Capítulo 5: a residência do professor Leandro Félix

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A equipe de investigação criminal do município de Garopaba conseguiu um mandado de busca e apreensão na residência do professor Leandro Félix, desaparecido há dois dias na trilha da Pedra Branca. Logo que o chaveiro conseguiu destravar o tambor da fechadura, Delegado Guimarães, Sargento Nogueira e os outros dois peritos entraram no pequeno sobrado com vista para a Lagoa das Capivaras.

Era uma residência simples, porém bem equipada, com eletrodomésticos e eletrônicos de última tecnologia. A Smart TV de 50 polegadas disputava o espaço com pôsteres de filmes de ficção científica, como "Contatos Imediatos de 3º Grau" e "2001 – Uma Odisseia no Espaço". As prateleiras bagunçadas estavam repletas de apostilas, revistas e livros. "As Digitais dos Deuses", "Eram os Deuses Astronautas" e "Fenômeno UFO" se mostravam alguns dos títulos literários em destaque.

- Quem diria, um professor de Biologia caçador de OVNIs! – comentou o Sargento, mais curioso do que desapontado. – Vou morrer de velho antes de ver tudo...

- Então, veja o que encontrei aqui! – chamou-lhe a atenção o delegado.

Sargento Nogueira se aproximou da escrivaninha em que estavam expostos vários mapas topográficos de elevações nos arredores. Na praia da Barra, um "X" riscava o topo da península, onde jazia um grande Sambaqui. No morro da Vigia, a mesma marca indicava o mirante em seu ápice. Na Encantada, uma linha de caneta riscava desde a trilha principal até o topo da Pedra Branca, o local do desaparecimento do professor Félix. Ao lado dos mapas, uma caderneta com anotações foi encontrada aberta, próxima ao cinzeiro cheio de bitucas de cigarro.

- Vejo que havia alguém mais ansioso por aqui! – comentou o sargento, direcionando um olhar provocativo.

- Se não fosse meu amigo, eu te faria comer esse cinzeiro! – Guimarães proferiu, sem esconder a irritação.

Ele pegou a caderneta e começou a folheá-la. Havia anotações de pesquisas bibliográficas sobre avistamentos de OVNIs em todo o Brasil, com destaque para a zona Atlântica de Santa Catarina. Rascunhos a lápis representavam rostos de supostos seres não humanos, com corpos magros e alongados, além de grandes olhos pretos. Um deles apresentava feições reptilianas.

Nas últimas páginas, estavam escritos comentários sobre lugares e horários:

"23 de Agosto: contato de avistamento no Sambaqui da Barra, às 18h15min. 1 ponto de luz em deslocamento vertical.

28 de Agosto: contato de avistamento no morro da Vigia, às 18h30min. 2 halos de luz em deslocamento horizontal opostos.

02 de Setembro: primeiro contato de rádio, às 19h. Pulsos sonoros de alta e baixa frequências intercalados e aparentemente aleatórios.

07 de Setembro: contato de rádio, às 19h15min. Impulsos sonoros traduzidos em código Morse: "Envie marco de encontro".

12 de Setembro: responder ao contato de rádio às 19h30min, usando código Morse "Encontre marco 686 às 19h45min".

12 de Setembro foi a fatídica noite em que o Professor Leandro Félix desapareceu.

Delegado Guimarães não conteve seu cacoete e, mais uma vez, passou a mão sobre a barba que já cobria grande parte do seu rosto. Em silêncio, ficou ponderando sobre tudo aquilo: os fatos que viu e as testemunhas que ouviu. Tinha convicção de que um crime estava sendo ocultado. Havia contradições nos relatos e aquela história fantástica sobre luzes, OVNIs e ladrões de corpos parecia muito mal contada.

O caso em questão se constituía num crime passional ofuscado por uma aventura ufológica, ou seria ao contrário? Ainda faltavam algumas peças para concluir aquele quebra-cabeças criminal.

- Você entrou em contato com a aeronáutica?

- Consegui falar com o almirante hoje de manhã. Ele me afirmou, categoricamente, que não fazem movimentos de treino militar há mais de dois meses nesta região. A princípio, temos que descartar a possibilidade de serem caças do exército brasileiro.

- Alguma nave clandestina ou estrangeira?

- Pouco provável, pois teriam captado pelos radares.

Voltando à estaca zero das luzes, o delegado e os demais peritos vasculharam minuciosamente cada aposento da residência em busca de mais evidências. Alguns momentos depois, o celular de Sargento Nogueira tocou. Ele interrompeu a busca para atender, direcionando-se para Guimarães, logo em seguida:

- Chegaram os resultados dos exames toxicológicos das testemunhas e, também, dos testes de DNA do material encontrado no preservativo e do sangue na garrafa!

- Então vamos! Temos que desvendar de uma vez esse mistério.

Guimarães e Nogueira deixaram os peritos concluírem a busca e seguiram com o carro oficial em direção ao laboratório de análises clínicas, genéticas e toxicológicas de Tubarão.

Enquanto apreciava a paisagem da estrada BR 101, ao atravessar a ponte Anita Garibaldi, a mente do delegado explorou diferentes hipóteses possíveis para explicar aquele caso. Ele intuiu que havia uma resposta coerente que mais se encaixava com as evidências encontradas na trilha. Naquele momento, ele precisava de uma confirmação genética da sua suposição.

Ao entrarem no laboratório, uma mulher de jaleco branco e um coque amarrado na cabeça os recebeu e convidou-os a se sentar em frente à mesa. A bioquímica responsável pelas análises se aproximou com um envelope branco em uma das mãos, oferecendo a outra em cumprimento. Após as formalidades, ajeitou o óculos e puxou um maço pequeno de folhas com os resultados dos exames solicitados pela equipe de investigação criminal de Garopaba.

- Dra., apreciaríamos se nos fizesse uma síntese objetiva dos resultados das análises. Espero que compreenda! – começou o delegado.

- Pois não, Senhor. – ela se adiantou antes que ele terminasse e organizou os papéis, começando pelo que estava na frente. – Sobre os exames toxicológicos, mostraram ausência de drogas lícitas ou ilícitas pela testemunha Sofia Peres. Contudo, indicou altos índices de consumo de álcool por Márcio Torres e Júlio Santos.

- O que quer dizer com "altos índices"?

- Que estes dois devem ter tomado, pelo menos, uma garrafa inteira de vodca sozinhos.

Delegado Guimarães concordou com a cabeça, como se aquele fosse um resultado esperado. Porém, o que mais o deixava ansioso era a expectativa pelos exames de DNA.

- E, sobre a identidade do material genético encontrado?

A bioquímica puxou um dos exames que estava embaixo e respondeu:

- O sangue coletado nos fragmentos de vidro pertencem à estudante Potyra da Silva. Já o esperma encontrado dentro do preservativo é compatível com a amostra sanguínea do indivíduo Márcio Torres!

Sargento Nogueira ergueu uma das sobrancelhas, quando o Delegado Guimarães afirmou surpreso:

- Bingo!

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Novas evidências parecem conduzir a investigação para um um ponto de convergência.

Você, leitor, consegue desvendar este mistério? 

Já formulou a sua versão sobre a morte de Potyra e o desaparecimento do professor Leandro Félix?

Acompanhe os próximos capítulos que apresentarão o relato com a última versão da história, o dia do julgamento e a explicação do que realmente aconteceu naquela fatídica noite no topo da Pedra Branca!

Obrigada por acompanhar este suspense Sci Fi! Comente sua opinião e, se curtiu, vote na estrela pra dar aquela força!  ;-)

FENÔMENO OVNI e o caso do professor Leandro FélixOnde histórias criam vida. Descubra agora