum homem te quis... mas isso vc não é não, não aceito uma filha assim!

​- Mas eu sou e você não pode mudar isso, vai fazer o que então? Me colocar pra fora de casa?

​- É exatamente isso que eu vou fazer, sai daqui agora! não quero mais você perto de mim nem dos seus irmãos. Você esta endemoniada, precisa ir pra igreja se liberta, mas não cmg... eu quero que vc saia ainda hoje.

​Na hora em que ela falou isso subiu uma raiva, que na mesma hora eu subi para o meu quarto, arrumei minha bolsa, coloquei o que eu ia precisar sem falar absolutamente nada.

- ​eu só quero que você saiba, que a partir do momento em que eu sair daquela porta, você não me vera mais.

- ​Assim Espero

​Estava frio e chovendo, e eu não tinha nem um real para pegar um ônibus e agora? Para onde eu vou.. não tenho amigas, tenho vários colegas, mas aquelas amizades pra qualquer hora eu tinha apenas 3, mas elas moram longe de mim... Então resolvi andar sem rumo... quando me dei conta eu estava em frente a casa da Marisol, sentada na calçada do outro lado da rua... naquele momento acendi um cigarro, que foi quando ela chegou:

- Oi, o que faz aqui a esse horário? e o que é isso ai? - Naquele momento ela tirou o cigarro da minha boca e jogou no chão

- ​Oi, eu estou sentada ué.. Não esta vendo? Porque você fez isso, eu fumo quando estou nervosa...

​- ​E porque você está nervosa?

​- Não é nada demais, só estava andando e por coincidência parei aqui, algum problema?

​- O que aconteceu viih?

​- O que aconteceu? Eu simplesmente sou lésbica, fui expulsa de casa por causa disso, não tenho para onde ir, ai eu penso em fumar um cigarro para relaxar pra não falar besteira e aparece a mulher que eu amo a quase um ano mas eu não posso ficar com ela, pois ela é minha professora... Satisfeita? - Na hora que eu disse tudo isso, eu desmoronei e comecei a chorar.

​Então, com toda calma do mundo ela me abraçou, me levando em direção a sua casa... Chegando lá dentro eu pude observar o quanto era organizado, moveis planejados e tudo tão limpo, quando vejo uma senhora se aproximando:

- Mãe, essa daqui é a Victoria, ela é uma das minhas alunas, mas é a única que sabe ser engraçada e brilhante ao mesmo tempo... Victoria, essa é a minha mãe, Maria!

- É um prazer conhecer a senhora, sua filha é uma excelente pessoa, além de ser uma ótima professora. – Disse isso com um sorriso no rosto, como se nada tivesse acontecido, mas vejo a reação da Marisol que parece satisfeita com o meu desemprenho

- O prazer é todo meu, sinta-se à vontade!

Muito adorável a mãe dela, me senti em paz ao ouvir sua voz, com uma mansidão incrível... Então Marisol resolveu me mostrar a casa, que era muito grande apenas para ela e a mãe, mas até então... chegamos em seu quarto, suíte na verdade... ele era lindo, organizado e muito muito limpo... sua cama de casal com um lençol azul me encantou, tudo ali tinha o seu perfume, era maravilhoso... a cada respiração eu sentia como se a minha mente recriasse todos os momentos que estive com ela.

- Vou trazer sua janta no quarto, fica a vontade... você deve estar cansada, deite-se um pouco.

- Estou sem fome, mas obrigada...

- Não perguntei se tinha fome, você vai comer.

- Mas eu não...

- Shiiu

- Ma...

- Não fala nada, já disse e pronto!

- Não estamos na escola, aqui você é a Marisol pessoa e não professora... então não fique mandando pq você sabe que eu não vou obedecer.

- Eu sei que não... – Ela deu um sorriso sarcástico que me arrepiou toda

Depois de alguns minutos ela chegou com a comida. O cheiro era ótimo, mas eu realmente estava sem fome.

- Quer conversar sobre isso?

- Agora não...

- Ok, você não vai comer?

- Estou sem fome, aconteceu tanta coisa para um dia só... ainda estou tentando digerir tudo

- Sua mãe sabe que está aqui?

- Ela nem sabe que tenho seu endereço... mas eu preciso ir, obrigada por tudo! Agradeça sua mãe por mim.

- Você tem para onde ir?

- Hum... tenho, logico que sim. Porque eu não teria?

- Você não tem, você não sabe nem mentir. Dorme aqui essa noite, não posso deixar você andando sozinha por aí...

- Não quero atrapalhar, deixa que eu cuido disso...

- Não, dorme aqui... ou eu ligo para sua casa falando aonde você está.

- Ok ok,, eu fico... mas só hoje!

Subiu o frio na barriga, meu Deus... eu vou dormir na casa dela! Eu não estou acreditando nisso... mas o que me preocupa é sobre o desabafo. Minha mãe ainda não havia me ligado... pelo jeito não se arrependeu do que fez...

Percebi que ela não fazia uma cama extra para mim, quando a olhei ela estava deslumbrante em um pijama vermelho, combinava com ela, senti cada parte do meu corpo vibrar ao vê-la... até que ela se deitou na cama e disse que estava frio demais para eu dormir em um colchão no chão, então pediu para que eu dormisse no seu lado. Então assim fiz...

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